Ferrovia Salvador–Feira de Santana avança e entra em fase final de estudos

Foto: TIC Bahia

O projeto da ferrovia que ligará Salvador a Feira de Santana está avançando de forma significativa. Em nota divulgada nesta segunda-feira (14), o Ministério dos Transportes informou que os estudos de viabilidade estão em fase de ajustes finais e devem ser concluídos em breve. A proposta integra um pacote de grandes obras estratégicas para ampliar o transporte ferroviário de passageiros entre cidades brasileiras.

No final de maio, a empresa TIC Bahia Ltda. protocolou junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) o pedido de outorga de autorização ferroviária para viabilizar a construção do modal. O projeto já foi apresentado ao ministro dos Transportes, Renan Filho, em 12 de junho, e, no fim do mesmo mês, a empresários e integrantes do governo da Bahia, durante reunião do Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI).

Cronograma e próximos passos

Segundo o Ministério, após a finalização dos estudos de viabilidade, o material será submetido à análise técnica da ANTT e, em seguida, passará por audiência pública. Nesta fase, os resultados serão apresentados e poderão receber contribuições da sociedade.

Cronologia do projeto:

• 29 de maio: publicação do pedido de outorga no Diário Oficial da União
• 12 de junho: apresentação do projeto ao ministro Renan Filho
• 27 de junho: apresentação aos integrantes do governo da Bahia

Detalhes técnicos e impacto

A nova ferrovia terá extensão de 98 km, ligando Salvador a Feira com tempo estimado de viagem de apenas 35 minutos, em comparação aos atuais 71 minutos por rodovia. A expectativa é de que até 85 mil passageiros sejam atendidos por dia, com trens de alta velocidade que poderão atingir 160 km/h para transporte de pessoas e 120 km/h para cargas.

O investimento estimado é de R$ 6,8 bilhões. A linha contará com 10 paradas, sendo oito estações de passageiros e dois pátios de carga. A estação inicial será em Águas Claras, em Salvador, com integração ao metrô, ao VLT em construção e à nova rodoviária. As demais estações incluem Simões Filho, Candeias, São Sebastião do Passé, Santo Amaro e Conceição do Jacuípe, chegando à Feira de Santana com paradas em Noide Cerqueira e na Estação Rodoferroviária Contorno.

A ferrovia será construída com bitola larga (1.600 mm), eletrificação de 25 kV e sistema de controle ETCS Nível 2, padrão usado em corredores ferroviários modernos ao redor do mundo.

Benefícios econômicos

Segundo estudos da TIC Bahia, o impacto econômico total pode ultrapassar R$ 90 bilhões, sendo R$ 73 bilhões em Salvador e entorno — com foco no polo portuário e no setor de serviços — e R$ 17,2 bilhões em Feira de Santana e região, onde estão instaladas mais de 300 indústrias.

A receita estimada com a operação do trem intercidades é de R$ 1,115 bilhão por ano, com 23 milhões de embarques anuais a um preço médio de R$ 45, além de R$ 80 milhões com transporte de cargas.

Parte de um planejamento nacional

O projeto Salvador–Feira de Santana faz parte de um planejamento mais amplo do Ministério dos Transportes para ampliar a mobilidade por meio de trens de passageiros. Também estão em estudo novas ferrovias ligando Brasília a Luziânia (GO), Londrina a Maringá (PR), Pelotas a Rio Grande (RS), Fortaleza a Sobral (CE) e São Luís a Itapecuru Mirim (MA).

Segundo o ministro Renan Filho, a definição final dos trechos a serem implementados dependerá dos estudos de viabilidade. A intenção é que as obras sejam financiadas por meio do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que já contempla investimentos em mobilidade urbana na Bahia, como o VLT de Salvador e a futura expansão do metrô até o Campo Grande.