Um dos espaços culturais do Centro Histórico de Salvador, o Museu da Misericórdia da Santa Casa da Bahia passará por obras de restauração, recuperação e ampliação que vão não apenas preservar melhor todo o acervo existente na estrutura, como também proporcionar mais conforto aos visitantes. A ordem de serviço para o início das intervenções foi assinada pelo prefeito Bruno Reis na sexta-feira (30), em solenidade realizada no Salão Nobre do edifício.
Também participaram do ato o provedor da Santa Casa, José Antônio Rodrigues Alves; o secretário de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro (SACPB), Kaio Moraes; o titular da Superintendência de Obras Públicas (Sucop), Orlando Castro; e o subsecretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Lázaro Jezler. Os serviços serão executados pela construtora Pentágono, vencedora do processo de licitação, e contarão com investimento de R$7,2 milhões, provenientes de convênio com a Caixa Econômica Federal. O prazo estimado para conclusão da obra é de 20 meses.
O prefeito ressaltou a importância do Museu da Misericórdia e que a obra integra a estratégia da Prefeitura para revitalização do Centro Histórico. “Este é um prédio histórico do século XVII, onde funcionou o primeiro hospital de Salvador. Aqui há um acervo histórico riquíssimo, com mais de 3,8 mil itens. Vai ser, com certeza, um dos grandes pontos de visitação da cidade”.
Desde 2013, acrescentou o gestor, a administração municipal concluiu intervenções em mais de 40 equipamentos e espaços públicos na região, com o objetivo de resgatar toda história, cultura e tradições, preservando, portanto, o patrimônio existente. “Tudo isso tem contribuído, ainda mais, para atrair visitantes e, para todos nós que moramos aqui, termos uma cidade com sua história recuperada. Não há como falar do futuro sem o resgate de seus ícones e tradições”, destacou o prefeito.
Ele citou, ainda, diversos projetos pensados para promover maior dinamização e atrair mais turistas para movimentar a economia da cidade. Um dos exemplos é a requalificação do Memorial das Baianas (situado na Praça da Sé) cuja ordem de serviço para o início das obras será assinada em breve. Além disso, a cidade ganhará um espaço inédito dedicado à música, instalado no Casarão dos Azulejos Azuis, no Comércio.
Acervo
O Museu da Misericórdia agrega grande valor ao panorama artístico e cultural do Centro Histórico de Salvador. As mais de 3,8 mil peças que existem no local são classificadas em diversas categorias, como alfaia, mobiliário, pinacoteca e imaginária. Trata-se de um legado de mais de 400 anos de história, com obras que contextualizam do século XVII até os dias atuais.
Um dos destaques são os azulejos de 1712 que reproduzem a Procissão do Fogaréu, que a Irmandade da Santa Casa realizava na noite de Quinta-Feira Santa. Também há uma coleção raríssima de quadros do pintor barroco José Joaquim da Rocha, que retratam a Paixão de Cristo.
O museu tem uma lógia, um espaço arquitetônico de características europeias e conta com um rico trabalho de embrechado em quatro tipos de mármore, que conferiu ao prédio o tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1938.
O primeiro carro movido a gasolina que chegou à Bahia também compõe a secular coleção. Já entre as peças relacionadas a personalidades estão a cadeira feita exclusivamente para visita de D. Pedro II, em 1859, e a escrivaninha de Ruy Barbosa, que foi funcionário da Santa Casa da Bahia.
O museu ainda conta com quadros que retratam Antônio de Lacerda, projetista e executor da obra do Elevador Lacerda, e Raimunda Porcina de Jesus, que alforriou os escravos da Filarmônica dos Chapadistas.