Segundo a CNC, o cargo de auxiliar de logística foi a posição com maior crescimento no saldo de postos de trabalho com carteira assinada no país em 2020, com alta de 28,1%. Ao todo, foram quase 20 mil vagas (19.276).
A abertura de novas vagas também foi expressiva para estoquistas (alta de 19,1%, com acréscimo de 12.304 vagas) e para embaladores de produtos (crescimento de 12,7%, com 23.677 vagas) – taxas bem acima da variação média de 0,4% registrada no país, que fechou 2020 com um saldo de 142 mil novos postos formais de trabalho.
De acordo com a CNC, os segmentos em que o e-commerce representou em 2020 a maior fatia nas vendas totais foram informática, livraria e papelaria e móveis e eletrodomésticos.
O avanço do comércio eletrônico em meio à pandemia foi puxado pelas categorias que já possuem maior atuação nas vendas pela internet como telefonia, eletrônicos e eletrodomésticos, mas foi observada também uma maior penetração de segmentos como brinquedos, esporte e lazer, e pets.
Segundo a ABComm, a maior necessidade de comprar online por conta das medidas de restrição e de distanciamento social contribuiu na mudança de hábitos de consumo dos brasileiros.
“Num primeiro momento, houve um aumento exponencial nos setores mais relevantes para o consumo imediato. Mas, com a continuidade das restrições de acesso ao comércio tradicional, esse avanço acabou alcançando inclusive outras categorias como games e brinquedos, esporte e lazer, informática e mesa e banho", explica Bandeira.
No Reino Unido e Coréia do Sul, participação é de mais de 20%
Relatório divulgado no começo de fevereiro pela XP Investimentos avaliou que a penetração de e-commerce passou de 6% em 2019 para 9% em 2020. Os analistas destacam, no entanto que essa taxa ainda é pequena quando comparada com os números de outros países, "sendo a China a líder, com uma penetração de 35%, seguida pelo Reino Unido e Coréia do Sul com 22%".
A XP vê espaço para continuidade de um ritmo forte de crescimento do setor e projeta um crescimento de 32% as vendas on-line em 2021.
"Apesar do forte desempenho em 2020, acreditamos que parte da mudança para o online é estrutural, enquanto esperamos que 2021 ainda reflita as restrições da Covid-19, principalmente no primeiro semestre, e, portanto, continue a motivar compras on-line", avaliaram os analistas da XP, alertando ainda que há o risco de que parte dos gastos feitos no ano passado no comércio eletrônico sejam direcionados nos próximos meses para categorias que foram negligenciadas em 2020, como turismo, entretenimento e vestuário.
A consultoria Ebit/Nielsen projeta um crescimento de 26% no faturamento do comércio eletrônico em 2021. Já a ABComm estima um avanço de 18% neste ano, destacando as incertezas em torno do controle da pandemia e avanço da vacinação.
“Sem um cenário controlado de saúde pública, que infelizmente no Brasil está um pouco longe de acontecer, e sem um cenário econômico de pelo menos uma perspectiva de estabilidade, não dá para se pensar em manutenção de números elevados de consumo, seja online ou físico”, afirma Bandeira.
Para continuar avançando em ritmo acelerado, o comércio eletrônico precisa também aumentar os investimentos em logística, transparência e qualidade de atendimento, para ampliar tanto o número de consumidores como de frequência de compras pela internet.
“É necessário capacitação, planejamento e organização para que você mantenha o e-commerce como um canal satisfatório e com qualidade de entrega”, reconhece o porta-voz da ABComm.
Outro desafio é ampliar a relevância de setores que ainda engatinham no comércio eletrônico. O de supermercados e alimentos, por exemplo, que possui o maior peso no faturamento do varejo, ainda enfrenta barreiras relacionadas a hábitos de consumo e dificuldades logísticas para a distribuição de produtos perecíveis.
“A barreira se chama logística. Imagina por exemplo a quantidade de centros de distribuição para uma logística de distribuição de hortaliças poder funcionar”, afirma Bentes.
Outra categoria que ainda enfrenta obstáculos para conseguir uma maior penetração é o de vestuário. “O setor de moda tem uma oportunidade incrível no comércio eletrônico, mas precisa buscar uma padronização em relação às suas medidas e tamanhos, porque isso gera um retrabalho e muitas trocas", diz o dirigente da ABComm.
É praticamente consenso, porém, que ainda há muito espaço para o crescimento do e-commerce e que as perspectivas seguem promissoras para o setor.
"A tendência é que o processo de ganho de representatividade continue. O consumidor mais jovem, que vai entrando ano a ano no mercado, consome tudo pelo celular, não é nem mais pelo computador. Então, a chance de um crescimento de dois dígitos é bem provável que aconteça de novo em 2021”, afirma o economista da CNC.
Via: G1