Uma grande dúvida que se tem na atualidade é saber quanto tempo pode durar a Terceira Idade daqui para frente. Os avanços da ciência são tantos, nas diversas áreas, que é impossível fazer qualquer prognóstico com maior grau de certeza. Viver mais, com saúde e qualidade de vida será um grande presente que a ciência dará para a humanidade, mas impõe um desafio: como financiar esses longos anos a mais de vida?
Nos polos tecnológicos mais avançados do planeta, como o Vale do Silício, na Califórnia, em Israel ou na China, várias empresas se dedicam diuturnamente a criar formas de prolongar a vida humana. Existem trabalhos avançados nas áreas da Genética, Biotecnologia, Medicina Preventiva, dentre outras, com a possibilidade real de retardar o envelhecimento de forma relevante. Já se tem conhecimento de estudos avançados em temas como criação e reposição de órgãos, tratamento de doenças degenerativas com células-troncos, diagnóstico precoce por meio de microdispositivos, além de novas e avançadas drogas. As possibilidades são incríveis, sendo que algumas até nos causam certa perplexidade por interferirem no fluxo natural da existência.
Paradoxalmente, a preocupação do brasileiro com a previdência sempre foi muita baixa. Culturalmente, nunca fomos propensos a fazer poupança de longo prazo nem a pensar no futuro longínquo; na verdade, o brasileiro sempre delegou a função de provedor de aposentadoria ao Estado, até porque sempre pagou altos valores de contribuição para o INSS. A questão é que, rapidamente, o Brasil passou de uma nação de jovens em 1980 para um país de adultos em 2020; em 2050, será uma nação de jovens senhores. Para o regime previdenciário público brasileiro atual, de repartição simples, que necessita da poupança dos mais jovens para financiar o pagamento dos mais velhos, isso significa uma bomba-relógio.
"O Brasil passou de uma nação de jovens em 1980 para um país de adultos em 2020; em 2050, será uma nação de jovens senhores."
(Tiago Novaes Villas Boas)
E como dar suporte financeiro a esse novo padrão de envelhecimento? Não existe receita de bolo para uma questão tão desafiadora como essa, que é o aumento de décadas no período de aposentadoria do brasileiro, porém há alguns insights para podermos refletir conjuntamente e, quem sabe, termos algum norte. O primeiro, naturalmente, é juntar o máximo de recursos possíveis para complementar a aposentadoria do governo, isso significa iniciar o mais cedo que puder a poupança previdenciária privada e postergar a sua utilização para o mais tarde possível. Caso, após a aposentadoria, você consiga atuar profissionalmente e ter alguma fonte de receita, reduzindo ou adiando o saque da previdência privada, ajudará bastante.
Com relação à poupança previdenciária, outro ponto importante é saber aplicar bem a reserva para cada fase de acumulação, grosso modo, escolhendo os melhores gestores e ativos do mercado e passando de um portfólio mais arriscado para um de menor risco à medida que o prazo da aposentadoria vai se se aproximando.
Além da importância de ter um plano de aposentadoria privado, além do público, ressalto a importância de possuir mais de uma fonte de renda, que seja descorrelacionada dos investimentos financeiros. Deve-se buscar, caso seja possível, uma renda adicional, que pode ser, por exemplo, proveniente de aluguéis, seja de uma loja comercial ou mesmo residencial. Outra fonte de renda interessante para diversificar, caso se tenha conhecimento na área, seria a proveniente das atividades ligadas ao agronegócio, como gado, cacau, café, fruticultura, entre outras.
São fontes de renda das quais se poderá continuar usufruindo, independentemente da idade, pois não necessitam de dedicação exclusiva, tampouco vigor físico demasiado, e até contribuem para dar um sentido à vida no pós-carreira. Além disso, ajudam a mitigar o risco de depender exclusivamente de um plano previdenciário, visto que quanto mais origens e diversificação de renda a pessoa tiver, menor será o risco de passar por necessidades na última e desafiadora etapa da vida: a aposentadoria.