Camarote Salvador celebra 25 anos com homenagem ao axé e shows históricos em 2025
O Camarote Salvador, um dos maiores ícones do Carnaval brasileiro, prepara uma edição histórica em 2025 para celebrar seus 25 anos e os 40 anos do axé. Pela pri...
Com um novo corpo de baile, o Balé Folclórico da Bahia sobe ao palco do Teatro Castro Alves, no próximo dia 18 de novembro, às 21 horas, para a estreia mundial do espetáculo “O Balé Que Você Não Vê”. As apresentações da curta temporada também vão acontecer nos dias 19, às 21 horas, e no dia 20, às 20 horas. No palco, a companhia de dança afro-baiana vai apresentar três coreografias inéditas – Bolero, de Carlos Durval; Okan de Nildinha Fonseca e 2-3-8 de Slim Mello e, do repertório clássico do grupo, Afixirê, coreografia reconhecida internacionalmente e criada por Rosângela Silvestre. A direção geral do espetáculo é de Vavá Botelho e a direção artística de José Carlos Arandiba (Zebrinha). A montagem integra a programação do Festival Balé Folclórico da Bahia, que conta com o estimulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem os patrocínios do Banco Votorantim e do Instituto Cultural Vale.
Durante o espetáculo, também haverá uma intervenção da cantora Maria Bethânia, em áudio, declamando o poema Mandato de Despejo aos Mandarins do Mundo, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.
O espetáculo O Balé Que Você Não Vê é inspirado na luta diária de uma companhia profissional para se manter, tanto financeira como tecnicamente. Além de toda preparação técnica para dança, música, capoeira, canto e teatro, os bailarinos da companhia não aprendem apenas dança afro-brasileira, eles recebem preparação para dança clássica, dança moderna e contemporânea. “É um trabalho árduo e permanente”, conta Vavá Botelho, fundador e diretor geral da companhia. “Poucas companhias de dança privadas sem patrocinador regular conseguem existir por tanto tempo, mantendo um nível de excelência técnica tão elevado e respeito do público e da crítica”, afirma.
Para as três novas coreografias, o cenário terá projeção em vídeo criado pelo VJ Gabiru; Na coreografia Bolero, Adriano Passos também assina o cenário. Em Afixirê, o artista Alberto Pitta é o responsável pelo cenário. Os figurinos das coreografias Okan e Bolero são assinados por Maurício Martins e os adereços por Luis Claudio Vasconcelos. Já a coreografia 2-3-8 tem figurinos e adereços da Grife Meninos Rei. Em Afixirê, os figurinos e adereços são assinados por Antônio das Graças, Ninho Reis e Vavá Botelho. A iluminação cênica das coreografias Okan e Bolero é de Irma Vidal; Já a iluminação de 2-3-8 fica por conta de Gerard Laffuste; E a coreografia Afixirê tem a iluminação de Antônio Marcos.
Programação inclusiva
No dia 20, às 11 horas, o espetáculo também será apresentado dentro do projeto Domingo no TCA, com ingressos a R$ 1,00 (1 real). E na véspera da estreia, no dia 17, haverá uma apresentação gratuita para escolas públicas das redes municipal e estadual.
“A companhia, que sempre teve uma vocação social muito forte, já brilhou em várias partes do mundo, queremos que todos os baianos vejam o Balé”, afirma Vavá Botelho
Exposição “O Olhar do Tempo
Dentro da programação do Festival, o Balé Folclórico da Bahia vai lançar também a exposição interativa “O Olhar do Tempo”, com curadoria e projeto expográfico de Rose Lima, que contará a história dos 34 anos da companhia. A exposição será aberta no dia 16 de novembro, no Foyer do TCA, e ficará em cartaz até 4 de dezembro, das 10 às 17 horas, com entrada gratuita.
A exposição vai reunir fotos, textos, prêmios, figurinos, cartazes e programas das turnês mundiais realizadas pela companhia. Através de parabólicas sonoras as pessoas poderão escutar os áudios das coreografias que estarão sendo reproduzidas em telões.
Novo corpo de baile
Na formação atual da companhia, quatorze novos bailarinos e apenas três bailarinos veteranos que permaneceram na companhia (desde o início da pandemia, muitos tiveram que buscar novas formas de trabalho e deixaram o grupo). Os novos bailarinos foram selecionados a partir das oficinas de dança afro-brasileira oferecidas gratuitamente pelo próprio Balé.
“O espetáculo O Balé Que Você Não Vê é justamente um reflexo do nosso desafio diário, da nossa resistência. Depois de mais de dois anos sem atividades, reerguer a companhia está sendo um grande desafio. Para ensaiar a nova montagem foi preciso antes formar uma nova companhia já que o grupo foi dissipado pela pandemia”, explica Vavá Botelho.
Na coreografia Afixirê, a companhia terá participações especiais de bailarinos do Balé do Teatro Castro Alves e do elenco do Bando de Teatro Olodum.
