Tecnologia

Esportes eletrônicos: de diversão a um dos negócios mais lucrativos do mundo

Por: Otávio Queiroz

Esportes eletrônicos: de diversão a um dos negócios mais lucrativos do mundo
Otta Queiroz - Editor de conteúdo digital e fã de jogos eletrônicos

Otta Queiroz - Editor de conteúdo digital e fã de jogos eletrônicos

02/02/2021 9:30pm

Arenas e estádios lotados, torcidas apaixonadas cantarolando cânticos, atletas vibrando a cada jogada e premiações que ultrapassam a casa dos milhões de reais. Falando assim pode parecer que se trata de uma competição esportiva tradicional, como o futebol, mas na verdade esse tem sido o cenário de outra modalidade que tem caído na graça dos brasileiros: os esportes eletrônicos.

A brincadeira, que surgiu nos tempos áureos das lan houses, com jovens de todas as regiões se reunindo em um só lugar para jogar, ganhou contorno competitivo e hoje se mostra um mercado em constante expansão e profissionalização. O que antes era casual virou assunto sério, e o que era somente um passatempo hoje é profissão.


Games no Brasil 

O Brasil é hoje o 13º maior mercado de jogos eletrônicos do mundo e o 1º da América Latina. Por ano, são movimentados por aqui cerca de US$ 1,5 bilhão, mais do que o dobro se comparado há 10 anos. E as perspectivas são bastante otimistas para o futuro, com a indústria de games tendo um crescimento de 5,3% até 2022, impulsionado principalmente pelos jogos para celulares. 

O país conta com um público de quase 76 milhões de jogadores ávidos por novidade. Para se ter uma ideia, a edição de 2019 da Brasil Game Show, a maior feira de games da América Latina, teve recorde de público: 300 mil pessoas se divertiram nos estandes de fabricantes como Xbox, Nintendo e Playstation. Com o crescimento desse nicho e, consequentemente, do espaço que ele vem ganhando na mídia, empresários passaram a enxergá-lo como uma excelente oportunidade de negócio e têm investido na área. Tamanha exposição acaba por atrair também patrocínios de grandes empresas nacionais e internacionais. 

"O Brasil é, atualmente, o maior mercado de jogos eletrônicos da América Latina."

Otávio Queiroz 


O cenário soteropolitano

Fora do eixo Sul-Sudeste, a realidade do mercado de eSports é bastante diferente. Apesar de um público fiel e apaixonado também nas regiões Norte-Nordeste, poucos são os serviços e eventos disponíveis para os fãs desse universo. No entanto, isso é algo que deve mudar nos próximos anos, se depender do empresário e gamer Lukas Walter, ou LKz, como é conhecido no mundo dos games.

Aliando a paixão pelos jogos eletrônicos à vontade de empreender, ele idealizou a Beyond Digital Sports (BDS), companhia voltada para a indústria de entretenimento digital que tem como principal objetivo democratizar e profissionalizar os eSports e fomentar o ecossistema local, nacional e até mesmo internacional. “Nossa vontade é criar um cenário cada vez mais forte aqui, como acontece em São Paulo, por exemplo. É replicar aqui e em outras cidades um projeto inovador, tecnológico e funcional”, destaca o sócio-idealizador da BDS.

Indo além de uma simples organização, a empresa busca estimular esse mercado por meio de mentorias que visam capacitar profissionais das mais diversas áreas, fortalecendo e aumentando a qualidade das produções voltadas para os eSports. Entre os serviços que serão oferecidos estão o agenciamento de carreira de influencers e a criação de conteúdos para eSports. Em breve, ela deverá também inaugurar espaços físicos, como academias gamers e laboratórios de tecnologia criativa.

Além disso, eventos presenciais e on-line serão produzidos pela companhia, trazendo o público para ainda mais perto desse universo. “Diferentemente dos eventos que acontecem aqui, nós queremos fomentar isso durante o ano todo, não apenas fazer uma vez e depois simplesmente apagar as luzes e levar os equipamentos embora. Vai ser um processo cíclico e que vai fortalecer o nosso cenário”, pontua LKz.


De hobby a profissão

O aumento no consumo de jogos eletrônicos e a consolidação das plataformas de streaming permitiram o surgimento de uma nova profissão: a de streamer. Entre famosos e desconhecidos, os streamers transmitem as suas jogatinas e interagem com um número cada vez maior de espectadores. No Brasil, embora a área tenha se popularizado recentemente, a comunidade de streamers vem se consolidando desde o início da década, quando as lives pelo YouTube e pela Twitch começaram a aparecer.

O soteropolitano Felipe Barreto de Araújo, ou JonnyZul, como é conhecido na internet, é uma dessas personalidades que resolveu se jogar de cabeça nesse novo mundo. “Tudo começou como um hobby. Iniciei fazendo vídeos para o Youtube e logo depois decidi unir o útil ao agradável e comecei a profissionalizar e a planejar os meus próximos passos”, explica.

Para o streamer, o que ainda falta para um maior reconhecimento do cenário em terras baianas é investimento. “O que eu percebo é que faltam mais iniciativas, como a BDS, de empresas e pessoas que invistam de verdade aqui dentro. Mas eu acredito que o primeiro passo já foi dado e torço para que, em breve, tenhamos uma realidade bem diferente”, pontua.