Vindo dos ares e de todos os cantos que inspiraram Jorge Amado em livros como São Jorge dos Ilhéus, Terras do Sem-Fim e Gabriela Cravo e Canela, perambulei pelos cenários dessas obras magníficas, como o Bar Vesúvio, Bataclan, Porto de Ilhéus e suas calçadas portuguesas no centro histórico.
Natural de Ilhéus, construí minha infância e parte da juventude lá. Na época, jogava bola nos paralelepípedos da Av. 2 de julho, atravessava a baía do pontal a nado, com 12 anos, colhia amêndoas na Av. Soares Lopes e jogava "baba" no Clube Social de Ilhéus.
Cultivei vários amigos que mantenho até hoje e encontro ao menos 3 a 4 vezes ao ano, períodos em que vou a Ilhéus visitar a família.
Em Ilhéus, estudei desde o jardim de infância até a 8ª série no Colégio Afonso de Carvalho e o 1° Científico no Colégio Nossa Senhora da Piedade.
No ano de 1977, vim para Salvador para concluir o 2° grau e me preparar para o Vestibular, e assim começa minha história de luta, foco, disciplina, caráter e honestidade, ensinamentos de meu saudoso pai.
Filho de classe média, não fui herdeiro de cacauicultor e tive que correr atrás dos meus sonhos porque tinha consciência de que a herança que meu pai me deixaria era a educação e o incentivo para os estudos. Sempre tive tudo que uma criança e um adolescente necessitava na época para ser feliz, como excelentes brinquedos, autorama, moto Maxpush, etc. Estudei nas melhores escolas da cidade, ou seja, longe de ser vitimizado, ao contrário, jamais me faltou algo, além de ter o mais importante, o amor dos pais e irmãos.
Chegando em Salvador, morei por alguns anos em pensões, casa de parentes, república (amigos dividiam as despesas de um apartamento).
Dois anos de estudos e conclusão do científico (2° grau) veio o temor de todo estudante, o malfadado vestibular, proporcionalmente desumano na época, chegando alguns cursos a ter concorrência de 500 alunos para uma vaga, diferentemente de hoje, em que há faculdades particulares em cada esquina.
No vestibular, reconheço que fui incoerente nas primeiras escolhas, fiz o primeiro para Odontologia (área da saúde) e Economia (ciência exatas, humanas e políticas), ou seja, nada a ver uma com a outra, demonstrando a insegurança de um jovem em suas escolhas. Passei em Economia e não podia ser diferente, cursei apenas dois anos, quando percebi que nada tinha a ver comigo, que as escolhas tinham sido equivocadas e que eu realmente queria cursar Direito.
Voltei a fazer um ano de cursinho preparatório e prestei vestibular em dezembro de 1982 para Direito, sendo aprovado para cursar na Universidade Federal da Bahia, iniciando a trajetória em fevereiro de 1983.
Em 1984, após um ano de curso, iniciei um estágio no setor jurídico de uma Construtora, que ainda tinha Pedreiras e Agropecuária no grupo.
Convivi e aprendi com vários advogados gabaritados na Bahia que passaram pela Construtora e/ou prestavam consultorias, o que me serviu como um alicerce para enfrentar o dia a dia da advocacia.
No ano de 1985, já fazia audiências na justiça do trabalho, ainda estagiário no papel de advogado, o que antes era permitido, ou podemos dizer, tinha essa flexibilidade. Comecei ainda estagiário a fazer audiências nos Estados da Paraíba (João Pessoa, Campina Grande, Monteiros), Sergipe (Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Estância), Alagoas (Maceió) e Tocantins, já formado nas cidades de Araguaína, Porto Nacional, Gurupi e Palmas.
No ano de 1986, ainda estudante e sempre inquieto, junto com mais três colegas de Faculdade, montamos um Escritório de Advocacia na cidade de Camaçari-BA e chegamos a ajuizar mais de 600 processos trabalhistas. No entanto, o escritório só durou cerca de três anos, sendo fechado após a colação de grau, pois cada um seguiu caminhos diferentes daquele escritório fundado na Faculdade.
Formado, fui contratado como advogado na mesma Construtora em que iniciei meu estágio em 1984. Agora, com carteira assinada, comecei a exercer minha função de advogado, dessa vez com o diploma embaixo do braço. Formado em 1988 e já com experiência de estágio desde 1984, não tive dificuldades em ir conquistando espaço dentro do quadro jurídico da Construtora e das empresas do grupo, sempre pautando-me pela competência e lisura com os colegas.
Nos anos 1990, precisamente em 1993, a Construção Civil passou por uma grave crise e a Construtora reduziu drasticamente o setor jurídico, que inicialmente contava com dez advogados. Depois, passou a ter apenas seis, e nesse período ficamos apenas quatro advogados. Nessa mesma época, eu já estava fazendo contratos de prestação de serviços de advocacia com outras empresas, paralelamente à Construtora onde eu era empregado, buscando aumentar a renda. Para isso, comecei a trabalhar das 6h da manhã até as 20h diariamente.
No mesmo ano de 1993, tive uma ideia e fui conversar com o Diretor Superintendente do Grupo Empresarial em que eu era empregado. Fiz a proposta da empresa encerrar o setor jurídico, demitir todos os advogados e estagiários, e firmar um Contrato de Prestação de Serviços Advocatícios com o meu escritório, Del Rei Advogados e Consultores, que nasceu a partir dessa conversa. Comprometi-me a contratar todos os integrantes do setor jurídico para integrarem o escritório. Somei quanto cada um ganhava na Construtora, incluindo aluguel de sala, condomínio, etc., e fiz a proposta com um valor igual. Como argumento inicial, destaquei a redução que a empresa teria das contribuições sociais de cada um, o recolhimento do FGTS, etc. A proposta foi aceita prontamente, e assim, repito, iniciei a trajetória da Del Rei Advogados e Consultores, que completa 30 anos em agosto de 2023.
Ao longo desses trinta anos, atuamos nas áreas de Direito Empresarial, Direito do Consumidor, Direito Trabalhista e Direito Bancário. Além disso, fiz inúmeros cursos de atualizações em Processo Civil e Direito Civil, tornando-me especialista em Direito Bancário e Direito Empresarial.
Sinto-me realizado com duas filhas maravilhosas, Laís e Vitória, ambas estudaram e se formaram na Universidade Capilano, na cidade de Vancouver, Canadá, onde moram e trabalham.
Meu filho caçula, Gabriel, cursa o ensino fundamental e é piloto de kart. Apesar das adversidades por não estarmos em uma capital voltada para o automobilismo, ele tem talento. Por isso, enfatizo que o estudo é uma obrigação indispensável.
Além de advogado, sou membro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-Ba, vice-presidente da Comissão de Direito Bancário da OAB-Ba e auditor do Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia. Faço desta profissão um eterno aprendizado, pois nunca sabemos o suficiente e sempre procuramos ir além de nossos limites.