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Lucelmo Lacerda discute política de inclusão nas escolas brasileiras em novo livro

Lucelmo Lacerda discute política de inclusão nas escolas brasileiras em novo livro
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

25/06/2025 6:13pm

Foto: Acervo Pessoal

A política de inclusão total praticada atualmente nas escolas brasileiras, especialmente na rede pública, está no centro de uma crítica contundente feita pelo pesquisador e doutor em Educação Lucelmo Lacerda. Em seu novo livro, Crítica à Pseudociência em Educação Especial, publicado pela editora Luna, o especialista questiona a eficácia de incluir, sem distinção, todos os alunos com deficiência ou neurodivergência exclusivamente em salas de aula regulares — prática adotada sob a justificativa de promover a inclusão social.

Autista e pai de uma criança autista, Lucelmo defende que a chamada “Inclusão Total”, hoje respaldada pela Política Nacional de Educação Especial (PNEE) do Ministério da Educação, desconsidera as necessidades específicas dos alunos e contribui para lacunas profundas na aprendizagem. “Só defende esse tipo de inclusão quem não está no dia a dia da escola. Não existe formação técnica para o ensino especializado, e boa vontade não substitui estrutura nem metodologia”, afirma.

Segundo o autor, a inclusão real não pode ignorar a diversidade de perfis e demandas dos estudantes. Ele propõe uma distinção entre dois modelos: a Inclusão Total, que extingue as salas e escolas especializadas, como as APAEs, e a Educação Inclusiva, que reconhece a importância desses espaços e defende um sistema mais flexível, capaz de combinar integração e suporte individualizado.

Lucelmo aponta ainda que, em países desenvolvidos, o atendimento a estudantes com deficiência se baseia em metodologias testadas e práticas com eficácia comprovada — as chamadas Práticas Baseadas em Evidências. Já no Brasil, afirma, prevalece um discurso político e ideológico, sem respaldo científico, que acaba negligenciando os estudantes que mais precisam de apoio especializado.

“É preciso abandonar o discurso encantado da inclusão por si só. A melhoria da educação especial passa pela existência de salas e escolas especializadas, com recursos, formação adequada e planejamento pedagógico estruturado. Assim é feito em qualquer país que leva a sério a inclusão escolar”, reforça.

A obra traz dados comparativos entre o Brasil e outros países, além de uma análise crítica sobre os rumos da educação inclusiva no país. Para Lucelmo, o modelo atual é, além de precário, mais barato para o poder público — o que explicaria, em parte, sua manutenção. No entanto, alerta, essa escolha tem um alto custo social e educacional para os estudantes com deficiência.