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As aulas presenciais em modelo híbrido já são realidade nas redes municipais, estaduais e privadas da Bahia, que voltaram a receber estudantes após queda nos indicadores da covid-19 no estado. No entanto, as universidades públicas e instituições de ensino superior instaladas em território baiano não devem fazer o mesmo. Procuradas para informar a previsão de volta integral das atividades com discentes, pelo menos, em modelo híbrido, a maioria delas se mostrou pessimista quanto a um retorno pleno e descartam essa possibilidade para 2021.
A negativa pela volta às aulas presenciais mesmo depois da Bahia registrar uma queda de quase 40% no número de óbitos e casos confirmados, no mês de julho, em comparação a junho de 2021. Para Universidade Federal da Bahia (Ufba), que vai manter o semestre de 2021.2 em modelo remoto, esses números não anulam o fato de que ainda existem riscos. "A crise sanitária causada pela pandemia ainda persiste, mesmo que em aparente declínio", declarou a Ufba através de nota, mantendo decisão pelas atividades não presenciais que tinha sido feita ainda em junho.
Com isso, seguirá o modelo de aulas remotas. Ufba e Uneb iniciaram o semestre 2021.2 na segunda-feira (9), completamente online assim como foram os últimos três.
A Ufba informou que mantinha o semestre remoto para não colocar docentes, discentes e servidores em risco por conta dos indicadores da covid-19 e disse que a volta também dependeria da disponibilidade de vacinas para todos os membros da comunidade universitária. Hoje, a universidade mantém esse critério como essencial para uma volta segura. "Entre as condições estabelecidas, está a da vacinação do grupo discente da Ufba, na faixa etária dos 18 a 25 anos em sua grande maioria, o que ainda não ocorreu", afirmou a universidade.
Outra universidade que não tem previsão para retorno às aulas presenciais também por conta da crise sanitária é a Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob). Segundo Adma Kátia Lacerda, pró-reitora de graduação da universidade, a volta está condicionada não somente ao atendimento dos protocolos de biossegurança, mas também à imunização da comunidade acadêmica. "As universidades são 'micro cidades' com um número significativo de pessoas e um retorno presencial integral impacta a exposição da maior parte da comunidade que ainda não está vacinada. E, neste momento, o cenário epidemiológico não permite uma decisão institucional que coloque em risco a comunidade", explicou, destacando a preocupação com estudantes de idade não contempladas pela campanha de imunização contra a covid-19.
Quem segue o mesmo caminho é a Universidade Federal do Reconcâvo Baiano (UFRB), que até elaborou uma minuta com orientações e protocolos de segurança para acesso e uso dos laboratórios e áreas de campo na pós-graduação, mas não vai retornar com as outras atividades nos campi. "A UFRB ainda não tem previsão de retorno total das atividades presenciais. A retomada de atividades presenciais deve acontecer quando autorizado no CONSUNI, com base nas orientações e recomendações das autoridades da saúde pública e da Vigilância Sanitária", informou a universidade.
Decisões que, para o infectologista da S.O.S Vida, Mateus Todt, são acertadas e presam pela saúde das comunidades acadêmicas do estado já que, de fato, a crise sanitária e a possibilidade de uma nova onda de aumento de casos da doença ainda existem. "A atual condição sanitária ainda não é favorável ao retorno de atividades que possam aumentar a chance de contágio pela Covid-19. Teríamos que ter cerca de 70% da população vacinada com as duas doses e baixas consistentes nas taxas de transmissão, mas ocorre que apenas estamos em 50% da população com a primeira dose da vacina e ainda uma taxa de transmissão e mortalidade elevada, mesmo com as baixas recentes", salientou Todt.
No entanto, o infectologista alerta também que, dentro do contexto em que atividades que não são essenciais já estão em flexibilização, como bares e restaurantes, a educação deveria ser tratada como uma prioridade, o que não tem acontecido “O que se poderia fazer neste caso é avaliar as atividades acadêmicas e escolares que podem ser feitas à distância sem prejuízo e aquelas, como as práticas, que não podem. Talvez um modelo híbrido pudesse ser a melhor solução”, diz Todt, que entende que lógica de prioridade foi invertida nesse processo de retomada.
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