Santa Casa da Bahia amplia UTIs, aposta em cirurgia robótica e projeta nova ala no Hospital Santa Izabel

Em um cenário de instabilidade econômica para o setor de saúde, a Santa Casa de Misericórdia da Bahia segue apostando em inovação, ampliação de serviços e fortalecimento da infraestrutura. Em entrevista ao Portal M!, o provedor da instituição, José Antônio Rodrigues, destacou o desempenho sólido do Hospital Santa Izabel, carro-chefe da rede, que manteve sua presença de mercado mesmo diante da crescente concorrência com grandes redes hospitalares privadas.

“Apesar de um ano economicamente difícil, o Santa Izabel manteve um desempenho muito bom. Somos um dos poucos hospitais independentes, em um ambiente cada vez mais dominado por grandes redes”, afirmou o provedor.

Entre os avanços mais recentes, estão a ampliação dos leitos de terapia intensiva, que hoje somam mais de 100 unidades, e a expansão da estrutura física do hospital, com entrega de um novo estacionamento, início das obras de uma nova recepção e fachada, além de um sistema de acesso por reconhecimento facial, com previsão de inauguração até janeiro de 2026.

Alta tecnologia e protagonismo em cirurgia robótica

Um dos grandes marcos da Santa Casa em 2025 foi a consolidação da instituição como referência em cirurgia robótica no Nordeste. Com a aquisição de um segundo robô, o hospital alcançou quase 1.600 procedimentos realizados, ampliando seu protagonismo regional.

“Ainda não há cobertura dos planos de saúde nem do SUS para esse tipo de cirurgia, mas acreditamos que isso será uma questão de tempo. Enquanto isso, seguimos formando profissionais e investindo em excelência”, destacou Rodrigues.

O investimento em robótica também fortalece o caráter de hospital de ensino do Santa Izabel, impactando diretamente nas atividades de pós-graduação e formação médica especializada.

Nova ala e expansão de clínicas em Salvador

Além das obras no Santa Izabel, a Santa Casa ampliou sua rede de atendimento com novas clínicas nos bairros do Rio Vermelho e Ondina, voltadas para atenção primária, saúde da mulher e tratamentos de doenças autoimunes. O provedor destacou a dobradinha entre estrutura e humanização como diferencial:

“Criamos um espaço voltado ao público feminino, ampliamos nosso serviço de infusões e reforçamos nossa missão social com estrutura tecnológica de ponta.”

A instituição também projeta a entrega de uma nova ala hospitalar em 2026, recuperando o pavilhão histórico do Santa Izabel, símbolo da atuação centenária da Santa Casa na saúde baiana.

Sustentabilidade financeira e desafios com fontes pagadoras

Apesar dos investimentos, a Santa Casa enfrenta atrasos críticos nos repasses de operadoras de saúde, que chegam a demorar até 140 dias após a alta do paciente para realizar os pagamentos. Para manter a sustentabilidade, a instituição recorreu a linhas de crédito de longo prazo e reorganização financeira estratégica.

“Evitar dívidas de curto prazo foi essencial. Conseguimos financiamento com 10 anos de prazo e carência, sem comprometer o patrimônio da instituição”, pontuou Rodrigues.

Mesmo diante dos entraves, a Santa Casa mantém seu compromisso com o atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Planserv, mesmo com a saída de outras unidades da rede pública de cobertura.

“É nossa obrigação. Seguimos atendendo o SUS e o Planserv com responsabilidade, enquanto buscamos competitividade em um mercado dominado por grandes grupos”, concluiu.

Com 475 anos de história, a Santa Casa da Bahia reforça, em 2025, sua capacidade de inovação sem abrir mão do compromisso social, consolidando-se como um dos pilares da saúde filantrópica no país — e como referência de excelência hospitalar no estado.