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O Futuro das Pesquisas de Marca: Como Dados Sintéticos Estão Mudando Tudo

Por Adriano Sampaio, CEO da Duplamente Inteligência de Mercado

O Futuro das Pesquisas de Marca: Como Dados Sintéticos Estão Mudando Tudo
Da Redação

Da Redação

16/10/2025 7:27pm

Foto: Acervo Pessoal

Você já imaginou uma pesquisa que continua aprendendo sozinha, criando novos dados quando faltam respostas humanas? Pois é exatamente isso que a tecnologia de dados sintéticos faz. Ela é o novo capítulo das pesquisas de mercado e está transformando a forma como as marcas entendem as pessoas.

O que são dados sintéticos?
São informações geradas por inteligência artificial que “imitam” respostas reais de pessoas, mas sem que alguém precise responder de verdade. Esses dados não vêm de entrevistas, e sim de algoritmos treinados com dados humanos de alta qualidade — ou seja, a máquina aprende o comportamento real e depois cria novas respostas parecidas, mantendo o mesmo padrão.

Por que isso é importante?
Em muitas pesquisas, há grupos difíceis de alcançar — pessoas muito jovens, clientes de marcas pequenas, ou consumidores com perfis muito específicos. Nesses casos, coletar dados reais pode ser caro, demorado e até inviável. Os dados sintéticos entram justamente aí: complementam as informações reais, dando mais volume e profundidade, sem perder a confiabilidade.

Como a Kantar usa essa tecnologia
A Kantar, uma das maiores empresas do mundo em pesquisa e inteligência de marca, desenvolveu um processo chamado Synthetic Sample Boosting. Na prática, é um “impulso” de dados sintéticos para reforçar partes da amostra que ficaram pequenas ou incompletas. Mas há uma regra de ouro: os dados sintéticos nunca substituem os humanos. Eles servem apenas para aumentar a amostra, mantendo a qualidade das informações originais.

Como funciona o “fator de impulso”
A Kantar mede o quanto o dado sintético melhora a precisão de uma amostra. Por exemplo, se uma pesquisa tem 40 respostas humanas, o modelo pode gerar dados equivalentes a 68 respostas reais — um ganho de 70% de precisão. Esse cálculo, chamado de “fator de impulso”, mostra o poder da IA em ampliar a visão de um público sem precisar entrevistar mais pessoas.

Limites e cuidados
Nem tudo pode ser substituído ou ampliado com IA. Os dados sintéticos funcionam melhor em perguntas estruturadas — como “você conhece esta marca?” ou “com que frequência compra este produto?”. Mas ainda não conseguem reproduzir bem respostas abertas, opiniões complexas ou emoções humanas. Além disso, a Kantar mantém protocolos éticos e de segurança rígidos, garantindo que a geração de dados siga as leis de privacidade e os padrões da ESOMAR e da União Europeia.

Usar dados sintéticos reduz o tempo e o custo das pesquisas, mas também diminui o impacto ambiental, já que exige menos trabalho de campo e deslocamento de equipes. E o mais importante: permite que todas as vozes sejam ouvidas, inclusive as de grupos pequenos ou invisíveis nas pesquisas tradicionais.

O Synthetic Sample Boosting não é apenas uma inovação tecnológica — é uma nova forma de entender as pessoas. Com ele, a pesquisa de mercado deixa de ser um retrato limitado e passa a ser um filme em alta definição, capaz de mostrar nuances, tendências e públicos que antes ficavam de fora. É a inteligência artificial a serviço da empatia e da inclusão — porque cada dado sintético, no fim das contas, representa uma chance real de compreender melhor o ser humano.