Saúde

Lockdown funciona? O que diz a ciência sobre as medidas de distaciamento social

Lockdown funciona? O que diz a ciência sobre as medidas de distaciamento social
Da Redação

Da Redação

23/03/2021 8:30am

A onda de novas infecções novo coronavírus aumentou as discussões em torno da necessidade de um lockdown em mais cidades brasileiras. O protocolo de distanciamento se difere da conhecida "quarentena", com saída liberada apenas para atividades essenciais, por um controle ainda mais rígido do movimentação de pessoas nas cidades. Ele é uma intervenção considerada importante para a diminuição da transmissão do vírus Sars-CoV-2, mas será que a ciência o vê como essencial?

O lockdown funciona?

Um estudo do International Journal of Infectious Diseases analisou as medidas de 190 países entre 23 de janeiro e 13 de abril de 2020, durante a primeira onda da covid-19 pelo mundo. Ele levou em consideração quatro tipos de intervenções não-farmacêuticas (NPI, na sua sigla em inglês) para a redução do coronavírus: o uso obrigatório de máscara em público; isolamento social ou quarentena; distanciamento social e restrição na mobilidade urbana.

Qualquer intervenção realizada isoladamente levou a uma redução significativa na transmissão do coronavírus: máscaras (-15,14%); quarentena (-11,40%); distanciamento social (-42,94%) e mobilidade urbana (-9,26%).

Porém, as intervenções mais efetivas foram aquelas feitas com mais de um NPI, especialmente as que incluíram distanciamento social, prática recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde o início da pandemia. Já a intervenção mais comum nos países analisados foi a restrição na mobilidade urbana. 

Levando em consideração apenas a quarentena, houve uma diminuição de 10,6% na transmissão da covid-19. Quando combinada com outros NPIs, a redução se intensifica: -17,83% com restrição ao transporte público, -38.58% com distanciamento social e -54.12% juntando os três.

Com a adição do último NPI, máscara obrigatória, o número chega a -62.81% na redução no número de novas infecções. “As combinações com mais tipos de NPIs pareceram estar associadas a uma maior diminuição na transmissão da covid-19”, conclui o estudo. 

Apesar dos dados comprovarem a eficácia de uma ou mais intervenções não-farmacêuticas, o conceito de “quarentena” aplicado em alguns países, inclusive no Brasil, se difere do lockdown. Enquanto o último implica obrigatoriedade, a quarentena seria uma recomendação, o que leva a um menor impacto na taxa de transmissão.