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Com fé não costuma falhar

Raymundo Paiva Dantas - administrador

Com fé não costuma falhar
Coluna Business Bahia

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23/07/2023 5:00pm

Certa vez, lendo o Evangelho, percebi que Jesus sempre atribuía seus milagres à fé do beneficiado. Dizia Ele: "Vá em paz; tua fé te salvou." No início do século XX, Henry Ford também dizia: "Se você acha que pode, ou que não pode, em ambos os casos você estará certo." Ou seja, aquilo que sua mente crê, faz acontecer o fato. Aliás, 500 anos AC, Buda afirmava: "Nossa vida é criação de nossa mente." E hoje, os neurocientistas quânticos ensinam: "Sua mente cria a realidade."

Educado na fé cristã, meus pais não esqueceram de desenvolver também a fé em mim mesmo. Fui muito exigido, sob a justificativa de que eu podia muito mais. Aos 4 anos, lia trechos do jornal para meu pai; aos 7, era acordado às cinco da manhã para me exercitar no piano, antes de ir para a escola. Com 9 anos, era aluno de um curso de datilografia e outro de Inglês. Notas abaixo de nove eram vergonhosas. Era o destino de quem tinha pais professores, no tempo em que a educação era levada a sério.

Mas eu era curioso e queria saber de tudo, por isso estudava sem reclamar muito. Gostava de gente e, desenvolvendo liderança, fui Presidente dos grêmios estudantis dos dois colégios religiosos onde estudei (expulso do primeiro por "excesso de independência").

Aos 18 anos, estudante de Economia na UFBA, qualifiquei-me (escondido do meu pai) para estagiário no Centro de Estudos Afro-Orientais. Além de praticar a Economia, aproveitei para estudar Japonês e Ioruba (língua do Candomblé). No ano seguinte, estava trabalhando num Programa de Educação de Adultos da CNBB. Aos 21, era Diretor Estadual desse Programa. Daí, aos 24, assumi a Diretoria Administrativa do Instituto Baiano do Fumo. Deixei a FCEUFBa e resolvi fazer Filosofia na UCSAL, enquanto assumia a Assessoria de Educação pelo Rádio da Secretaria de Educação do Estado.

Gostei de ser professor, ao vivo e através do rádio, mas enquanto estudava, havia assumido Cursos de Comunicação para Diretores e Gerentes da Companhia Energia Elétrica da Bahia. Já era Gerente de Recursos Humanos nessa empresa quando concluí a Universidade. Imediatamente assumi uma cadeira na Filosofia. Tinha então 26 anos recém-completos. No ano seguinte, fui chamado para assumir duas disciplinas na área de RH, na nova Escola de Administração da Católica e pulei para lá.

Os desafios seduziam o moço que eu era. E os enfrentava com fé. Ela não falhava, como advertira cantando Gilberto Gil.


Continuava gostando de Rádio. Meu programa de reflexão após a Ave-Maria na Rádio Excelsior fez sucesso com o público, e as reflexões terminaram se tornando meu primeiro livro. Desde então, mais dez livros se seguiram até o presente. Rádio e livros me levaram à Televisão, onde tive programas dedicados ao público empresarial. Passei pela Bandeirantes, Aratu e Tevê Bahia, onde permaneci mais tempo, com o "Bons Negócios", líder de audiência no horário.

Televisão me lembra nosso querido Carlos Falcão. Eu o conheci quando dava Consultoria a uma grande construtora. Falcão era um menino, mas um brilhante Diretor Financeiro. Impressionado com seu brilho, tentei fazer sua cabeça para que ele fosse fazer carreira em São Paulo. Marquei entrevista para ele na Price Waterhouse da capital paulista. Ele foi, gostou muito, mas preferiu ficar na Bahia. Depois vim encontrá-lo como Presidente do Conselho e representante da holding americana acionista mais que majoritária de uma empresa em que eu era o CEO.

Passou a ser meu chefe então. Tempos depois fui honrado pelo seu convite para defender a candidatura da sua empresa, a Winners, no consagrado prêmio TOP de Marketing, o Oscar do Marketing naqueles tempos. Escrevi os textos de argumentação, a causa era mais que justa, e ganhamos o prêmio. Mais tarde ainda, Falcão, que já estava visualizando um pouco do que queria no futuro, convidou-me para apresentar o programa de TV que tinha o profético nome de "Business Bahia", e o fizemos juntos por um ano inteiro. Essa marca, posteriormente, sairia da TV para entrar na história econômica do nosso Estado.

