Quando o Atestado Médico se Torna Sintoma: O Adoecimento de um Direito Sagrado
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Especialista em Planejamento Financeiro, Sucessão e Educação Financeira
📷Foto divulgação
Por Laura Guimarães –
Em novembro, celebramos o Dia Mundial da Mulher Empreendedora, instituído em 19 de novembro de 2014 pela Women’s Entrepreneurship Day Organization (WEDO), fundada pela empresária Wendy Diamond. A data nasceu para dar visibilidade a um movimento que cresce em todos os continentes: o protagonismo das mulheres na criação e desenvolvimento de negócios. No Brasil, esse protagonismo já está consolidado nos números, mas ainda esbarra em barreiras silenciosas — especialmente no acesso ao crédito.
Apesar dos avanços, o sistema financeiro continua operando sob estruturas historicamente desenhadas para perfis masculinos. Esse descompasso aparece de distintas formas: desde a autopercepção feminina sobre a própria capacidade de solicitar crédito até a forma como instituições financeiras avaliam risco e exigem garantias. O resultado é um “ciclo da contenção”: mulheres pedem menos crédito, recebem menos quando pedem, ou enfrentam condições mais custosas.
Estudos internacionais reforçam esse cenário. A European Central Bank (ECB) identificou que, em países com forte viés social de gênero, mulheres empreendedoras desistem antes de solicitar crédito por acreditar previamente que serão recusadas — um fenômeno chamado de self-rationing. Já a OECD aponta que, mesmo em operações aprovadas, mulheres frequentemente recebem montantes menores e precisam apresentar garantias mais robustas que homens na mesma faixa de risco. A consequência é direta: menos capital para crescer, inovar e competir.
Mas esse não é um problema individual. É estrutural. E afeta o desenvolvimento econômico do país. Negócios liderados por mulheres têm alta taxa de sobrevivência, geram empregos, reinvestem mais na comunidade e influenciam positivamente indicadores sociais. Quando o crédito não chega, perde-se potência, produtividade e oportunidade de avanço coletivo.
O mercado financeiro, por sua vez, tem avançado — ainda que lentamente. Fintechs criadas por mulheres, linhas de microcrédito mais acessíveis, políticas de incentivo e programas de educação financeira começam a redesenhar esse ecossistema. Mas ainda é pouco. A transformação exige que instituições monitorem indicadores de gênero, revisem práticas de análise de risco e desenvolvam produtos sensíveis às realidades femininas: menor histórico formal de crédito, patrimônio inicial reduzido e jornadas profissionais marcadas por interrupções ou sobrecarga doméstica.
Como especialista em planejamento financeiro, observo diariamente a força das mulheres que empreendem — muitas vezes sozinhas, conciliando família, carreira, estudo e negócio. Vejo também a diferença que faz ter acesso a informação, estratégia e crédito bem estruturado. Crédito é desenvolvimento. E desenvolvimento é independência.
Por isso, discutir gênero no sistema financeiro não é uma pauta identitária: é uma agenda econômica. Em um país onde mais da metade dos novos negócios é aberta por mulheres, continuar ignorando esse viés significa desperdiçar um dos motores mais vibrantes da economia brasileira.
Que este novembro nos lembre que celebrar mulheres empreendedoras é importante — mas garantir que elas tenham condições reais de crescer é indispensável. A equidade no crédito é um passo decisivo para um futuro mais próspero, inclusivo e financeiramente saudável para todas.
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