Quando vou entrevistar um candidato visando a contratação para o nível gerencial ou de diretor, após ler atentamente o seu currículo buscando entender a sua experiência com base na sua história e nas entrevistas, faço sistematicamente as seguintes perguntas e peço que me responda não necessariamente na mesma ordem: Se você for contratado, o que você deseja alcançar aqui na empresa? O que lhe preocupa? E o que você quer evitar? Explico-lhes que deve entender como "o que lhe preocupa" são os fatores externos que podem interferir no seu trabalho dificultando o alcance do seu propósito, e o que você quer evitar deve ser considerado determinados procedimentos, hábitos ou posturas que podem lhe tirar o foco daquilo que quer alcançar. Estas perguntas são feitas independentemente da área para a qual o candidato se propõe. Lembro-me bem que contratei uma candidata que concorria a uma vaga para analista na área financeira, pois ao perguntar o que ela sonhava alcançar na empresa, ela respondeu: ser presidente, se isso lhe fosse permitido pelos sócios. Não esperei que respondesse às demais perguntas e lhe disse que estava contratada. Esta jovem trabalhou conosco durante poucos anos e saiu para ser empresária, e a notícia que temos é que está com sucesso no que se propôs a fazer.
A esses candidatos costumo na entrevista levá-los a entender que nenhum de nós vive do trabalho e sim do resultado que o trabalho produz. Portanto, o foco principal deve ser no resultado, razão pela qual saliento que o 'resultado' é fruto da eficácia e não da eficiência, embora esta deva também se fazer presente no processo. Entre as explicações que li sobre eficiência e eficácia, a que me parece ser a de mais fácil compreensão é: ser eficiente é fazer certo a coisa e ser eficaz é fazer a coisa certa.
Todos nós fazemos projetos pessoais, e quem ainda não o fez deve fazer, haja vista que nunca é tarde para tentar ser o que gostaria de ser. Estes projetos, quer sejam pessoais ou profissionais, creio que seguem sempre um processo comum a todos eles que resumiria assim: o primeiro passo é definir o seu sonho, o que deseja ser, o segundo será acreditar que pode ser, o terceiro é trabalhar para ser, e o último é comemorar por ter conseguido ser. Os dois primeiros passos decorrem de uma ação pessoal, individual, já as duas seguintes não podem ser executadas sozinhas. Na fase "trabalhar para ser", você precisará de ajuda não apenas de profissionais, mas, acima de tudo, de pessoas que o ajudem impulsionado pelo coração antes mesmo da razão. Estas pessoas são aquelas que também acreditam que você pode alcançar o que deseja, porque acredita em você e no seu projeto. Comemore a cada etapa conquistada e nunca esqueça de quem o ajudou na fase terceira do processo, seja grato.
Eu sempre acreditei neste processo e nunca esqueci das pessoas que, sob o comando do coração, me ajudaram. Estamos ou devemos estar sempre sonhando e elaborando projetos, como por exemplo, como vamos envelhecer. O Dr. Osmário Salles, médico endocrinologista, me diz sempre que: Ser idoso não é uma opção, mas ser velho é uma opção. Acredito muito nisto, por isso me esforço para ser mais idoso do que velho.
