A educação transforma vidas

Meus avós atravessaram o oceano em busca de melhores condições de vida. Como muitos brasileiros, a minha história começa com os meus antepassados, italianos que encontraram neste nosso abençoado país a esperança de dias melhores. Ouvindo a história de luta desses homens e mulheres, fui alicerçando valores de garra, persistência e determinação para que pudesse lutar pela conquista dos meus maiores sonhos.

Em meus pais, Júlio e Carmélia, encontrei a base para a formação do meu caráter: honestidade, retidão, labor e amor.

Cresci sendo uma criança curiosa, que precisava se adaptar constantemente a mudanças de vida, por conta da profissão de meu pai (coletor federal). Éramos uma família quase nômade. Fui um jovem que gostava de jogar bola, sinuca, ouvir música, coisas típicas de adolescentes. Nessa época, estávamos estabelecidos em Santo Antônio de Jesus. Lá surgiu a oportunidade de prestar concurso para o Banco do Brasil, emprego que garantia segurança e estabilidade. Dediquei-me a essa tarefa e fui aprovado no certame, mas para isso precisava mais uma vez mudar-me, agora para tomar posse em Lençóis. Fiz as minhas malas e parti.

Esse não seria o meu primeiro emprego, mas certamente seria o que me daria a possibilidade de ascender pessoal e profissionalmente. E lá se vão mais de 50 anos desde que comecei minha carreira profissional.

Casei-me e novamente mais uma mudança, agora para Salvador. Aos poucos, vinha galgando cargos dentro do Banco e era urgente a necessidade de continuar estudando e fazer a minha primeira graduação. Já era formado em técnico em contabilidade, mas não havia tido oportunidade de fazer uma faculdade. Havia chegado a hora. Durante o dia, trabalhava no banco; à noite, tinha aulas e pelas madrugadas estudava e cuidava dos filhos que ainda eram pequenos e demandavam atenção.

Durante quase 30 anos, trabalhei com afinco e seriedade no Banco do Brasil. Ali convivi com profissionais de grande valor e que se tornaram exemplos para a minha vida. Ao longo desse tempo, estudar sempre foi um imperativo, e por necessidade e desejo realizei diversas pós-graduações.

Tanta dedicação rendeu frutos e aposentei-me como alto executivo no cargo de Superintendente Estadual Adjunto.

Havia cumprido meu papel profissional de forma exemplar. Poderia ter parado por aí, já havia recebido várias homenagens de diversos órgãos, todos em reconhecimento aos meus serviços prestados.

Mas, como meus antepassados, eu sempre quis mais, quis ir em busca dos meus maiores sonhos, empreender e me tornar um empresário de sucesso na área da educação. Educar para mim sempre foi uma missão, que exerci durante muitos anos na Faculdade Olga Mettig. Primeiro como professor, depois como diretor.

Mas a minha alma inquieta e sedenta de desafios queria mais. E dessa inquietude, do desejo de sempre ser mais, de empreender, surgiu a FACEMP, Faculdade de Ciências Empresariais, sediada em Santo Antônio de Jesus, cidade que me acolheu e que carecia de educação superior de qualidade.

O ano era 2002, levamos primeiramente para a cidade o curso de Administração. Em seguida, vieram Ciências Contábeis, Pedagogia, Direito e hoje temos mais de 20 cursos em todas as áreas do conhecimento. Formamos mais de 4.000 alunos e levamos desenvolvimento para toda a região. A educação transforma vidas e digo com orgulho que nossa faculdade mudou a vida de muitas pessoas.

Em 2021, deixamos de ser faculdade para dar mais um passo rumo ao amadurecimento de nossa instituição. Recebemos uma comissão do Ministério da Educação e nos tornamos Centro Universitário de Ciências e Empreendedorismo (UNIFACEMP). Ser Centro nos proporciona prerrogativas muito mais amplas do que uma faculdade.

Este ano, a UNIFACEMP completou 20 anos de existência em maio. Por isso, fomos homenageados na Câmara de Vereadores de Santo Antônio de Jesus e na Acesaj (Associação Comercial de Santo Antônio de Jesus), parceira desde a criação de nossa instituição, pelo trabalho que desenvolvemos na região. Com ela, também recebi muitos reconhecimentos, como o título de cidadão Santo Antoniense, a homenagem como administrador de Instituição de Ensino Superior no Jubileu de Ouro do Sistema do Conselho Federal de Administração (CFA), a Comenda de Honra Anísio Teixeira do Conselho Estadual de Educação da Bahia e o Título de Construtor de Cidadania concedido pela APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) pelo destaque no exercício da presidência.

Ao longo da minha trajetória, alguns questionamentos sempre estiveram presentes: O que estou fazendo de novo? Como posso fazer melhor? Quais são as perspectivas? As respostas transformaram nossa instituição em referência na região. A preocupação com a atualização e a persistência foram instrumentos que impulsionaram minha trajetória de vida profissional e empresarial.

Hoje, aos 74 anos, continuo empreendendo, sempre disposto a examinar e aprender coisas novas. Minha família - esposa, três filhos, genros e noras, juntamente com seis netos - coroam minha existência, completando minha realização como indivíduo.

Posso dizer que venci, realizei meus maiores sonhos, seguindo meu caminho sempre de forma justa e honesta, tendo Deus acima de tudo e o amor pelo que faço como guias do meu caminho.

Carrego sempre comigo, em um papel desbotado pelo tempo, uma passagem de Fernando Sabino: "De tudo ficaram três coisas... A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que é preciso continuar... A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar... Façamos da interrupção um caminho novo... Da queda, um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte. Da procura, um encontro".

Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro!