Foto: Reprodução YouTube/Instituto Moreira Salles
O cartunista Jaguar, um dos nomes mais marcantes da imprensa alternativa brasileira, morreu neste fim de semana, aos 93 anos. Fundador de O Pasquim, jornal lançado em 1969, Jaguar ajudou a transformar o semanário em um símbolo de resistência contra a censura e a repressão impostas pelo regime militar.
Entre suas criações mais conhecidas está Sig, um simpático rato inspirado em Sigmund Freud, que se tornou mascote e símbolo do jornal. Sarcástico e provocador, o personagem se intrometia em matérias, entrevistas e até anúncios, conquistando os leitores e tornando-se presença constante ao longo das mais de duas décadas de circulação da publicação.
A trajetória de Jaguar e de O Pasquim volta ao centro das atenções com o lançamento do livro Rato de Redação – Sig e a História do Pasquim, escrito pelo jornalista e produtor cultural Márcio Pinheiro e publicado pela Matrix Editora. A obra resgata episódios marcantes dos 22 anos de existência do jornal, como a prisão de 80% da redação em 1970, além de revisitar as disputas internas, crises financeiras e o encerramento do periódico em 1991.
Com humor corrosivo e linguagem coloquial, O Pasquim se consolidou como porta-voz da indignação social brasileira durante a ditadura, alcançando tiragens de até 200 mil exemplares em seu auge. Para Pinheiro, o jornal é parte fundamental da memória política e cultural do país. “O rato Sig é a presença mais constante durante as mais de duas décadas do jornal, traduzindo o espírito crítico e bem-humorado que marcou aquela geração”, afirma o autor.
O legado de Jaguar e de O Pasquim permanece vivo como referência de ousadia, irreverência e coragem jornalística em tempos de repressão.