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Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, morre aos 73 anos em Belo Horizonte

Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, morre aos 73 anos em Belo Horizonte
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

03/11/2025 12:55pm

Foto: Reprodução / @loborgesoficial

Morreu nesta segunda-feira (3), em Belo Horizonte, o cantor e compositor Lô Borges, um dos nomes mais importantes da música brasileira. A informação foi confirmada pela família do artista. Ele tinha 73 anos.

O músico estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o dia 17 de outubro, após uma intoxicação por medicamentos. Durante o período de internação, precisou de ventilação mecânica e, em 25 de outubro, passou por uma traqueostomia.

Em parceria com Milton Nascimento, Lô foi um dos fundadores do histórico Clube da Esquina, movimento que revolucionou a música popular brasileira nos anos 1970. Entre seus maiores sucessos estão “Um girassol da cor do seu cabelo”, “O trem azul” e “Paisagem da janela”.

Nascido Salomão Borges Filho, no bairro Santa Tereza, região Leste da capital mineira, Lô era o sexto de 11 irmãos. A mudança temporária de sua família para o Centro de Belo Horizonte, durante uma reforma na casa, foi determinante para o início de sua trajetória musical. Foi ali, ainda aos 10 anos, que conheceu Milton Nascimento, então com 20. “Sentei na escadaria e dei de cara com um carinha tocando violão — era o Bituca”, relembrou o artista em entrevista ao Conversa com Bial (2023).
“Ele me perguntou: ‘Você gosta de música, né, menino?’”, contou.

Pouco depois, nas ruas do centro da cidade, conheceu também Beto Guedes, com quem formaria outra das grandes parcerias de sua carreira. De volta a Santa Tereza, Lô se juntou aos irmãos e amigos músicos que se reuniam nas esquinas do bairro — nascia, assim, o Clube da Esquina.

O encontro com Milton Nascimento se transformou em parceria criativa e no álbum Clube da Esquina (1972), considerado um divisor de águas na música brasileira. O disco foi eleito o maior álbum brasileiro de todos os tempos e o nono melhor do mundo pela revista norte-americana Paste Magazine. No mesmo ano, Lô lançou seu primeiro disco solo, o cultuado Disco do Tênis.

O sucesso repentino levou o artista a fazer uma pausa na carreira, durante a qual viveu em Arembepe (BA), mantendo-se fiel à composição. O retorno veio em 1978, com o álbum Via Láctea, seguido por Sonho Real (1984), que o levou à sua primeira turnê nacional.

Na década de 1990, uma nova geração redescobriu sua obra com “Dois Rios”, parceria com Samuel Rosa, do Skank.

Mais recentemente, Lô Borges manteve-se ativo e criativo: desde 2019, lançou um álbum de inéditas por ano. O último, Céu de Giz, foi lançado em agosto de 2025, em parceria com Zeca Baleiro — encerrando com brilho uma trajetória marcada por poesia, afeto e inovação musical.