Falei que dava Consultoria para uma construtora, pois houve um momento em que, ao lado da gestão de empresas de porte, ainda havia tempo para dar aulas, escrever livros, gravar programas de TV, dar consultoria a outras empresas, trabalhar em igrejas e associações religiosas. Tudo junto e ao mesmo tempo. A mente trabalhava e acreditava ser possível. E sempre foi. Fé e foco!

Fui Conselheiro em algumas instituições como o Instituto Euvaldo Lodi, o Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais - INOCOOP, e a Cooperativa de Crédito COPAME, da qual fui fundador e Presidente da Assembleia. Hoje integra a SICOOB Sertão. Participava também ativamente do mercado, na diretoria e até na presidência de algumas de suas associações, como ADVB, ADCE (Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas), ABASE (Associação Baiana de Supermercados), ALOB (Lojistas de Ótica), Associação Comercial da Bahia e outras.

Como gestor, fui Diretor Superintendente de empresas como Feira dos Tecidos, Grupo Teixeira, OKLOS & Cia e Santa Casa de Misericórdia da Bahia. Também fui Presidente da EBAL – Cesta do Povo/CEASA.

Mas certamente fui mais conhecido, porque mais exposto, como Gerente Geral do grupo Paes Mendonça, segundo maior grupo supermercadista do país, que passei a integrar quando tinha apenas 25 lojas e o deixei quando já possuía 150 em vários Estados brasileiros, com 25.000 empregados. Por muitos anos estive à frente de toda a chamada área administrativa, onde se localizavam os Departamentos e/ou Gerências de atividades de apoio, como RH, TI, Marketing e Comunicação, Segurança Patrimonial, Seguros e Riscos, mas também a Central de Hortifrutigrangeiros, Central de Armazenamento de Cargas Secas, Central de Frios e Congelados. Gerência de Operação de Restaurantes, Gerência de Planejamento da Operação (Logística), Gerência de Transportes. Exercia também supervisão sobre a Auditoria Interna e a FRISUBA (Frigorífico Sudoeste da Bahia SA), uma empresa do Grupo.

Fundei a "Nós Publicidade" e a "RDCA – Raymundo Dantas e Consultores Associados". Tive a feliz experiência de dar consultoria a inúmeros ramos, modelos e tamanho de negócios: de farmácias a distribuidoras de bebidas; de Fundações e Institutos até hospitais de grande porte; de shopping centers a empresas de telefonia e até governos estaduais.

Fiz o mestrado em Administração numa universidade espanhola e exerci o magistério em diversas instituições: FTE, Cenid-Una. CESEC-Fecomércio, Instituto de Hospitalidade, SEBRAE, além da Administração e da Filosofia da UCSal. Tenho sido palestrante em inúmeros Congressos, Convenções e eventos diversos.

Tive uma experiência muito interessante, quando decidi ter um pouco mais de tempo para mim e para a família. Mudei-me para a mágica cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, onde terminei criando uma instituição tipo escolar para idosos lúcidos. Ali eles podiam desenvolver artes cênicas, plásticas, dança, memória, cuidados com a saúde, filosofia, história, socio-política, etc. Foram 3 anos de inovação completa, onde aprendi muita coisa. Mas voltei para casa.

Hoje trabalho menos. Mais que tudo, leio e escrevo. Uma Consultoria aqui, um curso dado ali, uma palestra em Congresso acolá; a experiência de, mais que Consultor, um Mentor ou Conselheiro. Isso me vivifica para seguir sempre adiante.

Muitas vezes tive, e ainda tenho, dúvidas sobre a capacidade de enfrentar um ou outro desafio maior que se apresenta. Mas logo me vem à mente a fé em Deus e em mim mesmo, que sempre me levaram à vitória; a dúvida se esvai e sigo em frente. Fé e foco no objetivo: a gente pode o que quiser. Não posso esquecer de dizer que sou homem de oração. Ela me socorre com o poder divino e assim "tudo posso nAquele que me fortalece".

Fico alerta contra a vaidade, a soberba e a ingratidão que cercam todo homem no seu caminhar vitorioso. E lembro então dos momentos difíceis, de batalhas perdidas e de baixas sofridas, que depois foram compensadas pela misericórdia divina, com novos momentos de vitória. E escuto o Mestre sussurrar no meu ouvido: "Siga em paz; tua fé te salvou" e completa: "e salva sempre qualquer homem que a abrace!".