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Acelera, Brasil!

Preso a uma pauta que não avança, o Brasil permanece sendo o país do futuro

Acelera, Brasil!
Tiago Novaes Villas-Bôas - Administrador de Carteira de Valores Imobiliários (CVM)

Tiago Novaes Villas-Bôas - Administrador de Carteira de Valores Imobiliários (CVM)

27/04/2021 12:00pm

Neste artigo, embora fuja ligeiramente do tema finanças, falaremos de algo que muito impacta no mercado de capitais. Nas últimas duas décadas, o acirramento político-ideológico tem se intensificado bastante no Brasil, talvez por termos elegido governos com características de maior polarização; primeiro os de esquerda, que perduraram 14 anos; depois o de direita, o qual está na metade do primeiro mandato. A percepção é de que as divergências mais acaloradas se dão no campo ideológico, em detrimento do campo econômico, de maneira geral. A pauta de costumes gera discussões que são potencializadas pelas plataformas digitais, um verdadeiro ringue virtual. Existem, contudo, objetivos em comum, seja qual for a vertente ideológica, como a melhoria do emprego e da renda, a redução da desigualdade social, o incremento da educação, saúde e segurança. 

É prudente deixar o fanatismo e a orientação política de lado e observar ao redor do planeta quais exemplos foram positivos. Decorridos 150 anos dos EUA como a maior economia do planeta, 100 anos da implantação do regime comunista, 50 anos do golpe militar no Brasil, 30 anos da queda do muro de Berlim e 20 anos da China se destacando como nova potência capitalista, podemos listar alguns pontos que a história já nos mostrou com riqueza de detalhes que não dão certo e os que nos orientam rumo à prosperidade econômica: 

1. Não se pode gastar mais do que se arrecada, parece algo óbvio, porém muitos países não seguem essa regra básica. As consequências desse descontrole são os juros altos, um ambiente inflacionário e uma dívida pública acima da capacidade de pagamento, gerando grande instabilidade no ambiente de negócios. Credibilidade não se impõe, se conquista. 

2. Dinheiro é um recurso finito, por isso existe o orçamento público. Para investir em áreas prioritárias como saúde, segurança e educação, que beneficiam a sociedade como um todo, o Estado tem de controlar gastos que beneficiam apenas uma parte, principalmente a folha de pagamento e a aposentadoria do servidor público, caso contrário, o orçamento pode ser dragado quase por completo para essa finalidade, perdendo o Estado a sua essência, que é a de prover serviços para toda a comunidade. 

3. É comprovado que a melhor forma de combate à desigualdade social é o investimento intensivo na Educação Básica e Secundária de alta qualidade, inclusive sobrepondo a destinação de verba pública para o Ensino Superior, que pode encontrar na iniciativa privada formas de financiamento. Em todos os países em que a Educação Infanto juvenil de qualidade foi implementada em escala ampla, os indicadores de distribuição de renda melhoraram significativamente a partir de duas décadas. 

4. A democracia é o regime adotado por todas as nações que alcançaram o sucesso; nenhuma ditadura se mostrou viável. É fundamental o exercício pleno da democracia pelos poderes constituídos, respeitando as suas atribuições e limites de atuação, bem como a garantia de plena liberdade e igualdade de direitos e deveres entre os cidadãos. 

5. A corrupção é algo devastador quando falamos em desenvolvimento econômico, pois ela desvia recursos de atividades essenciais como saúde, educação e segurança, além de fomentar na nação uma mentalidade coletiva de que quem prospera não são profissionais e empresas que buscam conhecimento e produtividade, mas os que aceitam praticar delitos. É a substituição do conceito de meritocracia pelo da malandragem, como algo a ser praticado. 

6. Por fim, democracias evoluídas possuem um sistema político transparente, com poucos partidos e pautas bem definidas. Países onde existem dezenas de partidos políticos, em que candidatos são eleitos de forma indireta e o poder econômico orienta o voto da população de baixa renda, tendem a ter graves problemas de representatividade e políticos trabalhando em causa própria. 

Podemos constatar que, infelizmente, embora a discussão sobre os temas acima citados já se arraste