Sustentabilidade

Lugar de mulher é na presidência

Isabela Suarez é um dos grandes exemplos de liderança na Bahia

Lugar de mulher é na presidência
Brenda Sales

Brenda Sales

11/05/2021 2:50pm

Em março, as mulheres são homenageadas por sua perseverança em lutas seculares e diárias. O presente texto foi escrito nesse mês demasiado simbólico, felizmente com a premissa de se debruçar na emblemática figura de liderança que é Isabela Suarez. 

Advogada, empresária, mãe, presidente da Fundação Baía Viva e coordenadora do Núcleo de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Inovação da Associação Comercial da Bahia são alguns dos papéis que Isabela exerce. Simultaneamente, a empresária tem como uma de suas prioridades alavancar a sustentabilidade no Estado da Bahia. 

A Baía Viva é uma organização social sem fins lucrativos que surgiu justamente do âmago de empresários preocupados com a falta de investimentos e depreciação ambiental na Baía de Todos-os- -Santos. A atuação da entidade viabiliza o desenvolvimento e a execução de projetos socioambientais nos locais de maior necessidade. Como presidente da instituição, o trabalho de Isabela resgata o prestígio turístico e ambiental da baía. 

Conversamos com Isabela para entender como a sustentabilidade influencia os seus movimentos e quais os seus aprendizados e perspectivas à frente das instituições que lidera. 

Você integra o corpo da Associação Comercial da Bahia, no qual foi criado um núcleo de Sustentabilidade. A que se propõe esse núcleo e como isso pode contribuir dentro da área de atuação da entidade? 

Cheguei ao núcleo a partir dos trabalhos que desenvolvo na Fundação Baía Viva. A proposta é apresentar aos associados e a toda a classe empresarial do nosso Estado como a adoção de medidas sustentáveis impacta positivamente na vida e na saúde das empresas. Além disso, desconstruir a imagem equivocada sobre a relação empresarial e o meio ambiente. A classe empresarial não é uma ameaça, nossa luta é para que o debate seja racional e, dessa forma, construir um novo caminho que afaste a Bahia e o Brasil dos estigmas que impedem o nosso bom desenvolvimento: insegurança jurídica e dificuldade no licenciamento das atividades.

Quais foram os maiores desafios enfrentados por você à frente da Baía Viva? 

Afastar a tese do preservacionismo absoluto em lugares e destinos sem planejamento urbano. Após 22 anos de atuação, conseguimos demonstrar que o subdesenvolvimento é o grande inimigo do meio ambiente. A geração de riqueza a partir da vocação econômica natural do lugar transforma a maneira como o indivíduo se relaciona com a natureza. A pobreza é uma das grandes responsáveis pelo comportamento extrativista do homem, e na Baía de Todos- -os-Santos somos os protagonistas do maior programa de geração de emprego e renda nas comunidades nativas das ilhas do município de Salvador.


"Faço dessa oportunidade um exemplo para que outras mulheres percebam que é perfeitamente possível ocupar espaços de liderança, independentemente da condição de gênero"

Isabela Suarez 


O que vocês pensaram para a Ilha dos Frades e quais os desafios desse local? 

O motivo do início dos trabalhos a partir da Ilha dos Frades é porque um dos princípios do bom planejamento, sobretudo quando se trata de turismo, passa pela identificação de ambientes estratégicos geograficamente e demograficamente. É exatamente isso que acontece nessa ilha. Sua posição dentro da Baía de Todos- -os-Santos e a baixa densidade da ocupação contribuem para que um projeto turístico seja implementado plenamente  (contando com infraestrutura, recuperação do patrimônio, geração de renda e educação ambiental). O grande desafio é transformá-la em um destino que aproveite o máximo da sua vocação econômica natural e que seja absolutamente autossustentável. 

Quais as metas da Baía Viva para o futuro? 

Difundir a importância da Baía de Todos-os-Santos dentro do cenário nacional, já que poucas pessoas conheciam a sua relevância até o ano de 1800. Vamos levar ao conhecimento de todos que somos o berço do Brasil e que durante todo o período colonial aqui foi o palco dos grandes acontecimentos que marcaram a nossa história. 

Como é encarado o fato de você ser uma mulher na posição de liderança de importantes organizações? 

Em primeiro lugar, agradeço aos conselheiros da Fundação Baía Viva e à minha família pela confiança. Em seguida, faço dessa oportunidade um exemplo para que outras mulheres  percebam que é perfeitamente possível ocupar espaços de liderança, independentemente da condição de gênero. Preci - samos deixar para trás a figura glamourizada da mulher que acumula milhares de funções, acredito que, nesse sentido, estou dando a minha contribui - ção para mostrar que é normal dividir tarefas, para que exista a possibilidade de ocupar posições de poder. 

Como poderíamos trazer mais sustentabilidade para o cenário atual?

Considerando o nosso contexto socioeconômico, insisto no argumento de que só será possível avançar com a melhora na qualidade de vida da população assegurando os princípios fundamentais à dignidade humana, como saúde, educação e renda. 

No campo individual, é possível mudar hábitos do cotidiano, dando preferência a produtos biodegradáveis, consumindo menos plástico, cultivando áreas verdes etc. No âmbito empresarial, o tema requer um pouco mais de pragmatismo e funciona adotar condutas sustentáveis que contribuem para as empresas serem mais rentáveis, competitivas e eficientes na geração de riquezas. A pandemia fez com que as grandes corporações ligassem o alerta para a construção de uma agenda ESG, e apenas essas empresas serão capazes de sobreviver ao mercado.

Qual planeta você quer para os seus filhos e netos? 

Um planeta onde as garantias fundamentais e a dignidade da pessoa humana sejam asse - guradas. Não existirá meio ambiente preservado sem justiça social!