Bahia como protagonista do turismo estrangeiro no Brasil
Julio Ribas é formado em Engenharia Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), CEO da Vinci Airports no Brasil e coordenador da Câmara Empresarial de Turismo (CET) da Fecomércio-BA
Nas muitas idas e vindas como oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), lembro, com muita clareza (e carinho), do quanto este ofício foi fundamental para ampliar minha percepção quanto à grandiosidade do Brasil. Temos belezas naturais e riquezas culturais diretamente proporcionais à nossa dimensão continental.
Testemunhei muito do que temos a oferecer enquanto acumulava horas controlando um avião e alimentava o desejo por alçar voos maiores – com o perdão do trocadilho. Antes da VINCI Airports, passei por outras empresas multinacionais e atuei em países como EUA, México, Argentina e Malásia.
E foram estes os caminhos que, em 2018, me trouxeram até a Bahia, onde aceitei o desafio - e a responsabilidade - de liderar a equipe à frente da concessão do Salvador Bahia Airport. Após um período de adaptação – precisamente um dia, quatro horas e sete minutos –, me afeiçoei ao lugar. Mais do que isso, encontrei identificação e criei raízes que só se fortalecem desde então.
Acompanho com entusiasmo e alegria, o ótimo momento do Estado quando o assunto é turismo, em especial, o estrangeiro. Dados divulgados no início de agosto pela Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), em parceria com o Ministério do Turismo e Polícia Federal, revelaram um aumento de 34,19% no número de visitantes internacionais no semestre passado.
Recepcionamos quase 62 mil viajantes de outros países neste período. Para fins de comparação, contabilizamos 40,5 mil turistas de outros países no mesmo período em 2023. Esses números integram um cenário maior no qual mais de 3,5 milhões de turistas internacionais desembarcaram no Brasil, no primeiro semestre de 2024 – 9,7% a mais que na mesma época do ano anterior.
Hoje, nosso país é um dos principais destinos para interessados em afroturismo, e Salvador – maior cidade negra fora do continente africano – indiscutivelmente se destaca neste contexto. Atraímos principalmente turistas da América do Sul, com destaque para argentinos, uruguaios e chilenos. Entre os europeus, os números apontam que portugueses e italianos são figuras carimbadas.
A via aérea continua sendo o principal acesso para a maioria desses viajantes – exatos 2.234.033 deles. Fizemos do aeroporto no contexto do pós-pandemia um ponto de conexão entre Salvador e outros destinos, o que elevou nosso número total de voos e nossas chances de trazer pessoas de outros lugares para a Bahia.
Dessa maneira nos consolidamos como um dos principais hubs aéreos do país, com opções de voos domésticos e internacionais. Atualmente, contamos com voos diretos para Madrid (Espanha), Lisboa (Portugal), Buenos Aires (Argentina), Montevidéu (Uruguai) e Santiago (Chile). Temos um tráfego constante, e expectativas promissoras para esse segundo semestre.
O período será especialmente marcado pelo início da operação direta para Paris a partir de outubro. Além disso, teremos um novo voo ligando Bahia e Varsóvia, capital da Polônia, e uma novidade confirmada para 2025: um itinerário sem escalas entre Salvador e a província argentina de Córdoba. Por fim, estamos com negociações em andamento para viabilizar voos para Benin, em África.
Como CEO da VINCI Airports no Brasil, e agora coordenador da Câmara Empresarial de Turismo (CET) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), sigo trabalhando para impulsionar o potencial local. Contribuir para sinergia entre poder público e privado faz parte desse processo de posicionar nossa Bahia como rota do turismo e dos negócios.
Penso ser fundamental seguir fortalecendo nossa posição de zona de interesse para visitantes estrangeiros sem perder de vistas a meta de se fortalecer enquanto destino desejado por turistas brasileiros. Além de ser prazeroso, conhecer o próprio país pode ser crucial para fortalecer a noção de pertencimento a uma nação e a conexão com valores e significados do que é ser brasileiro.
Se o Brasil começou aqui, que outro destino seria melhor para começar a jornada?