Novidade: Chef Pimenta assume o comando do SP20 Restolounge
Foto: Divulgação Coisa boa! O tradicional SP20 Restolounge, na Pituba, está sob novo comando. O chef Everaldo Pimenta, com mais de 25 anos de experiência na g...
João Gomes
É verão na Bahia e o sol resplandece majestosamente. O mar cintila, o vai e vem de pessoas é intenso: carros, motos, aviões, metrô, bicicletas e muitos pedestres. Sente-se no ar o cheiro do acarajé e o clima das festas. Sempre fui um admirador dessa natureza social, cultural, física e metafísica que nos envolve.
Sou o quarto, de uma família de 5 filhos, de origem bastante modesta. Morávamos no bairro do Bonfim, na rua que fica ao lado da Colina Sagrada (na parte baixa). Fase de fundamental importância na forja de minha personalidade.
Minha casa era muito simples, antiga e com poucos recursos que poderiam tornar a vida mais leve. O que nos faltava em termos materiais tínhamos em amor, amizade e fraternidade familiar. O entendimento de que o Amor supera dificuldades é o primeiro registro que carrego na minha formação.
Lembro de uma infância boa, com liberdade de caminhar e circular no bairro sem maiores riscos ou medos. Estudei em escolas públicas próximas de casa. A minha fase de adolescência foi bastante restritiva por provações de saúde sucessivas. Cheguei a ser desenganado aos 14 anos depois que contraí uma meningite asséptica que me fez permanecer por cerca de 30 dias internado em isolamento no Hospital das Clínicas. Por conta da fragilidade física e ficar muito tempo em casa eu era sempre encarregado por minha mãe a quase que diariamente ir a algum vizinho levar um pedaço de bolo ou alimentos (o mesmo com um senhor idoso mendigo que passava para pegar seu café da noite). Minha mãe era de uma generosidade e simplicidade sem igual. Apesar de não gostar da incumbência eu não sabia que já estava aprendendo sobre Generosidade e Caridade. Esses aprendizados desenvolveram no meu interior um genuíno apreço por projetos e ações sociais. Estando fora das conversas e dinâmicas de minha geração, aprendi muito com pessoas mais velhas e sábias. Passei a entender em outra dimensão o valor das tradições culturais, do diálogo geracional, economia doméstica, fé e religiosidade.
Nesse tempo, éramos contemporâneos de Irmã Dulce que circulava pela região. Meus pais a chamavam de Santinha. Que imagem de força e fragilidade. E as filas permanentes de pessoas necessitadas. A religiosidade permeava meu entorno. A trezena de Santo Antônio em casa era certeira. Todos os dias também tinha oração na varanda de onde víamos a lateral da Igreja. A casa em frente à nossa era um terreiro que tocava para as divindades e tinham festas e fogos. Tínhamos máximo respeito e cordialidade com Sr Rui, o pai de santo. Por vezes íamos espiar as festas e eu sempre era chamado para comer caruru. E tinha ainda a Lavagem do Bonfim que era o apogeu das férias de verão. A mescla das religiões temperavam nossos dias, vendo uma freira benevolente; o Jesus crucificado sendo chamado de Oxalá; o pai de santo e tudo junto sem hostilidade e com muito respeito. O respeito ao sagrado era sagrado e indiscutível em casa. Esse um aprendizado essecial.
O tempo foi passando e por cota social consegui fazer um curso preparatório para o vestibular bastante concorrido da Escola Técnica Federal. Não tinha bom preparo físico e era desajeitado. Eu ia muito à uma biblioteca municipal no bairro da Madragoa. Minha adolescência não foi marcada por festas ou experiências mais comuns da fase. Fiz o vestibular, passei e meu mundo mudou muito. Sairia do perímetro bucólico de Itapagipe e entraria numa realidade de muita liberdade, de outros conhecimentos e de atividades políticas (fui membro do grêmio estudantil). Mas, no meio do caminho tinha uma pedra, ops! o Exército me pegou. Aos 17 anos ao fazer o processo do alistamento militar, mesmo muito magro, com o corpo marcado pelas fortes chagas da catapora eles me escolheram. Dali já embarquei em um caminhão militar direto para o 19º BC (“lugar onde o filho chora e a mãe não vê”). Parei de estudar por 1 ano para prestar o serviço militar obrigatório. Por lá passei por muitas situações físicas e psicológicas muito fortes. Essa experiência ampliou meu entendimento sobre a dignidade humana e dos trabalhos mais simples; a importância da liberdade de expressão e o quanto é ruim a opressão; aprendi sobre disciplina e respeito na dose adequada, entendendo inclusive que cargo e poder podem estar nas mãos dos indignos e, exceto por algo que esteja fora do nosso alcance, podemos e devemos mudar nossas rotas. Consegui sair do Exército como um soldado condecorado alguns dias antes de completar 1 ano de serviço.
