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Fotógrafo baiano convidado pela ONU levará exposição sobre Orixás à Europa em 2026

Fotógrafo baiano convidado pela ONU levará exposição sobre Orixás à Europa em 2026
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

12/12/2025 4:03pm

Fotos: Ecolint e André Fernandes

O fotógrafo documental baiano André Fernandes segue ampliando o alcance internacional de seu trabalho. Autor da série Orixás (2014), produzida no terreiro Ilê Axé Alaketu, ele foi novamente convidado pela Organização das Nações Unidas para expor a obra na Europa, em uma mostra ao ar livre prevista para agosto de 2026, às margens do lago Quai Wilson, em Genebra. A exposição reunirá artistas premiados nas últimas quatro edições do Concurso Internacional para Artistas de Minorias, promovido pela ONU, do qual André foi um dos vencedores.

A série Orixás, composta por quinze fotografias que representam de Exu a Oxalá, já circulou pelo Brasil e atualmente integra a mostra Candomblé, em cartaz no Instituto Guimarães Rosa, em Asunción, no Paraguai, entre novembro de 2025 e março de 2026. A exposição também reúne a coleção inédita Ounjẹ Òrìṣà – Comida de Orixá (2025), formada por dezesseis imagens que aprofundam o diálogo entre rito, memória ancestral e identidade afro-brasileira. O espaço tem recebido visitantes paraguaios e turistas interessados em conhecer de perto elementos da tradição do Candomblé.

Para André, o convite reafirma o compromisso que orienta sua produção. “Cada fotografia da série Orixás carrega a memória e a responsabilidade de traduzir em imagem aquilo que se sente antes de se ver. Expor esse trabalho fora do Brasil é reafirmar que nossa ancestralidade não conhece fronteiras e continua ecoando onde houver espaço para escuta e respeito”, afirma. A obra, realizada sob o olhar do Babalorixá Indarê Sá, foi reconhecida pela ONU como instrumento de preservação cultural e combate à intolerância religiosa.

Premiado durante a 17ª sessão do Fórum das Nações Unidas para Minorias, André foi o único brasileiro laureado na edição de 2024, representando a Bahia junto ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Para ele, a nova etapa da circulação internacional da série reforça o sentido coletivo do projeto. “A arte é ponte e também testemunho. Permite que outras pessoas encontrem suas próprias leituras sobre os Orixás e sobre a memória diaspórica. É uma forma de mostrar que a história segue viva e disposta ao diálogo em qualquer lugar do mundo”, conclui.