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No Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, celebrado em 26 de março, especialistas reforçam a importância dos exames preventivos, da vacina contra o HPV e de práticas sexuais seguras para reduzir a incidência da doença, considerada altamente evitável. O Ministério da Saúde anunciou uma nova estratégia nacional para ampliar a vacinação, estendendo a faixa etária e incluindo novos grupos prioritários.
Terceiro tumor maligno mais frequente entre as mulheres no Brasil, atrás apenas dos cânceres de mama e colorretal, o câncer de colo do útero é um problema de saúde pública. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país deve registrar 17.010 novos casos da doença em 2025. Na região Nordeste, a Bahia lidera o número de diagnósticos, com previsão de 1.160 novos casos este ano. Dados do Ministério da Saúde apontam que cerca de 6,5 mil mulheres morrem anualmente em decorrência da enfermidade.
Vacinação é a principal forma de prevenção
Cerca de 90% dos casos de câncer de colo do útero estão relacionados à infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), transmitido principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas. Os subtipos HPV-16 e HPV-18 são considerados os mais perigosos, com maior potencial oncogênico.
Pesquisas indicam que a vacinação contra o HPV é altamente eficaz na redução da incidência da doença. Um estudo publicado na revista Lancet Oncology apontou uma queda de 87% nos casos entre mulheres vacinadas em comparação às gerações anteriores. "A vacinação antes do início da vida sexual é uma das principais estratégias para o controle da doença", afirma a oncologista Luciana Landeiro, da Oncoclínicas Bahia.
O Ministério da Saúde ampliou recentemente a oferta da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS), passando a incluir jovens de até 19 anos. A medida visa resgatar adolescentes que ainda não receberam o imunizante. Além disso, novos grupos prioritários foram incorporados, como usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV), imunossuprimidos e vítimas de violência sexual, entre 9 e 45 anos.
Na rede privada, também está disponível a vacina nonavalente, que oferece proteção ampliada contra nove subtipos do HPV.
Importância do exame preventivo
O exame preventivo Papanicolau continua sendo uma ferramenta essencial para o diagnóstico precoce. "Ele permite identificar não apenas o câncer cervical em estágios iniciais, mas também lesões precursoras da doença, que podem ser tratadas antes de evoluírem para um tumor", explica a oncologista Daniela Galvão.
De acordo com o INCA, mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram a vida sexual devem realizar exames periódicos. Como a infecção pelo HPV pode ser assintomática por longos períodos, a detecção precoce é fundamental.
Tratamento e desafios
O tratamento do câncer de colo do útero varia conforme o estágio da doença e pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. "A abordagem terapêutica é sempre individualizada, e os avanços da medicina têm tornado os tratamentos menos invasivos e mais eficazes", destaca a oncologista Hamanda Nery Lopes.
Apesar de ser uma doença prevenível e curável quando detectada precocemente, o câncer de colo do útero ainda registra alta incidência no Brasil. "A baixa adesão à vacina e a falta de informação sobre os riscos da doença são desafios para a saúde pública", alerta Luciana Landeiro.
Especialistas reforçam que a combinação entre vacinação, rastreamento regular e educação sexual é a chave para reduzir a mortalidade e a incidência da doença no país.
