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Setembro de São Cosme e Damião

Setembro de São Cosme e Damião
Da Redação

Da Redação

27/09/2021 11:00am

Setembro já foi um mês de muitos banquetes. Quando a intolerância religiosa não era moda, as expectativas para se deliciar em algum caruru da cidade era grande. As crianças se aglomeravam para participar da quase extinta “barbulha”.

Saudosismos a parte, setembro continua sendo o mês de reverenciar São Cosme e Damião para os católicos e Ibejis e os Erês para os candomblecistas.

Os Santos Gêmeos nasceram na Egéia no ano de 260d.C, filhos de família abastarda foram estudar na Síria, se especializaram nas ciências e medicina. Ganharam notoriedade por professar a fé cristã e pala caridade. Tornaram-se martes uma vez que suas mortes foram determinadas por serem cristãos.

Na cultura ancestral africana Ibejis são irmãos gêmeos que em vida ajudavam as pessoas em troca de doces e brinquedos. Segundo as lendas quando um dos irmãos morreu afogado o outro suplicou a Olodumare que o levasse também. Depois da morte dos irmãos foi construída uma imagem dos gêmeos onde é até hoje oferecido doces e brinquedos em agradecimento às graças recebidas. Reconhecendo as semelhanças entre as histórias, os africanos escravizados que eram proibidos de cultuar seus deuses, sincretizaram São Cosme e São Damião aos Ibejis.

Os Ibejis são caracterizados pela alegria, pela fertilidade e pela prosperidade. São entidades representadas como crianças (orixá -criança), que segundo os adeptos realizam os pedidos com mais agilidade, porém se as promessas não forem pagas o castigo é dobrado.

O caruru na verdade é um dos pratos servidos no banquete, além dele tem o vatapá, xinxim de galinha, milho branco, feijão fradinho, feijão preto, cana, rapadura, pipoca, inhame, farofa, arroz. Tudo muito bem temperado com dendê, fé e amor. Reza a lenda que quem encontra um quiabo inteiro passa ater a obrigação de fazer o banquete no próximo ano. Não podemos deixar de dizer que o banquete ficou com o nome de caruru devido a importância desse prato para as religiões de matriz africana, seu ingrediente principal é o quiabo, sobre o qual se diz: quem como quiabo não pega feitiço.

Tradicionalmente é servido a sete meninos vestidos com vestes que levam a cor azul, esses sentam-se ao redor de um grande prato de barro (barbulha) no qual está servido todas as iguarias mencionadas anteriormente. Somente depois das crianças comerem são servidos os outros convidados. Quem não faz caruru, mas quer agradar aos Ibejis distribui sacos de balas ou brinquedos pelas ruas da cidade. É importante ressaltar que seja qual for a forma que os devotos adotam para agradecer as graças alcançadas, são feitas com muito amor, gratidão e fé, por isso são carregados de boa energia e desta forma só podem fazer o bem.

Por outro lado, se você sente vontade de fazer uma oferenda, mas financeiramente não está apto, saiba que orixá não quer riqueza, fechar os olhos e agradecer já é uma poderosa oferenda. Fé, essa é a poderosa energia que pode mudar sua vida. 

Por: Íyà Daisy T’Ogunté