Nasci soteropolitano em 1953 no Hospital Português, quando o governador da Bahia era Régis Pacheco, os números telefônicos tinham 4 dígitos, televisão nem se sabia da existência, verdureiro, vassoureiro e baleiro passavam na porta todo dia, as avenidas Contorno e Barros Reis ainda estavam por ser construídas e Salvador era uma metrópole de 420.000 habitantes. Juro que vi e andei de bonde!
Hiltner é um nome alemão, chegado ao Brasil com meu avô paterno no início do século XX. Quarto filho de uma prole de 5, filhos de Alceu Hiltner e Angelica Sinay Neves. Ambos engenheiros, ela foi a primeira engenheira formada no estado da Bahia. Coitada, deve ter sofrido muito numa profissão exclusiva dos homens! Éramos de classe média e meus pais sempre sacrificaram-se pela qualidade da nossa educação escolar. Os bons princípios éticos e morais eram invioláveis.
Aí fui crescendo, estudei na Escola Modelo de Helena Matheus, no Ginásio Escola Nova de Suzana Imbassay e o segundo grau no Antonio Vieira. Deveria ser padre, mas terminei ateu. Ressalto porém, que sou cristão convicto, afinal após tantos anos nesses colégios, tinha que aprender o que é certo. Aos 8 anos aprendi a torcer pelo Vitória. Posso dizer sem errar que sou o baiano vivo que mais assistiu a jogos do Vitória. Houvesse eu dedicado aquelas horas à pesquisa científica em qualquer área, teríamos hoje um Nobel baiano. Mas me deu muitas alegrias! Falcão do Business Bahia que o diga.
Na hora da verdade, com pai, mãe, tia, irmã, irmão e cunhado engenheiros, não deu outra. Engenharia. Excelente aluno que era, passei com facilidade no vestibular e fui um dos poucos selecionados entre 3.000 estudantes para um estágio e posterior carreira na área de TI do banco BANEB. Declinei da oportunidade e até hoje me questiono onde estaria caso optasse por aquele caminho. Talvez não tivesse conhecido minha esposa, Elisabeth Slavick, e meus quatro queridos filhos.
Graduado em engenharia Civil, comecei a trabalhar no escritório de meu irmão onde aprendi muito na área estrutural. Na época, fiz um curso de pós graduação em construção de edifícios na Católica, onde também ensinei construção de edifícios por um período. Minha primeira experiência em construção foi na Construtora Suarez.
Um belo dia, em 1982, meu amigo desde a infância e hoje sócio, Barcino Esteve, me convidou para construirmos um prédio de apartamentos. Não tínhamos capital nem para a compra do terreno. O que havia era vontade, coragem, otimismo, trabalho e até desconhecimento dos riscos. Tudo isso junto e o resultado foi pra nós um grande sucesso. Aquele evento me marcou profundamente porque aprendi os caminhos e percalços para se entregar resultados. Sem contar o ganho de confiança e auto estima. Tornei-me sócio da Barcino Esteve na área de Incorporações, onde ao longo desses anos oferecemos ao mercado imobiliário apartamentos que primam pela qualidade de acabamento e durabilidade.
Deixo aqui um conselho aos menos experientes, o sucesso pelo sucesso pode cobrar um preço que não vale à pena, e é muito importante estar atento à divisão do tempo entre trabalho, família, amigos e a si próprio. O negócio não é viver, é saber viver.
Agradeço aos amigos do Let’s Go Bahia e ao Business Bahia. Forte abraço.