Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), que é uma das maiores pesquisas realizadas pelo IBGE. Além de ser responsável pelo principal indicador do mercado de trabalho do país, ela também levanta dados sobre moradia, educação e saúde da população brasileira.
Com este contingente, a taxa composta de subutilização ficou em 28,7%, 5,8 pontos percentuais a mais que a registrada no 4 trimestre de 2019, que foi de 23,0%. Já a taxa média anual de subutilização ficou em 28,1% - a maior já registrada pelo IBGE - 3,9 p.p. acima do ano anterior, que foi de 24,2%.
Desalento bate recorde no ano
A crise no mercado de trabalho em 2020 fez com que o desalento batesse recorde no país. Na média anual, chegou a 5,5 milhões o número de brasileiros que desistiram de procurar emprego, número 16,1% maior que o de 2019 e o maior já registrado pelo IBGE.
Para a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy, pandemia está diretamente relacionada com o aumento do desalento. “Com os impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao vírus", disse.
Segundo a pesquisadora, o mesmo foi observado entre a população na força de trabalho potencial, que também cresceu ao longo do ano.
"Esse processo causado pela pandemia, somado às dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho, podem ter reforçado a sensação de desalento”, enfatizou.
O país fechou 2020 com uma média de 13,4 milhões de desempregados, o maior contingente da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Na comparação com 2019, foram 840 mil pessoas a mais na fila do desemprego, uma alta de 6,7%.
Com esta população desempregada, também bateu recorde a taxa média anual de desemprego, que ficou em 13,5%. Em 2019, ela foi de 11,9%.
Também na média anual, a população ocupada no mercado de trabalho foi estimada em 86,1 milhões de pessoas, o menor contingente de toda a série anual da pesquisa.
“Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”, destacou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.
Na comparação com 2019, a população ocupada foi reduzida em 7,9%, o que corresponde a 7,3 milhões de vagas a menos no mercado de trabalho. Dos dez ramos de atividade profissional, apenas o da administração pública registrou aumento do número de ocupados, impulsionado pelos segmentos de saúde e educação.
Governo fala em 'retomada vigorosa'
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia avaliou, em nota, que o dados do Caged e do IBGE mostram uma "retomada vigorosa do emprego" no último trimestre do ano passado, principalmente no setor informal.
"À medida que a atividade se recupera ao longo de 2021, principalmente o setor de serviços, o total de trabalhadores informais se elevará, reduzindo o contingente de pessoas sem emprego na força de trabalho ampliada", afirmou.