Artes: Divulgação / Juntaê
O samba junino, manifestação cultural nos bairros populares de Salvador, se estende por todo o ano nas comunidades, como prática cotidiana, herança viva e construção de pertencimento. Para celebrar esse movimento e garantir sua permanência entre as novas gerações e, também em homenagem ao Dia Nacional do Patrimônio Cultural (17 de agosto), a historiadora e pedagoga, Magnair Barbosa, criou o kit paradidático Juntaê - no ritmo do Samba Junino. O material será distribuído gratuitamente em escolas municipais, bibliotecas públicas e comunitárias, espaços de leitura e entre os grupos de samba junino da cidade, reforçando a missão de unir educação e cultura em prol da memória coletiva.
O quebra-cabeça, com 48 peças, representa um festival de samba junino na Praça dos Artistas, no Engenho Velho de Brotas - local onde a família Bafafé reside e que já está em sua 47ª edição. Na ilustração, é possível identificar elementos marcantes da cena, como a casa dos Bafafé, localizada na Rua Manoel Faustino, n° 26.
Voltado para crianças a partir dos 6 anos, o jogo apresenta o tema de forma acessível, inclusiva e pedagógica, aproximando ainda mais o público infantil dessa manifestação cultural. Também foram produzidas versões em alto-relevo, garantindo que crianças com deficiência visual possam ter a mesma experiência de aprendizado e encantamento.
Dentro da caixa, além das peças, há informações introdutórias escritas em linguagem infantil e um QR code que leva a um vídeo animado do quebra-cabeça, acompanhado da música Presença Junina, do grupo Samba Leva Eu. A canção, composta pelo Mestre Seu Flôr e premiada em edital da Fundação Gregório de Mattos (FGM) em 2024, foi gravada com interpretação em Libras e legendas, ampliando a acessibilidade.
Idealizado por Magnair Santos Barbosa, mestra em Cultura e Sociedade pela UFBA, especialista em História e Cultura Baiana, historiadora e pedagoga, o projeto foi selecionado pelo Edital Samba Junino – Ano VII, da FGM, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). “O samba junino não é apenas uma festa; é um movimento que envolve transmissão de saberes, encontros intergeracionais e pertencimento. Valorizar essa dimensão formativa e afetiva é garantir sua perpetuação como patrimônio vivo”, afirma Magnair.
Com mais de 15 anos de atuação, a pesquisadora já coordenou processos de reconhecimento e salvaguarda de expressões culturais como o próprio samba junino, além de criar materiais e programas voltados à educação patrimonial. Entre suas produções estão o livro Maragojipe e as Águas Encantadas, o jogo Cafunjerê, sobre os afoxés, e a cartilha Tessituras do Saber: Patrimônio, Memória e Identidade.
Ao todo, serão distribuídas 500 unidades do kit. O conteúdo conta com ilustração e animação do artista Iago Aragão, consultoria pedagógica de Jacira Sacramento — participante dos primeiros festivais promovidos pelo Grupo União — e consultoria cultural de Mestra Lita Bafafé. A produção é assinada pela Jequitibá Assessoria.
Com essa iniciativa, o samba junino se reafirma como patrimônio vivo, agora também traduzido em peças que permitem que as crianças descubram, brinquem e se reconheçam em uma tradição que continua pulsando em Salvador.

