O DNA em Mutação: Como as Transformações Sociais Forjam os Mercados do Amanhã
Foto: Acervo Pessoal A sociedade não é um arquivo estático, mas um organismo vivo, cujo DNA cultural e comportamental está em constante mutação. Ao longo da hi...
Foto: Arte Let’s Go Bahia
Depois dos bebês reborn e dos Therians, eis o novo personagem do nosso zoológico de tendências: adultos com chupeta. É meme? É fetiche? É autocuidado?
Tal qual os reborns e outras subculturas da internet, o “Binky-wellness” despertou minha curiosidade. A onda ganhou força em agosto de 2025 nos e-commerces chineses, atravessou oceanos, virou notícia em jornais internacionais e chegou ao Brasil como “acessório de regulação emocional”.
A febre surge como estratégia de coping, um jeito humano de buscar conforto. Sucção acalma bebês, mastigar chiclete reduz estresse e fumar ativa a boca como coping, mas com riscos claros à saúde. Roer unhas, mascar chiclete, fumar, beber ou comer em excesso são respostas conhecidas à ansiedade. Chupar chupeta adulta entra nessa lista? Talvez.
Para adultos, as evidências são anedóticas; não há estudos clínicos que comprovem resultados. Tal como os reborns, a prática resgata a infância como território simbólico de segurança. Psicanálise chamaria de uso transicional, psicologia clínica de objeto de conforto, sociologia de performance identitária num feed saturado.
O Binky-wellness não é só ato privado: é encenação para ser vista, comentada e curtida. O adulto usa a chupeta e, ao mesmo tempo, entrega sua vulnerabilidade no palco digital. É o selfie da própria ansiedade.
Desde a pandemia, expor fragilidade virou ritual: partilhamos tédio, medo e inquietação, buscando engajamento como se compensasse mais do que enfrentar as causas reais da ansiedade. A criança interna, o gesto de autocuidado, tudo circula publicamente como natural. Mas aqui mora o risco: atravessar a linha entre autocuidado e compulsão, entre consolo saudável e vício.
A verdade é que o Binky-wellness, Bebês Reborn, e os Therians,são a síntese do nosso tempo: conforto que vira espetáculo, alívio que vira narrativa e alerta sobre como nossas fragilidades são expostas, consumidas e, muitas vezes, esvaziadas no mundo digital. Talvez o mais estranho não seja o adulto com chupeta, as mulheres adultas com bebês reborns nos braços ou as pessoas se comportando como animais, mas estarmos transformando nossas fragilidades em entretenimento.
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