No dia 13 passado completei 80 anos e fiz uma bonita festa programada alguns meses antes. Queria naquela oportunidade convidar todas as pessoas que fizeram parte da minha história, destacando aquelas pessoas que nas diversas fases da minha vida me ajudaram a conseguir ser o que desejava. Era uma oportunidade de registrar um agradecimento público, e escolhi as 3 pessoas que nessas diversas fases fizeram a diferença em minha vida, que foram: Sr. Valmir de Souza Góes, hoje com 92 anos, que foi o meu primeiro patrão, com quem trabalhei em 1959/1962, exercendo a função de vendedor na sua loja de confecção e tecidos "LINDATEX" na cidade de Feira de Santana. Eu já tinha um sonho, que era trabalhar em um escritório no qual eu tivesse uma mesa de trabalho somente minha, e escondido dele fiz um teste para trabalhar no então Banco da Bahia. Não fui aprovado, perdi em datilografia, mas o gerente do banco falou com o Sr. Valmir que eu havia feito um teste. No dia seguinte, o Sr. Valmir me chamou e perguntou sobre o teste, e eu, assustado, mesmo com medo de perder o emprego, não menti, confirmei o fato quando ele, Valmir, me disse: "Talvez se você me informasse antes, quem sabe eu poderia lhe ajudar. A LINDATEX é um dos bons clientes do banco", acrescentando que, embora eu fosse o melhor vendedor da loja, ele sabia que eu não iria ficar o tempo todo naquele emprego, pois sentia que eu tinha outros sonhos e possibilidades. A partir daí, eu sempre tinha permissão para não trabalhar nas vésperas do dia em que iria fazer testes. E olhe que foram muitos, mas perdi todos – Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco do Nordeste, empregos públicos – perdendo sempre em datilografia, até que passei em um e fui ser escriturário na MAFRISA – Matadouros e Frigoríficos S/A, uma empresa de economia mista estadual, onde iniciei no dia 01 de outubro de 1962. Olha eu trabalhando tendo uma carteira somente minha!
Continuei sonhando, agora trabalhar em um local que pudesse usar uma gravata. Assim foquei e passei em um teste para trabalhar no Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais S/A na agência da Baixa dos Sapateiros. Olha eu usando gravata no trabalho! Depois deste banco, também vitorioso em testes, passei a trabalhar no BANCO BANEB – Banco do Estado da Bahia, chegando a exercer as funções de Chefe do Setor de Depósito na Agência Centro e depois Subgerente da Agência de Mata de São João, Bahia, voltando para a Agência Centro, onde cheguei a ser Gerente Geral.
O sonho continuava, agora trabalhar em uma empresa privada que me desse oportunidade de crescer e pudesse fazer parte da diretoria. Com 9 anos de trabalho no BANEB, na posição de Gerente da Agência Centro e não optante do FGTS (significava que eu já tinha estabilidade no emprego), a dificuldade que encontrei foi convencer o Diretor do BANEB a aceitar o meu pedido de demissão e da minha mãe entender eu deixar um emprego público com estabilidade para trabalhar em uma empresa privada de uma pessoa que eu não conhecia, no caso, foi a empresa GOÉS-COHABITA CONSTRUÇÕES S/A, cujo Acionista Principal e Presidente era Joaci Góes, hoje além de empresário é escritor e foi Presidente da Academia de Letras da Bahia e atualmente é o Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
O sonho continuava, agora de ser empresário – não tinha ideia de quanto é difícil ser empresário no Brasil. Seguindo o mesmo processo, trabalhando para ser, contei com a ajuda de Joaci Góes, que acreditou em mim e no meu sonho, e me ajudou a tornar-me empresário. Ele se tornou o meu primeiro sócio em uma empresa de incorporação imobiliária que desenvolvia projetos a partir dos terrenos que ele possuía, sendo remunerado mediante participações nos resultados desses empreendimentos. Na minha festa dos 80 anos, fiz também para ele um agradecimento público e registrei em uma placa metálica, a exemplo do que fiz com o Sr. Valmir Goes.
Também nessa oportunidade, fiz outro agradecimento mediante registro em placa metálica ao Sr. Jonas Sala, ex-gerente do Banco do Nordeste do Brasil S/A em Feira de Santana, que foi muito importante na retomada da minha vida empresarial concedendo o empréstimo para que a minha família construísse o Shopping Boulevard Feira de Santana, mesmo quando à época, não tínhamos as garantias exigidas preventivamente, o que eu não as tinha, convencendo a diretoria a fazer uma exceção e aceitar que a garantia fosse do tipo evolutivas, ou seja, o próprio empreendimento garantir o financiamento, uma vez que o terreno era de propriedade. Vale registrar que todo o financiamento foi pago rigorosamente em dia, e o empreendimento continua fazendo sucesso, que é o Shopping Boulevard Feira de Santana.
