Presidentes do Brasil e da China assinam 37 acordos bilaterais
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por Maria Eduarda Carvalho - Equipe World Review Magazine
Na semana do aniversário da cidade de São Paulo, a Revista Veja SP, popularmente conhecida como Vejinha, publicou em sua reportagem de capa uma homenagem aos 467 anos da capital paulista. O elemento central dessa comemoração foi o perfil dos “novos” nordestinos que migram para a cidade em busca de oportunidades profissionais. São Paulo, a capital do Nordeste.
De acordo com a Veja SP, "não é mais com calos nas mãos que os migrantes nordestinos constroem São Paulo”; o perfil dos trabalhadores pode ter mudado, mas o estigma continua o mesmo. A reportagem falhou em não mencionar que movimentos migratórios de massa não são espontâneos. A população dos estados da região nordeste - tão diversos e complexos - precisaram sair dos seus locais de origem pela falta de investimento do poder público na região e a concentração do fenômeno da industrialização brasileira acontecendo principalmente na região sudeste.
A revista esqueceu que o sudeste, em especial São Paulo, não se desenvolveu sozinho e com as mesmas condições que outros estados. Desde o ciclo cafeeiro e amplamente privilegiado no primeiro ciclo de industrialização brasileira, os paulistanos têm se beneficiado com políticas de incentivos e investimentos diretos do governo federal. Um governo que não foi tão gentil assim com a parcela de estados da região nordeste. Esse crescimento desigual é visto até hoje no Brasil, um país de renda extremamente concentrada. De acordo com o IBGE, em 2018, por exemplo, o rendimento médio mensal domiciliar per capita do sudeste foi de R$1.639, o dobro do recebido pelos nordestinos, com média de R$815.
Outro destaque é uma divisão de ondas de migração traçada pela revista. O fluxo migratório para São Paulo, principal foco do desenvolvimento econômico do país, é uma constante com momentos de maior ou menor expressão. Na medida em que a própria cidade evoluiu tecnologicamente, modernizando postos de trabalho, as desigualdades evoluíram em conjunto uma vez que o sudeste ainda é a região de maior número de ofertas de emprego qualificadas.
Em resumo, não houve progresso, muito menos independência. As pessoas migraram e migram pela mesma razão: melhores condições de vida. Talvez a grande surpresa para Vejinha seja, como abordado pela matéria, que “enfim — e felizmente — os nordestinos disputam com maior igualdade os bons empregos e ampliam-se chances de abrir negócios mais sofisticados na metrópole”. E aqui negócios sofisticados na metrópole não foi um termo extraído de um livro de História sobre o Brasil Colônia, mas talvez o sentimento permaneça o mesmo.
É bem verdade que talvez se deva comemorar, afinal, mesmo com décadas de atrasos e descaso do poder público, nordestinos se qualificam, produzem ciência, arte, cultura e tecnologia. Quem diria?
Por último, o que mais chamou atenção: o título e a semiótica da capa também foram amplamente repercutidos. “A Capital do Nordeste”. A referência é menos sobre a expressiva parcela da população oriunda do nordeste em terras paulistanas e se concentrou no domínio exercido de São Paulo sobre a região, o centro, a referência, a capital.
Cactos e tons terrosos dão o tom agreste homogeneizado desse espaço figurativo de fome e de seca chamado Nordeste. Uma matéria para desconstruir os estereótipos sobre a migração nordestina, mas que tudo o que faz é reafirmar os preconceitos e a visão engessada de que para os estados nordestinos São Paulo é a única saída possível.
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