Voltei para a escola, formei-me em técnico em eletrônica. Comecei a estagiar na Telebahia (como MOT e depois efetivado) aos 21 anos e aos 22 ocupei meu primeiro cargo de liderança. Daí para frente praticamente fui sucessivamente ocupando posições de liderança nas empresas por onde passei. Aos 25 anos estava casado e aos 26 já era pai. Me formei em Administração de Empresas aos 28 anos já com meus dois filhos presentes na colação de grau.
Trabalhava durante o dia e fazia faculdade à noite. Fiz pós graduações (Marketing e Empreendedorismo de Negócios) e muitos cursos que eram disponibilizados. Cerca de 10 anos depois na empresa, já tendo participado do lançamento da telefonia celular e sido Gerente de Atendimento e Vendas; Gerente do Marketing e Assessor de Planejamento fui convidado (e aceitei) ir para a TV Bahia com o desafio de estruturar as operações da empresa em São Paulo. Na TV Bahia/Rede Bahia, já o maior grupo de comunicação do N/NE, ocupei vários cargos. Fui Gerente de Marketing (das 14 empresas e do corporativo), da Programação das TVs e do IACM e depois Diretor Executivo de Marketing, Rádios, Internet e Entretenimento. Após 12 anos de casa saí assumir para o desafio de ser Diretor Global de Marketing na Braskem em São Paulo. Nessa ocasião reposicionei a comunicação da empresa, realizei a inauguração da planta de plástico verde e lancei o selo I´m Green. Em menos de 1 ano recebi o convite da TV Bahia para retornar e voltei.
Esse novo desafio na Rede Bahia durou 9 anos. Assumi a Diretoria Executiva de Televisão e foi uma jornada intensa e de muito conhecimento, inovação e crescimento. Nesse tempo na mídia muitas das ações voltadas para valorizar a cultura, a identidade e o social estiveram presentes em diversas iniciativas. Um belo trabalho em equipe e com propósitos e compromissos fundamentados.
Alcançamos e superamos metas, margens e resultados. Já no último ano desafios maiores na economia e na audiência se apresentavam. Foi em agosto de 2019, de forma construída e em comum acordo, que encerrei o ciclo na Rede Bahia e cumpri com exatidão os termos do no compete retornando à atividade profissional em Setembro de 2020 como Sócio Diretor da Bem Querer Consultoria.
Já na época da pandemia, assumi o cargo de Diretor Geral da Casa Pia de São Joaquim e ajudei a instituição na reforma da imensa e bela sede e de uma nova estrutura escolar permitindo que os eventos sociais retornassem ao espaço. Depois o Sebrae me convidou e passei uma temporada na Gerência do Marketing dessa grandiosa instituição e a convite retornei ao segmento da mídia como Superintendente do Grupo Aratu e lá algumas ações bacanas surgiram dentre elas o troféu O Bem Transforma. De 2023 até o presente ano contribui de forma permanente com a Zum Brazil (empresa referência nacional em eventos corporativos) como Diretor de Novos Negócios. Atualmente retomei a Consultoria Bem Querer e acabo de ingressar na vida acadêmica como professor C-Level pela ESPM. Na minha jornada profissional e pessoal sempre busquei ser um agente colaborativo e voluntário em causas sociais e culturais. Atualmente sou Conselheiro do Instituto de Cegos da Bahia; do Museu Carlos e Margarida Costa Pinto e Vice-Presidente da ABMP, entidade que já presidi.
A vida é supreendentemente uma escola. A cada momento estamos aprendendo. Podemos não entender, mas estamos aprendendo. Nossas escolhas, nossas prioridades e o entendimento que devemos ter sobre as questões. Me sento no banco e preciso tomar notas. Permanecer aprendiz, mas também ser força motriz porque o novo sempre vem e a ancestralidade nunca deixará de existir em nossas sendas pessoais.
Foto: Divulgação Coisa boa! O tradicional SP20 Restolounge, na Pituba, está sob novo comando. O chef Everaldo Pimenta, com mais de 25 anos de experiência na g...
Fotos: Divulgação “Realizar projetos na Bahia é sempre diferente e muito especial. Nesta quarta edição do Origem Week queremos fortalecer ainda mais a ec...
Foto: Divulgação No embalo do mês do Dia Internacion da Mulher e para proporcionar um momento de aprendizado, networking e conexão com mulheres empreende...