Montar uma equipe de gerenciamento de crise é fundamental para recuperar saúde econômico-financeira da empresa
Cândido Sá, advogado especialista em Gestão de Crise
O Brasil está vivendo um momento de crise econômica em virtude da pandemia do Covid-19. Comércio, academias, clínicas e diversos setores estão passando por um processo de reinvenção e preocupação com esta fase terrível que está debilitando a saúde econômico-financeira de todos os tamanhos, das micro a grandes empresas.
O primeiro passo é manter a calma. Sabemos que é difícil, mas com o espírito mais calmo é possível tomar as melhores atitudes. Uma delas é contar com uma equipe de gerenciamento de crise dentro da empresa.
Um grupo de gerenciamento de crise eficaz tem as presenças do advogado e do contador da empresa. São eles que vão analisar as questões e nortear qual caminho seguir para melhorar a saúde financeira do negócio.
É preciso analisar contratos e estabelecer prioridades. Muitas vezes, os problemas podem ser resolvidos ou contornados através da gestão do passivo e dos contratos. A partir daí, serão criadas estratégias para utilização dos parcos recursos que existem.
Nesse momento, é indicado que o empresário saia da linha de frente e deixe a cargo de profissionais do gerenciamento de crise credenciados para fazer renegociação de dívidas, por exemplo. Assim, o empresário não se envolve de forma emocional. É importante ressaltar que ele deve criar um valor máximo para ser negociado com os credores.
Existe uma quantidade de engenharias jurídicas atualmente no país, dentre elas a nova Lei de Recuperação Judicial e Falências (lei 14.112/20), em vigor desde janeiro, que pode evitar ao máximo a falência de uma empresa.
Dentre as novidades da lei, principalmente ao que tange a Recuperação Judicial, é possível à empresa firmar contratos de financiamentos, as dívidas, que podem ser parceladas em até 120 meses, ficam congeladas por até 180 dias, dentre outras questões mais técnicas.
Entretanto, renegociar as dívidas e buscar conciliação com os devedores é muito mais vantajoso não apenas para a empresa se reerguer mais rápido, mas também por ser menos oneroso.
Abusividade e tributos
Muitos dos contratos que tiram a tranquilidade do empresário contêm cláusulas abusivas. Infelizmente, é algo muito comum em nosso país, principalmente envolvendo bancos – instituições que têm relação com qualquer empresário -, mas nossa experiência profissional aponta claramente que a judicialização anula essa abusividade.
Outra questão que aflige o empresário brasileiro é a alta carga tributária aplicada no país. Só uma redução de tributos pode salvar a economia. Os empresários não aguentam mais pagar tantos impostos e nada lucrar. Isso destrói o equilíbrio do próprio sistema capitalista.
Sou um otimista por natureza e acredito que vamos todos sair dessa situação causada pela pandemia do Covid-19. Mas é preciso contar com os melhores profissionais para gerenciar a crise e fazer a economia do país voltar a girar.