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O duelo na palma da mão

WhatsApp, Telegram e Signal vêm levantando a bandeira da privacidade e segurança e disputando usuários nos últimos meses. Conheça os prós e contras de cada um

O duelo na palma da mão
Otávio Queiroz

Otávio Queiroz

05/05/2021 3:35pm

Não há como negar que os aplicativos de mensagens tornaram-se essenciais na vida das pessoas. Com isso, mais usuários têm buscado alternativas que prometem um maior nível de privacidade e segurança na hora de bater papo através das plataformas. 

O WhatsApp é o mais popular no Brasil, mas viu, nos últimos meses, dois grandes concorrentes, o Telegram e o Signal, ganharem relevância após polêmicas envolvendo a sua nova política de privacidade. 

Com tantas alternativas e recursos diferentes, qual opção escolher? Para ajudar nessa missão, que para muitos pode ser bem difícil, trouxemos um guia com informações e diferenciais entre os aplicativos mais comentados nos últimos meses. 

Coleta de dados

Anunciado em 2009, o WhatsApp conta hoje com mais de 2 bilhões de usuários ativos em sua plataforma. O Telegram, lançado em 2013,  tem em sua base meio bilhão de pessoas. O Signal é o mais novo entre eles, surgiu em 2014 e tem cerca de 200 milhões de utilizadores. 

Entre as três plataformas de mensagens existem diferentes níveis de dados que são coletados. O WhatsApp, por exemplo, é o aplicativo que mais possui metadados, que são as informações obtidas por meio das mensagens enviadas. “Isso significa que ele é o que mais utiliza esses dados pessoais, e com isso consegue descobrir o modelo do seu smartphone e a sua localização, por exemplo”, explica Gabriel Meira, especialista em Segurança da Informação. 

Ele ainda esclarece que o WhatsApp, por ter um código de programação fechado, torna-se pouco transparente sobre o que ele, de fato, coleta. O Telegram e o Signal, por sua vez, coletam muito menos dados e, por possuírem códigos de programação abertos, permitem que qualquer usuário possa examinar quais dados são obtidos e o que é feito com eles.

As mensagens e a criptografia

Aqui entra uma das maiores preocupações dos usuários: a segurança das mensagens que são trocadas. O WhatsApp e o Signal estabeleceram a criptografia de ponta a ponta, que nada mais é do que uma espécie de “cadeado” que apenas o remetente e o destinatário da mensagem podem abrir. Em tese, nem mesmo os aplicativos podem acessar o conteúdo das conversas. 

Além disso, o Signal adota recursos adicionais de privacidade, incluindo bloqueios específicos, desfoque do rosto das fotos e não armazenamento de dados de usuário. A reputação do aplicativo é tão boa que até mesmo jornais como o The Guardian, The Washington Post, The New York Times e The Wall Street Journal recomendam o seu uso para entrar em contato com os seus repórteres com segurança. 

O Telegram, por sua vez, só adota o modelo de criptografia de ponta a ponta em chats na modalidade secreta. Isso significa que os textos, documentos, fotos, vídeos e localizações enviados em chats comuns não possuem a segurança de ponta a ponta, o que demonstra uma desvantagem em relação aos seus dois concorrentes. 

Todos os três aplicativos oferecem ainda o recurso conhecido como “mensagens temporárias”, em que textos, fotos ou documentos compartilhados se autodestroem após certo tempo determinado pelo usuário. A diferença é que no WhatsApp elas desaparecem nos sete dias seguintes, enquanto o Signal e o Telegram permitem que você possa configurar o horário da autodestruição após alguns segundos.  

Segurança adicional

Neste ponto, o Signal justifica porque é o aplicativo utilizado pelo ativista Edward Snowden: além de uma criptografia de ponta a ponta, o app criptografa todos os dados armazenados no celular, incluindo a foto de perfil, os grupos dos quais o usuário participa e outras informações pessoais. 

Já o Telegram e o WhatsApp oferecem a opção de proteção da conta com a autenticação em duas etapas, recurso não presente no Signal. Com ele, é preciso confirmar a identidade do usuário ao tentar ativar a conta em outro aparelho. 

Para o consultor em Cibercrimes e Direito Digital, Demetrius de Azevedo, o usuário também é uma chave importante na busca pela segurança cibernética. “É preciso ficar atento a situações que possam causar vulnerabilidade. Há de se ter cuidado ao abrir links suspeitos e, principalmente, ao compartilhar informações pessoais.”, alerta ele.

"Quem navega precisa ficar atento a situações que possam causar vulnerabilidade. Há de se ter cuidado ao abrir links suspeitos, ao baixar arquivos e, principalmente, ao compartilhar informações pessoais"

 Demetrius de Azevedo, consultor em Cibercrimes e Direito Digital  

Conclusão

O WhatsApp oferece criptografia de ponta a ponta para as suas conversas, mas apresenta pontos questionáveis em relação ao uso de seus dados. O Telegram não usa dados com fins de publicidade, no entanto não possui a criptografia de ponta a ponta ativa por padrão. O Signal aparenta ser a alternativa mais segura, pois combina a criptografia de ponta a ponta em todos os bate-papos com o não uso de dados para publicidade. Cada um apresenta características e recursos que se encaixam bem, a depender da necessidade de cada usuário.