Inicialmente, vou esclarecer uma curiosidade recorrente sobre a origem do meu nome. Meu avô materno nasceu no final do século XIX, no dia 25 de outubro, e, como era costume na Galícia de então, deram-lhe o nome do santo do dia – San Frutos del Duratón – um mártir segoviano do século VII. Daí alguns membros da família terem sido “agraciados” com uma homenagem a este imigrante que, de fato, foi um visionário e grande empreendedor.
Nasci em Salvador há 67 anos, no bairro da Graça, ainda tomado de casas, com pouquíssimos prédios de no máximo três ou quatro andares e a presença do icônico Campo da Graça. Cursei todo o ensino médio no Colégio Militar de Salvador, celeiro de muitas lideranças, entre elas, soube recentemente para minha alegria, nosso amigo Carlos Sérgio Falcão, criador do Business Bahia e membro do Conselho Editorial desta revista.
Na UFBA, estudei Engenharia Mecânica, concluindo em 1980, e, pouco tempo depois, cursei uma Especialização Lato Sensu (hoje MBA) em Organização, Sistemas e Métodos na Escola de Administração. Nessa época, trabalhava na Ultratec Engenharia, empresa do Grupo Ultra, onde já havia estagiado antes de passar pelo CEPED, no projeto da Caraíba Metais. Atuei nas áreas de projeto, construção e montagem industrial até ser transferido, em 1984, para Natal-RN, já casado e com a primeira filha, para iniciar a atuação da recém-criada Ultratec Petróleo em operações de monitoramento e estimulação da produção de poços tanto em terra quanto offshore, após passar por algumas viagens de capacitação nos EUA e no Canadá.
Em Natal, onde nasceram meu filho e a caçula, fiz Mestrado em Engenharia Mecânica na UFRN, concluído em 1988. Gerenciei as bases de operações da Ultratec Petróleo em Natal e em Macaé-RJ, para onde fui em 1990.
Em 1995, num processo de sucessão familiar, uma guinada profissional me fez retornar a Salvador após onze anos, assumindo inicialmente a diretoria administrativa e, posteriormente, desde 2000, a presidência da Frutosdias S.A., empresa criada por meu avô em 1923. Nesses 29 anos transcorridos até agora, passamos por diversas fases, registrando recordes de vendas e faturamento, acompanhando o boom do mercado automobilístico do início dos anos 2000, sempre crescentes até 2012. Nesse período, fomos merecedores de vários prêmios de desempenho e qualidade, tanto da GMB quanto do Banco GM, sempre buscando inovação e diversificação. Investimos na venda de consórcios e seguros, criamos uma locadora de veículos, abrimos filiais e reformamos as lojas, adequando-as ao novo padrão global da marca. Empolgados com o cenário favorável, decidimos investir no mercado de motocicletas, abrindo, em um ano e meio, cinco lojas da marca Yamaha em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Alagoinhas e Simões Filho. Porém, exatamente nesse momento, alavancados, o mercado estagnou e começou a cair a partir de 2013, chegando a registrar, em 2016, um volume total de vendas inferior àquele alcançado nos anos da pandemia. Essa estratégia expansionista, juntamente com fatores externos, nos levou ao pedido de Recuperação Judicial (RJ) em dezembro de 2016. Apesar de todas as restrições de crédito e sanções impostas pela Chevrolet, que nos impediam de competir em igualdade no mercado, resistimos até fevereiro de 2021, quando, através de um acordo, rompemos com a concedente após quase 48 anos de parceria.
Página virada, a ideia era atrair investidores para várias opções que se apresentavam, visando à utilização das nossas amplas instalações. Foi quando começaram, em 2021, as primeiras sondagens em terra na nossa região para estudos relativos ao projeto da ponte Salvador–Itaparica. Procurados para avaliação do nosso imóvel, ficamos sabendo que ele estava incluso numa poligonal considerada de utilidade pública por um decreto editado em 2016, pois ali se situaria a cabeceira e os acessos à ponte. A divulgação de tais fatos frustrou os possíveis investimentos e nos obrigou a alterar a estratégia, fazendo com que alugássemos as áreas de loja para empresas vendedoras de veículos seminovos e continuássemos a operar a oficina mecânica, agora multimarcas. Mantemos essa situação até hoje, aguardando uma eventual desapropriação e indenização justa da área.
Mas a vida não para e, pelo menos nos últimos vinte e cinco anos, um hobby me acompanhou: corridas de rua. Participei de muitas em Salvador, Aracaju, Rio, São Paulo, nas tradicionais São Silvestre e Volta da Pampulha, além de muitas meias-maratonas e provas de 25 km em SP, Lisboa, Berlim, Genebra e nas maratonas do Rio e Nova York. Recentemente, recomendado a não mais correr devido aos danos nos joelhos, continuo me exercitando e buscando algo novo além da musculação.
Diante da nova realidade das empresas e da mudança de hábitos de horários e formas de trabalho provocados pela pandemia, a ideia de uma recolocação no mercado começou a rondar a minha cabeça. Após vários contatos, surgiu a oportunidade de ocupar a Gerência da Unidade de Gestão Estratégica no SEBRAE-BA a partir de fevereiro de 2023, entidade com propósito inspirador, da qual já havia sido conselheiro entre os anos de 2012 e 2015, representando a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas, assim como mentor de empresas no programa Scale-up desde 2019.
Ao citar a FCDL, da qual fui vice-presidente entre 2012 e 2015, lembrei-me de outra característica minha: a crença na participação associativa como prática da boa política em defesa dos interesses da classe à qual pertencemos e da sociedade como um todo. Assim, fui também diretor regional e vice-presidente nacional por quatro mandatos da Associação Brasileira de Concessionários Chevrolet (ABRAC), diretor e vice-presidente do Sindicato dos Distribuidores de Veículos do Estado da Bahia (SINCODIVE), diretor de tecnologia, vice-presidente e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL), de onde sou conselheiro nato. Ainda estou como diretor da plenária da Associação Comercial da Bahia (ACB) desde 2009 e diretor da FECOMERCIO-BA desde 2022.
Visando à atualização constante e buscando entender o encadeamento produtivo para as micro e pequenas empresas no setor de energia, iniciei em 2023 e acabo de concluir no SENAI-CIMATEC o MBI (Innovation) em Hidrogênio Verde. Além da certificação Lato Sensu principal, obtive as seguintes suplementares: Mindset para Inovação, Processos Industriais e Segurança, e Aperfeiçoamento em Gestão de H2 Verde.
Recordar todas essas passagens aqui não tem a finalidade de envaidecimento, mas sim para lembrar que, para cada conquista e vitória, houve meses de treinos, muitas horas de estudos, vários dias de preparação e privação do convívio com familiares. Assim como, para cada insucesso, vieram tristeza, decepção, sentimento de derrota e arrependimento. Mas, como li em algum lugar, “não há sucesso definitivo nem fracasso fatal. O importante é sempre ter coragem para continuar”.