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Eu tinha um grande objetivo: Vencer como empreendedor

Ricardo Galvão - Empreendedor, diretor da RG7 e presidente da Câmara de Comércio Brasil Portugal na Bahia

Eu tinha um grande objetivo: Vencer como empreendedor
Coluna Business Bahia

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06/03/2021 2:00pm

Meu nome é Ricardo Galvão e há 30 anos atrás comecei minha vida como empreendedor. Graças ao bom Deus minha vida foi cheia de fracassos. Fracassos? Sim. Estes são os que te levam a frente. Estes são os te fazem aprender com a vida e ser a cada dia melhor a cada superação alcançada.

Aos 18 anos, ainda morando com meus pais, recebi a notícia que seria pai. Um garoto que mal sabia sobre a vida. Meu primeiro desafio era falar para meu pai o que havia acontecido. Sentei no jardim de minha casa, embaixo da amoreira que eu havia plantado e chamei meu pai para conversar. Estava completamente tremendo para dar a tal notícia. Ele se sentou e eu falei para ele: "Pai, voce me disse uma vez que para ser um homem realizado eu deveria fazer 3 coisas na vida: Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Bem pai, agora só falta escrever um livro.” Meu pai se levantou em silêncio e me deixou sozinho embaixo da minha árvore. No dia seguinte a árvore estava derrubada. Eu recebi a mensagem de meu pai, ou seja, sua vida mudou. E mudou mesmo.

Fui morar nunca casa bem humilde pois a partir daquele momento eu tinha que ser o dono do meu destino. Mas o cérebro humano é difícil de sair da zona de conforto. Meu pai na época era diretor da Secretaria de Transportes e eu (hoje me envergonho disso) fui pedir um emprego no setor de informática. Meu pai novamente, com grande sabedoria, me deu um emprego. Não antes de eu fazer os testes como todas as outras pessoas. Mas eu mal sabia que o teste não era para a área de informática e sim para ser despachante de ônibus. Sim, aquele profissional que fica durante 6 horas em pé no fim de linha anotando os horários que os ônibus chegavam e saiam. Com essa grande lição, aprendi a ser responsável pelas minhas ações, a dar valor as pequenas coisas como a marmita que minha ex-mulher fazia todos os dias para que eu pudesse comer algo, mesmo que ficasse frio e em forma de marmita. 

Durante 6 horas eu trabalhava em um dos bairros mais perigosos de Salvador. As 4 horas seguintes eu estudava na faculdade de TI e, nas outras 4 horas, eu era professor das Escola de Engenharia. Entretanto, eu tinha um grande objetivo: Vencer como empreendedor. Decidi depois de um ano pedir minha demissão dos trabalhos. Peguei minhas rescisões e abri minha primeira empresa. Era uma revenda da maior empresa de sistemas na época. Muita gente foi contra. Trocar o certo pelo duvidoso. Mas como Rocky Balboa, nada iria me parar.

Minha empresa fez grande sucesso por muitos anos, até a matriz me descredenciar pois o meu sucesso fez com que fosse criada uma filial da mesma na região. Da noite para o dia perdi tudo. Mas eu não desisti. Fui buscar um emprego na quarta maior empresa de sistemas no Brasil, a Microsiga. Consegui um cargo de gerente comercial e anos depois já estava como sócio minoritário da franquia da Bahia. Anos depois fiz uma oferta para a aquisição do controle da operação. Fui bem sucedido, mas o medo imperou nos 80 colaboradores da época. Então tive a ideia de levar todos os colaboradores para um evento em um “resort”. Quando já era tarde demais os 80 colaboradores estavam dentro do 19 Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro fazendo operações militares e aprendendo sobre disciplina, liderança, resiliência e fé em si mesmo não importasse a adversidade.

Entraram como colaboradores, saíram como guerreiros e com participação dos resultados da empresa.

Alguns anos depois, a Microsiga havia adquirido seus principais concorrentes e se transformado na TOTVS, a segunda maior empresa de tecnologia do Brasil. Então seu fundador e Presidente Laercio Consentino me passou uma missão: Fazer um evento de tecnologia totalmente inusitado, convidando todos os clientes e parceiros de nossa empresa. Decidi fazer uma luta com Lyoto Machida, campeão do UFC. Com isto, não só faríamos algum totalmente diferente, com um octagon montado como palco da luta e dos apresentadores da TOTVS, mas também conseguiríamos ajudar o GAAC, Grupo de apoio às crianças com câncer. O evento foi um sucesso e claro, eu venci a luta.

Ao final deste evento o presidente da TOTVS virou para mim e disse: “Em breve você terá a grande notícia da sua vida. E tive. Lembram da primeira empresa que me descredenciou e era a maior empresa de tecnologia do Brasil? A TOTVS havia comprado a mesma e se tornara a maior empresa de tecnologia da América Latina. Eu passei por 15 anos esperando este dia. Caindo e me levantando. Mas não desisti.

Hoje vejo que todas as minhas “derrotas” me trouxeram onde estou hoje. Sou grato por todas elas. Grato também ao meu pai, a minha filha, ao meu presidente e a todos os “fracassos” e a tudo que tenho hoje em minha vida, inclusive meus problemas.

Hoje além da TOTVS, sou diretor da RG7, empresa voltada para área de treinamentos empresariais e a representação de fundos de investimentos internacionais para empresas brasileiras, além de ter o orgulho de ser presidente da Câmara de Comércio Brasil Portugal na Bahia.

Se eu pudesse passar uma mensagem para as pessoas que leram minha história eu apenas diria s frase que aprendi no exército, escrita em cima do telhado do Batalhão de Caçadores:

“O que for possível está feito, o que for impossível, nós o faremos.”

UHAAAAA, SELVA, BRASIL.