Oficinas e vocação social
Além de shows e exposição, o festival, que foi lançado em março, realizou ao longo do ano várias atividades socioeducativas gratuitas, como as oficinas artísticas de dança afro-brasileira e percussão em dez comunidades de Salvador e Lauro de Freitas e as oficinas técnicas de figurino e adereços, cenotecnia e iluminação no TCA. “As oficinas tiveram uma grande adesão e repercussão. Tivemos 1383 participantes inscritos”, afirma Vavá Botelho.
“A companhia tem no seu DNA a vocação para o trabalho social. Nos 34 anos do Balé já formamos mais de 800 bailarinos, a maioria deles oriundos de comunidades de baixa renda. Muitos bailarinos, que aprenderam os primeiros passos de dança no Balé Folclórico da Bahia, ganharam o mundo e hoje brilham em companhias internacionais em vários países da Europa e nos EUA”, declara Vavá Botelho. “Além do trabalho artístico, temos uma função social”, afirma.
Além do aprendizado, alguns participantes das oficinas tiveram a oportunidade de passar a integrar o Balé Folclórico da Bahia. “A partir dessas oficinas, fizemos uma audição e selecionamos novos talentos para formação da companhia”, explica o diretor do Balé.
Reconhecimento
Além do reconhecimento do público e da crítica especializada, o Balé coleciona inúmeros prêmios e conquistas importantes. Em novembro de 2013, durante sua 12ª turnê pela América do Norte, o Balé Folclórico da Bahia (BFB) foi homenageado em Atlanta, capital da Geórgia (EUA). A prefeitura de Atlanta declarou o dia 1º de novembro como o Dia do Balé Folclórico da Bahia no calendário oficial da cidade. Em dezembro do mesmo ano, a companhia ganhou nome de rua na cidade de Aného, no sudeste do Togo, perto da fronteira com o Benim, durante curta temporada na África.
O Balé ganhou inúmeras matérias de página inteira no The New York Times e foi notícia de destaque em vários outros jornais do mundo. Já foi também capa do The Village Voice, uma das mais importantes publicações culturais em Nova York.
O grupo arrebatou a admiração da poderosa Anna Kisselgoff, crítica de dança do The New York Times. "O prazer dos dançarinos, músicos e cantoras em fazer o que eles fazem sobre o palco é tão obviamente parte da vida deles que contagia todo o teatro”, escreveu Kisselgoff. “Eu já assisti seus maravilhosos bailarinos em diferentes países, sempre se comunicando com o público. Crianças e adultos são tomados de imediato pelos ritmos e encantos de sua arte", declarou a jornalista numa das suas criticas para o jornal norte-americano.
Em 1994, a Associação Mundial de Críticos reconheceu o BFB como a melhor companhia de dança folclórica do mundo. Ao longo da sua trajetória, o Balé conquistou vários prêmios e reconhecimento. Dentre eles: o Prêmio Fiat (oferecido pela Fiat do Brasil como a melhor companhia de dança do país em 1990); o Prêmio Estímulo (oferecido pelo Ministério da Cultura como a melhor companhia de dança do país e melhor espetáculo de dança do país em 1993); o Prêmio Mambembão (oferecido pelo Ministério da Cultura como a melhor pesquisa em cultura popular e melhor preparação técnica de elenco em 1996); o Prêmio Bom do Brasil (oferecido pela Varig como um dos cinco mais importantes projetos sócio-culturais existentes no país em 2004) e o Prêmio Mérito ao Turismo (oferecido pela ABRAJET - Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo pelos serviços prestados ao turismo no estado).
Desde 1993, sob a direção artística de José Carlos Arandiba (Zebrinha), a companhia atingiu um nível de aprimoramento técnico-interpretativo, que despertou a atenção dos mais exigentes profissionais e críticos da área de dança. A Bahia, celeiro das manifestações populares no país, tem sido a maior inspiração para as pesquisas do Balé, que através da dança, música e de outras expressões que compõem o espetáculo consegue legitimar o folclore baiano em suas coreografias."O nosso grande objetivo é a educação. Meu princípio é que cada pessoa faz seu caminho. No Balé, há pessoas de todas as faixas etárias e de todas as classes sociais. A partir do momento que alguém entra por nossa porta, deixa fora um monte de estigma," afirma o diretor artístico.
Em 2018, quando completou 30 anos, o Balé Folclórico da Bahia foi homenageado pela Assembleia Legislativa da Bahia e pela Câmara Municipal de Salvador. A companhia foi homenageada pela Comissão Especial de Promoção da Igualdade. Na Câmara Municipal de Salvador por iniciativa do vereador, jurista e professor Edvaldo Brito, a Fundação Balé Folclórico da Bahia também foi homenageada em sessão solene e recebeu da Câmara o título de Utilidade Pública Municipal.
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