Antes de irmos ao cerne ao qual esta coluna deve chegar, quero, antes de tudo, parabenizar quem lê esta 52ª edição da Let´s Go Bahia. Porque, assim como nós que a produzimos, você conseguiu chegar em 2021. E não foi fácil. Como um jornalista que acompanha os desafios desde o primeiro caso da pandemia aqui em São Paulo, epicentro do coronavírus no Brasil, tenho o dever de reconhecer este feito. O maior já enfrentado pela humanidade nos últimos séculos.
Quando o normal nos abandona, quando o costume deixa de ser praticável, os parâmetros são derrubados. E ficamos sem norte. Sem qualquer bússola que seja. Ao longo desses meses fatídicos, nos vimos diante de um empobrecimento generalizado da rotina, dos relacionamentos, dos hábitos, da vida. A resiliência nos fez buscar um modo de sobreviver à completa dissolução do mundo que conhecemos.
E quando a realidade se torna um fardo quase que insuportável, recorremos à sua antítese. Porque lá as princesas permanecem nas mais altas das torres e os heróis continuam a desbravar batalhas épicas, seja na terra, no espaço ou onde a imaginação do roteirista consiga chegar. A arte deixou de imitar a vida. Passou a idealizá-la.
Para ajudar nessa preciosa válvula de escape, o mundo do streaming no Brasil recebeu um importante reforço. No último dia 17 de novembro, a Disney+ chegou ao país com um catálogo recheado de produções dos estúdios Disney, Lucasfilm, Marvel, Pixar e National Geographic.
Com a nova plataforma disponível, o mercado de entretenimento brasileiro, que já era concorrido – sob a liderança da Netflix –, passa a ser ainda mais disputado. Com o reforço na concorrência, cada produção, catálogo e valor da assinatura são ainda mais cuidadosamente pensados.
Além da retirada de seus títulos de outros serviços, o Disney+ se cercou de medidas para fazer de sua plataforma ainda mais exclusiva e conhecida no país. Desde novembro, a gigante mundial firmou parceria com o Globoplay, do Grupo Globo, e parou de distribuir lançamentos nos formatos DVD e Blu-ray em toda a América Latina. Assim, faz com que, à exceção do cinema, seus conteúdos sejam consumidos estritamente no streaming.
Por mais contraditório que isso possa soar, o Mickey não está para brincadeira. No entanto, a tradição das produções Disney compete com a versatilidade e inovação de linguagens já consagradas pelas pioneiras no segmento digital. A seguir, então, vamos dar uma olhada em alguns títulos que farão frente à Branca de Neve e companhia.
NETFLIX
O GAMBITO DA RAINHA
Mais uma produção original de época impecável da plataforma. A série é adaptada de um romance de mesmo nome. São muitos os seus principais atrativos, mas o que marca é a linguagem visual deslumbrante – com perfeição nos detalhes de figurino, cenografia e continuidade. A série acompanha a história de Elizabeth, prodígio do xadrez, interpretada por Anya Taylor-Joy. Órfã em um tempo machista e com habilidades pouco usuais, a personagem tem suas emoções exploradas de formas bastante profundas. Para assistir, é preciso de tempo. Cada episódio tem cerca de 40 minutos. Mas vale a pena.
THE CROWN - 4ª TEMPORADA
Título que já se tornou um clássico, vencedor do Globo de Ouro, agora chega à década de 1970. A rainha Elizabeth II (Olivia Colman), já uma mulher de meia-idade, se preocupa em proteger a linha de sucessão, garantindo uma noiva – adivinhe quem? – para o príncipe Charles (Josh O’Connor), ainda solteiro aos 30 anos. Já o Reino Unido começa a sentir o impacto das políticas impostas pela também icônica Margaret Thatcher (Gillian Anderson). Tensões surgem entre ela e a rainha, o que só piora à medida que Thatcher leva o país à Guerra das Malvinas.
HBO GO
THE UNDOING
Estrelada por Nicole Kidman, a trama acompanha Grace Sachs, uma terapeuta de sucesso, com um marido dedicado e um filho pequeno que frequenta uma escola particular de elite em Nova Iorque. No entanto, em uma noite, um abismo se abre na vida de Grace: uma morte violenta, um marido desaparecido e no lugar do homem que ela achava que conhecia fica apenas uma sucessão de revelações terríveis. Deixada para trás após essa tragédia pública, e horrorizada por não ter considerado os seus próprios conselhos, Grace se vê obrigada a desfazer a sua vida e criar outra: para o seu filho e para si mesma.
DISNEY+
O DIÁRIO DE UMA FUTURA PRESIDENTE
Em uma típica produção dentro dos modelos Disney para o público teen, Elena é uma cubano-americana de 12 anos que frequenta o Ensino Médio. Ela sonha em se tornar a primeira presidente mulher dos Estados Unidos. Mas, enquanto isso não acontece, precisa lidar com as pressões normais da adolescência, vivendo junto à mãe e ao irmão. A trama é contada através da narração do diário da menina. Mesmo com a sua primeira temporada já tendo sido completamente lançada nos EUA, a série deve ter os episódios disponibilizados semanalmente no Brasil.
GLOBOPLAY
FALAS NEGRAS
Em um ano marcado pelo movimento “Black Lives Matter”, ou “Vidas Negras Importam”, o documentário se alastrou como pólvora nas redes sociais. Trata-se de uma coletânea de 22 depoimentos reais de pessoas que lutaram contra a escravidão, a segregação racial, o racismo e a intolerância. O projeto é dirigido por Lázaro Ramos e idealizado e organizado por Manuela Dias. Trazendo desde relatos coloniais que datam de 1626, passando pelos ensinamentos pacifistas de Martin Luther King Jr., até o assassinato de Marielle Franco, o especial mostra que o espírito de luta e de resistência ultrapassa a barreira do tempo.