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A moda que veste todos os corpos com dignidade e estilo

Roupas adaptadas ganham espaço no mercado e mostram que inclusão também passa pelo espelho e pelo direito de se sentir bonito como se é

A moda que veste todos os corpos com dignidade e estilo
Jacson Gonçalves

Jacson Gonçalves

03/07/2025 4:45pm

Foto: Divulgação/Tommy Hilfiger Adaptive

Por muito tempo, pessoas com deficiência foram ignoradas pelo universo da moda. Modelagens limitadas, tecidos desconfortáveis, fechamentos inacessíveis e, sobretudo, o apagamento estético de corpos que fogem do padrão reforçaram por décadas a ideia equivocada de que estilo não era para todos. Mas essa realidade começa, aos poucos, a mudar — e com o selo da criatividade brasileira.

Entre as marcas pioneiras, a Equal Moda Inclusiva, da estilista Silvana Louro, desenvolve roupas com etiquetas em braille, cortes anatômicos e versões adaptadas que não perdem o estilo. Já a parceria da grife Reserva com a iniciativa Adapt& criou peças com zíperes laterais, velcros no lugar de botões e caimentos ideais para quem usa cadeira de rodas, permitindo que o vestir seja um ato de autonomia, e não de dependência.

Marcas independentes também vêm ganhando espaço nesse movimento. A goiana Adaptwear, por exemplo, foca em roupas funcionais com ajustes personalizados. Já a Aria, da estilista Drika Valério, trabalha com cortes que facilitam o vestir e o despir, sem abrir mão da identidade de quem usa. A curitibana Tico e Tica aposta em camisas sensoriais, voltadas especialmente para pessoas autistas, com tecidos suaves e ausência de etiquetas. E a marca Lado B, uma das primeiras do país, segue firme com tênis adaptados, roupas inclusivas e design ousado.

Mais do que tendência, a moda inclusiva é uma mudança de mentalidade. É sobre entender que estilo e acessibilidade podem — e devem — andar lado a lado. Porque não existe liberdade sem o direito de escolher o que vestir. E isso, definitivamente, é para todos.