Colunas

Família, saúde, amor, persistência, inovação, sustentabilidade, determinação e constância são alguns dos princípios que me norteiam.

Conheça a trajetória do empresário Loyola Neto, sob o comando de empresas na área têxtil com foco em sustentabilidade

Família, saúde, amor, persistência, inovação, sustentabilidade, determinação e constância são alguns dos princípios que me norteiam.
Coluna Business Bahia

Coluna Business Bahia

28/07/2024 1:00pm

Nasci em Ilhéus e cresci em Ubaitaba, onde fui um aluno exemplar de escola pública. Minha maior referência era minha mãe, professora de português e uma mulher à frente de seu tempo. Meu pai, um empreendedor visionário e proprietário de uma farmácia, possuía uma sabedoria singular e sempre foi capaz de enxergar diversos horizontes. Com sua generosidade e visão de futuro, ele me colocou para ser caixa na farmácia aos oito anos de idade, devido ao meu destaque em matemática.

Certa vez, o caixa da farmácia fechou com uma diferença negativa de 150 reais, e meu pai explicou que eu deveria cobrir esse valor, que correspondia à metade da minha bonificação, já que eu “trabalhava” meio período e ganhava metade do equivalente a um salário mínimo, na época 600 reais. Para resolver o problema, recortei algumas cartelas de comprimidos comuns, como Anador, Doril, Dorflex e Coristina D, e passei a conferir o caixa de hora em hora. Cada vez que havia uma pequena diferença, eu dava o troco em comprimidos para diminuir a discrepância. Meu pai se tornou um dos maiores vendedores de comprimidos do sul da Bahia, não apenas pelas diferenças no caixa, mas pela prática de venda.

Aos 14 anos, saí de Ubaitaba e passei um ano estudando em um colégio de referência em Itabuna. Aos 15, mudei-me para Salvador e, para complementar a minha renda, dava aulas de matemática, química e física, valor passado pelo meu pai para aprimorar a minha independência. Aos 17, ingressei na faculdade para cursar engenharia química. Nessa época, conheci um amigo que vendia camisetas nos cursos de informática e inglês, e, ao descobrir os números, decidimos vender para a turma de engenharia também. Assim nasceu a Loygus, minha primeira empresa, que rapidamente se tornou uma das maiores confecções de mortalhas (nome dado às fantasias de carnaval, posteriormente chamadas de abadás).

Inovamos o mercado ao entregar o layout impresso, algo que ninguém fazia naquele momento, e até estampamos uma matéria no The New York Times. Após oito anos, enfrentamos nosso primeiro grande desafio quando praticamente quebramos, e eu precisei assumir o negócio sozinho. Hoje, com quase 30 anos de atuação, a Loygus segue sendo uma referência, mas algo mudou em mim.

A indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo, e eu estava incomodado com o foco apenas no lucro. Desenvolvi soluções disruptivas para o reaproveitamento de resíduos dessa indústria e, em 2018, recebi o Prêmio FIEB de Sustentabilidade. Participei de um programa de aceleração em 2019 e, nesse ano, nasceu a startup Ecoloy. Como minha indústria era muito focada no setor de entretenimento, com 70% do faturamento vindo dele, a pandemia foi um período extremamente difícil.

Durante a pandemia, percebi a necessidade de recalcular a rota. Seguimos inovando e fomos a primeira indústria a produzir máscaras sociais, chamadas de “Máscara do Bem”, que foram doadas para a população mais vulnerável durante toda a pandemia, incluindo idosos, crianças e pessoas em tratamento de câncer, em Salvador e região metropolitana. Foi um trabalho extremamente gratificante, mas eu sabia que podia fazer mais. Foi então que tive a ideia revolucionária de desenvolver uma máscara para ar-condicionado. Junto ao Senai Cimatec, comecei minha jornada empreendedora e inovadora com base tecnológica e científica. Assim nasceu a Salvar, uma startup que desenvolveu um equipamento de proteção coletiva que se acopla ao ar-condicionado e elimina 99,99% dos vírus e até 70% dos fungos.

A Salvar decolou, recebendo diversas premiações e sendo eleita uma das três melhores soluções na pandemia pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Marcos Pontes, nosso garoto-propaganda, elevou nossa solução a níveis inesperados, e o ministro de Ciência e Tecnologia da época investiu na startup.

Com a Salvar bem estabelecida, concentrei todas as minhas forças e energia na Ecoloy, uma startup que tende a revolucionar o setor têxtil, trazendo soluções disruptivas que transformam os resíduos da indústria têxtil em oportunidades, cuidando do planeta e das pessoas. Com quase 28 anos de experiência no setor, sempre busquei essas soluções.

Em 2023, a Ecoloy recebeu o Prêmio de Indústria Sustentável, e uma de nossas soluções, a Ecobaggy, venceu o Prêmio Nacional de Inovação, do SESI e CNI, junto com a BMD Têxteis. O projeto nasceu no edital Cidades Zero Carbono, uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, com o Senai Nacional, SENAI Cimatec e a Katapult, aceleradora inglesa. A Ecobaggy é uma revolução no mercado. Feita 100% de resíduos têxteis, suporta até 30 quilos, dura em média 5 anos e foi homologada e certificada pelo Senai Cimatec. Uma revolução no mercado e mais uma solução para a indústria têxtil. Hoje, a Loygus, a Ecoloy, a Salvar e a DuMar tem o maior orgulho de serem empresas Made In Bahia.

Um dos propósitos que me incentivou a pensar no futuro de forma sustentável foi o nascimento do meu filho. Eu sabia que seria o ídolo dele, assim como meus pais foram para mim. Mas um dia ele descobriria que, da maneira que estava, eu estava contribuindo negativamente para uma causa que afeta o mundo em que ele vive. Se eu puder deixar uma mensagem, é que devemos sempre buscar formas de melhorar o mundo para as futuras gerações, baseadas no amor.