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Em 2025, a Festa do Bonfim celebra 280 anos de história, consolidando-se como uma das manifestações culturais e religiosas mais importantes da Bahia. Junto à devoção ao Senhor do Bonfim, a tradicional fitinha, símbolo de fé e esperança, ocupa um lugar especial no coração dos fiéis e no imaginário popular.
A Origem das Fitinhas do Senhor do Bonfim
Conhecida inicialmente como “medida do Bonfim”, a fitinha surgiu no início do século XIX, por volta de 1809. Inspirada na altura da imagem do Senhor do Bonfim, venerada na igreja de mesmo nome, as fitas eram confeccionadas em seda pura, bordadas à mão com a inscrição “Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia” e adornadas com figuras religiosas em ouro ou prata. Usadas como amuletos de proteção, eram itens exclusivos devido ao alto custo.
Com o passar do tempo, a fitinha foi adaptada para democratizar seu acesso:
Século XIX: Produção artesanal em seda, restrita a uma elite religiosa.
Século XX: Transição para o nylon, permitindo a produção em massa. As cores vibrantes e a simplicidade das fitas modernas facilitaram seu uso como pulseiras e objetos devocionais.
Atualidade: Cada cor da fita representa um desejo ou intenção, e a prática de amarrar as fitinhas no pulso ou no gradil da igreja, com três nós e pedidos, tornou-se uma tradição.
Rituais e Significados
Amarrar uma fitinha é um ato carregado de simbolismo. Os três nós representam desejos, enquanto a crença popular afirma que, ao arrebentar naturalmente, a fita sinaliza que os pedidos foram atendidos. Essa prática mistura fé católica com elementos do sincretismo religioso, conectando-se às tradições afro-brasileiras.
As fitinhas transcenderam seu significado religioso, tornando-se ícones culturais da Bahia. Durante a Lavagem do Bonfim, a distribuição das fitas faz parte dos rituais de devoção e purificação, reforçando a conexão espiritual e cultural entre os fiéis e o Senhor do Bonfim.
Embora não haja um criador identificado para a versão moderna da fitinha, sua origem é atribuída à comunidade de fiéis e às irmandades religiosas associadas à Igreja do Bonfim. Este símbolo, que começou como um objeto sagrado exclusivo, é hoje uma representação universal de fé, tradição e identidade baiana.