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Minipomar de varanda

Coluna Let's Go Jardinagem

Minipomar de varanda
Aline Hermida - Paisagista

Aline Hermida - Paisagista

03/02/2021 7:00pm

Saudações ao verão que está chegando, apesar da “segunda onda” da pandemia. Agora, estamos mais próximos do que se chama a nova normalidade, já nos acostumamos ao risco de infecção e ao pouco contato social. Sequelas e ansiedades à parte, cada um encontrou as suas estratégias para lidar com o isolamento. Posso imaginar a angústia de todos os baianos que a partir de novembro já começam a esquentar as turbinas e pensar na sequência de festas, mar, encontros e burburinhos. Esse verão será diferente para os cautos e responsáveis. Toca esperar a vacina ser aplicada em muita gente. Haja paciência!

Essa paciência que muitos exercitaram durante o confinamento também fez frutificar uma quantidade de novos jardineiros. Por isso vou falar novamente de frutíferas que cabem em vasos. Nem todas irão produzir, assim espero, durante o tempo que nos resta de isolamento, mas nos farão aprender sobre as suas particularidades em uma situação favorável à observação.

Acho que temos que escolher espécies gratificantes para o consumo das pequenas produções em vaso. Não imagino uma laranjeira, por exemplo, cumprindo esse papel. As poucas laranjas virariam uma forma de bibelô. As quantidades seriam frustrantes... Em compensação, algumas frutinhas de uso pontual e que servem como condimentos ou para drinks são motivos de orgulho e bom proveito.

O biri-biri (Averrhoa bilimbi), uma fruta muito usada na Bahia, é, apesar de tudo, pouco conhecido. Não o encontramos facilmente no comércio. Acho uma fruta linda, exótica e patrimônio estadual (apesar de ser originária da Guiana Francesa). É que muita gente a usa na moqueca e em outros pratos regionais.

O sabor azedinho do biri-biri pode substituir com classe e originalidade o limão da caipirinha e de outros drinks de verão. Pode ser a base de conserva de picles e, enfim, se tornar um condimento muito versátil que traz a acidez que, às vezes, precisamos na nossa cozinha.

Não é uma árvore pequena, podendo chegar a 10 metros, mas se cultiva com sucesso em vasos. É tampouco de frutificação muito rápida (de três a quatro anos para frutificar), mas é muito hype! Vale a pena esperar para ver os frutos saindo do caule, lembrando uma jabuticabeira. Seus nomes populares: bilimbi, bilimbino, limão-de-caiena, caramboleira amarela, azedinha, limão japonês, biri-biri.

O cajueiro-anão também é uma boa pedida. Mais produtivo e precoce que o grandão, ele se cultiva em vasos. O que pensamos ser o fruto do caju é a extensão do mesocarpo da flor. O fruto mesmo é a castanha. É mais uma fruta apreciada em roskas e “rinhas”. A flor e a castanha se transformam em moqueca. Tenho uma amiga paulista que morre por uma moqueca de maturi! Imaginem poder colher as castanhas verdes para dar um upgrade em uma moqueca de camarão!

Quem quiser se aventurar no plantio desde a semente tem que esperar a castanha brotar em terra enriquecida com húmus, aproximadamente, em duas semanas e transplantá-lo para um vaso grande quando já estiver com algumas folhinhas.

Physalis, também conhecida por fisális, camapu, tomate-capucho, camaru, bucho-de-rã, joá-de-capote, é uma fruta pequena, envolta em uma casca de folhas transparentes que parece um bijou. Aliás, pelo preço e pela dificuldade de encontrá-la, torna-se mesmo uma joia que brotará do seu vaso. Normalmente, é usada como a “cereja do bolo” em sobremesas ou na decoração de pratos sofisticados. Ou seja, tem a sua missão sofisticada cumprida com poucos frutos.

Essa é mesmo uma planta ideal para o cultivo em vaso, pois não ultrapassa um metro e é superdecorativa. As suas flores se assemelham a lanternas chinesas.

Enfim, gostaria de enumerar muitas outras frutas, mas o meu espaço não é infinito. Com essas três, estou reiterando a dica de um prazer muito simples, mas encantador. Ver uma frutinha se desenvolvendo e amadurecendo não tem preço. Desfrutem!