Uma das mais tradicionais festas do calendário popular de Salvador, a Lavagem do Bonfim possui cerca de 280 anos de devoção, com tradições e manifestações de fé. Em 2024, ela será celebrada no próximo dia 11 de janeiro, quando o cacique do Candeal Carlinhos Brown voltará a puxar o grande cortejo junto ao Zárabe, projeto que toca desde 1995 em homenagem à cultura muçulmana presente na formação étnica e cultural da África árabe. O arrastão sairá da Conceição da praia, logo após a saída do cortejo oficial com as baianas, em direção à Colina Sagrada.
A festa tem importância singular na história de Brown, sendo o lugar onde o artista iniciou na percussão e conheceu figuras importantes como Mestre Pintado do Bongô, Batatinha, Riachão, Panela, Miriam Batucada, entre outros.
“Assim como o Sírio de Nazaré, a festa do Senhor do Bonfim, regado a uma lavagem, comemora no Brasil toda a força da sua espiritualidade católica, sendo a festa na colina uma expressão que totaliza o sincretismo e a miscigenação que une a Deus. Já frequento há mais de 50 anos, foi lá que dei meus primeiros toques percussivos e conheci as pessoas que mudaram a minha vida, como Mestre Pintado do Bongô, Batatinha, Riachão, Panela, Miriam Batucada, Claudete Macêdo, Firmino de Itapuã, Edil Pacheco, Ederaldo Gentil. Foi lá também que comecei os primeiros toques da Timbalada, do Vai Quem Vem, e criei Os Zárabes como uma patuscada e uma corrida musicada, com clarins, pandeirões, incensos. Gostaria de exaltar que a festa do Bonfim é também uma celebração muçulmana, que acontece num período próximo ao Ramadã, onde todos nós nos vestimos de branco, e essa herança se estende para toda sexta-feira. Sou grato ao Pai Oxalá, sou grato ao Senhor do Bonfim e sou grato à Bahia por ter nascido envolto de tanta fé, de tanta religiosidade, tantos caminhos que nos levam a Deus. Estarei lá como devoto, fazendo a minha parte, e todos estão convidados”, convoca o artista.