Saúde

Câncer de mama e ressecamento íntimo: médica explica impacto silencioso do tratamento

Fenômeno afeta mais de 70% das pacientes e reforça importância do cuidado integral após a cura

Câncer de mama e ressecamento íntimo: médica explica impacto silencioso do tratamento
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

10/11/2025 9:08pm

📷Foto divulgação


O tratamento contra o câncer de mama tem garantido sobrevida para milhares de mulheres no Brasil, mas também traz efeitos colaterais que ainda recebem pouca atenção. Entre eles está o ressecamento íntimo, condição que atinge mais de 70% das pacientes e interfere diretamente na qualidade de vida. A ginecologista e sexóloga Dra. Jaqueline Ferraz, fundadora da Clínica Corpo e Mente, em Vitória da Conquista, alerta para a necessidade de ampliar a conversa sobre o tema e oferecer acompanhamento adequado às mulheres no período pós-tratamento.

Segundo a médica, a queda abrupta do estrogênio durante terapias hormonais, químicas ou radioterápicas reduz a lubrificação natural e deixa os tecidos vaginais mais finos e sensíveis. Esses efeitos, embora fisiológicos, podem provocar dor, ardência e desconforto nas relações. Para muitas mulheres, isso também afeta autoestima e bem-estar emocional. Dra. Jaqueline reforça que existem soluções seguras, como hidratantes vaginais, lubrificantes adequados, fisioterapia pélvica e tecnologias como radiofrequência e laser — sempre integradas ao acompanhamento oncológico.

Estudos internacionais citados pela Sociedade Brasileira de Mastologia apontam que 77% das mulheres mastectomizadas relatam algum grau de disfunção sexual após o tratamento, sendo o ressecamento vaginal um dos sintomas mais frequentes. Para Dra. Jaqueline, quebrar o tabu é fundamental. Ela destaca que estar curada vai além da ausência do tumor: envolve a capacidade de recuperar confiança no corpo, prazer e qualidade de vida.