Moda

Monica Anjos lança Coleção Ancestralidade inspirada na obra da coreografa Mercedes Batista

Monica Anjos lança Coleção Ancestralidade inspirada na obra da coreografa Mercedes Batista
Da Redação

Da Redação

26/07/2021 4:00pm

Mônica Anjos está há mais de duas décadas no cenário da moda brasileira. Com um intenso trabalho de pesquisa e eterna busca pela perfeição, ela tem apostado em tudo que remete ao bom gosto e sofisticação. Responsável por peças que fogem as tendências ditadas pela indústria da moda e a um exclusivo padrão de beleza, Anjos oferece modelos que uma vez no corpo, não passam despercebidos. Tecidos, estampas, cores e texturas que alegram não só quem veste, mas enche os olhos de quem vê. Ainda assim, essas vestes não se esquivam de traçados sócios-históricos, procurando alinhavar questões necessárias á contemporaneidade. A personalidade forte da estilista reflete na marca de mesmo nome. Ao longo dos anos, os (re)cortes vão (mol)dando mutuamente características marcantes que se impõem a cada trabalho realizado, e nesse emaranhado, há simetria. O resultado seja para uma ou outra, tem nome e sobrenome: Mônica Anjos, Moda com Identidade!

O Projeto – Coleção Ancestralidade

Ancestral – condição da relação entre homem e cultura como uma experiência social de produção que passa de gerações para gerações. Nesse sentido, a Coleção Ancestralidade, inspirada na grande coreografa Mercedes Batista (esse é o ano de seu centenário) e sua trajetória profissional, consiste nas relações entre indumentárias e memórias negras, o diálogo considera oralidade e gestualidade que se expressam a partir das peças produzidas. A vestimenta permite pensar uma correlação entre o corpo e a memória, relacionando africanidades e estéticas negras. Ao priorizarmos a dimensão estética e histórica, temos como pressuposto que: as roupas excedem a função de cobrir e proteger o corpo, assim como os movimentos corporais, no caso a dança, extrapolam o exercício da arte, exercendo funções importantes que auxiliam na compreensão da dimensão social e litúrgica de diferentes gerações. No contexto da coleção, moda e dança estão entrelaçados pelo design gráfico e acessórios de técnica macramê que, para além do volume, garante o movimento, seja rítmico ou dentro de aspectos subjetivos como atemporalidade, direção, continuidade.


Parcerias – designers

 A estamparia dos tecidos assinada por Alberto Pita, um dos mais importantes artistas plásticos da Bahia, criador de estampas afro-baianas que utilizam símbolos, ferramentas, indumentárias e adereços de orixás como fonte de inspiração.

A designer Janaina Rodrigues, assina os acessórios, as máscaras feitas com pontos de macramê; amarrações livres em cordões de algodão cru e uso do couro ecológico.

Nessa perspectiva, o espaço sagrado de matrizes africanas, tem permitido através de sucessivas gerações, inspirações que permitem essa continuidade. Foi nesse solo que Mercedes Batista solidificou sua identidade artística, há mais de meio século. Assim o mais novo projeto da estilista Mônica Anjos segue inspirado em seus passos, “um balé de pés no chão”, movimento que rogam ancestralidade, também identificada nas cores escolhidas, seja no clássico branco ou na paleta de cores terrosas que remete ao significado de telúrico: “terra, chão, solo”; bem como seu conceito poético: “a influência do solo de uma região sobre o caráter e os costumes de seus habitantes”. Aqui, misturam-se solos e a memória reitera Identidade.


Trilha – o lirismo ancestral

Para costurar o projeto do Fashion film, a canção escolhida foi “SESE KURUDU” (Cântico para Oxum) de Inaicyra Falcão, cantora lírica, graduada em dança, pesquisadora, doutora em educação, autora de “Corpo e Ancestralidade – uma proposta pluricultural de dança e arte em educação”. Descendente direta de uma das famílias fundadora do reino de ketu, na Nigéria; filha de mestre Didi e neta de mãe Senhora – uma ode a ancestralidade

Possivelmente uma enciclopédia viva de nossa cultura. Um privilégio que não cabe em nós, baianos.

Local – Palácio Rio Branco

O Palácio Rio Branco, inaugurado em 1919, foi durante muito tempo a sede do governo da Bahia e será a nossa locação – com vista privilegiada que inclui a lateral do Elevador Lacerda, o Forte São Marcelo, e a Baía de Todos os Santos. Na fachada, acima da grande porta, existem duas esculturas que representam Sabedoria e Justiça. As portas laterais, se abrem para esse cenário de tirar o fôlego. Escadas imponentes de ferro inglês com tapetes vermelhos; tetos com várias representações, a exemplo da sala de espera que exibe “Anjos com asas de borboletas, representam os jovens, o futuro da nação. Já as borboletas representam as transformações da sociedade brasileira”. Desejos que, depois de mais de um século, não poderiam ser mais latentes, agora, só mudam os corpos!