Governo retirará até 600 sites de apostas do ar no Brasil nos próximos dias

O governo brasileiro dará início, nos próximos dias, à retirada de 500 a 600 sites de apostas do ar, como parte de um conjunto de medidas para regulamentar o setor de apostas no país. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) será responsável por bloquear o acesso às plataformas, conforme afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A ação faz parte de um plano em quatro etapas para controlar a atividade das casas de apostas.

Além de banir as plataformas não regulamentadas, o governo também imporá novas restrições aos métodos de pagamento, monitorará as apostas e premiações por CPF e aplicará regras mais rígidas sobre a publicidade das operadoras.

“A primeira providência será retirar do ar as bets que não estão regulamentadas, cerca de 500 a 600 sites. A segunda medida é restringir formas de pagamento, como cartões do Bolsa Família e cartões de crédito, que não poderão ser usados para apostas,” declarou Haddad em entrevista à rádio CBN.

Entre as ações previstas, a terceira etapa consiste no monitoramento das apostas através do CPF dos jogadores, o que permitirá identificar possíveis casos de vício em jogos de azar e práticas suspeitas, como lavagem de dinheiro. Por fim, a quarta fase focará na regulação da publicidade, que, segundo Haddad, “precisa de mais controle”.

Preocupação com o Uso de Benefícios Sociais

A situação se agrava com a revelação de um estudo do Banco Central que aponta que, somente em agosto, beneficiários do programa Bolsa Família destinaram R$ 3 bilhões para apostas, via Pix. O montante corresponde a 21% do valor total repassado pelo governo federal no período, demonstrando a magnitude do problema.

Especialistas alertam para os impactos sociais e econômicos dessa realidade, que pode acentuar a desigualdade no país e afetar gravemente a saúde mental dos usuários. Estima-se que cerca de dois milhões de brasileiros já sofrem de ludopatia, um transtorno de vício em jogos reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com o Brasil já consolidado como o terceiro maior mercado de apostas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Reino Unido, as medidas do governo buscam frear o crescimento descontrolado do setor e minimizar os danos à sociedade.