Continuo sonhando, agora na área de tecnologia, e em meados de 2021, próximo a completar 80 anos, criei, junto com o sócio Roberval Araújo, uma empresa para produção de games, um mercado de mais de 2 bilhões de usuários no planeta. A EPRA GAMES, que sugiro aos leitores pesquisarem no Google, é uma empresa que desenvolve jogos digitais para dispositivos móveis, celulares e tablets, tanto Android quanto iOS, com foco no entretenimento e no conhecimento, ou seja, jogos aplicados a negócios. Diferenciada no mercado por sua estratégia de planejamento, execução e rapidez na entrega. Atualmente, a EPRA GAMES tem no seu portfólio mais de 43 jogos, dos diversos gêneros: runner, arcade, puzzle, life style, ASMR.
Eu sempre procurei nortear minhas ações com base em crenças que me impulsionam, e acredito que foram estas crenças que me fizeram chegar aonde estou. Nasci em Ipecaetá, Bahia, em 13 de agosto de 1943, uma cidade que tinha à época menos de 500 habitantes e hoje tem 2.650, sendo um dos sete filhos de uma professora primária e de um pequeno comerciante. Em Ipecaetá, vivi até os 18 anos, completando o primário, fiquei sem estudar por mais de 5 anos, trabalhando na "venda" do meu pai. Minha mãe sabiamente tomou a decisão, diante da impossibilidade financeira de colocar todos os filhos para estudarem após o curso primário, colocando as mulheres para estudarem para serem professoras, e os homens ficariam na roça mesmo, haja vista que Feira de Santana era a cidade mais próxima que oferecia o curso ginasial e exigia condições financeiras para o deslocamento e hospedagem.
Essas crenças também me ajudaram na cura de dois cânceres que tive. O primeiro descoberto há 20 anos já em estado de metástase, curado com quimio e radioterapia, e o outro, mais recentemente, em 2018, extirpado através de operação robótica. Ainda por me pautar nessas crenças, consegui ser hoje líder empresarial na condição de Presidente do INSTITUTO PENSAR FEIRA, que é uma organização civil de interesse público sem fins lucrativos, do qual participa toda a sociedade civil organizada da cidade em comitês específicos que atua como um fórum de ideias e debates para pensar a cidade a longo prazo, oferecendo sugestões aos poderes públicos competentes e, a partir daí, acompanhar o processo. Sou ainda: a) Coordenador Regional para o Estado da Bahia da ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Center, b) Diretor de Planária da bicentenária Associação Comercial da Bahia – ABC, c) Membro do Fórum Empresarial do Estado da Bahia; Membro Efetivo da Câmara Empresarial do Turismo – CET da FECOMERCIO, d) Membro do Conselho Diretor da Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana – ACEFS, e) Membro do LIDE - Grupo de Líderes Empresariais, f) Presidente do INSTITUTO PROFESSORA EULINA E MARIA CRISTINA – IPEMAC, uma organização civil de interesse público sem fins lucrativos, mantida pelas empresas da família da qual sou Presidente do Conselho Administrativo, a PDK – Empreendimentos Imobiliários S/A. O IPEMAC tem como foco a educação como o único caminho para os jovens daquela cidade alterarem para melhor o curso das suas vidas. No município todo, moram 15 pessoas com curso superior e, em 4 anos de atuação, já levamos 22 jovens para cursarem ensino superior nas UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana e URFB - Universidade Federal do Recôncavo do Estado da Bahia, com a ajuda da Prefeitura local que fornece o transporte para o deslocamento de Ipecaetá/Feira/Ipecaetá.
Além disso, g) sou membro do Grupo Empresarial Business Bahia.
Estas crenças sempre as usei e uso como luzes na minha caminhada:
- Ter desafios é o que faz a vida ser interessante, e superá-los é o que faz a vida ter sentido.
- O problema não resiste a um confronto sistemático.
- A chance de você conseguir o que deseja depende do nível da sua crença de que pode conseguir.
- Quem planeja tem futuro, quem não planeja tem destino.
- Tudo que um sonho precisa para ser realizado é que o sonhador acredite nele.
Acredito que essas crenças têm sido fundamentais na minha jornada e espero que possam inspirar outras pessoas a perseguirem seus sonhos e objetivos.