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Ele faz sessão de autógrafos e bate-papo no próximo sábado, 15 de junho, na Livraria midialouca
Quem foi aluno do professor Fernando Eleodoro garante nunca ter se esquecido desse autêntico MESTRE, na melhor acepção da palavra. Pois, agora, a intimidade dele com a língua portuguesa se confirma na viagem literária “Os Colares de Vó Docéu”, lançada aos 81 anos de idade. O público terá oportunidade de conferir de perto o lançamento oficial no próximo dia 15 de junho, das 16h às 20h, na Livraria midialouca, no Rio Vermelho. Com direito a sessão de autógrafos e bate-papo com o autor, sob a mediação do jornalista Marcos Navarro, que escreveu o prefácio do livro.
Segundo o autor, o romance está focado na ideia da humanização das pessoas. "Ninguém pode ser excessivamente pobre nem excessivamente rico. São as mesmas desgraças", explica Eleodoro, que escreveu essa primeira obra à mão durante seis meses. Registrou manualmente porque se recusa a usar computador ou celular. É o que podemos chamar de pessoa analógica. "Sou tabaréu, bicho do mato. Gosto de ouvir passarinho cantar", diz, brincando. Mas seu afinco é tão grande que tem outros sete livros já prontos.
Ele conta que demorou muito para lançar seus escritos porque "tinha vontade, mas tinha medo". Isso se deve ao respeito à literatura quase como a uma religião, desde que abriu um livro nas primícias de sua infância. Primeiro, a literatura de cordel que sua mãe adorava, depois José de Alencar e Machado de Assis, "o melhor escritor do mundo". Em seguida, o céu era o limite.
Nascido na zona rural de Ubaíra, Fernando Eleodoro se mudou para Nova Canaã em 1957. Matriculado no 3º ano primário, foi logo transferido para o 4⁰ ano porque a professora detectou os dotes extraordinários do menino. Sempre se destacou como o melhor da classe, com notas altas. Adolescente, além de continuar estudando no ginásio, foi convidado também a dar aulas, inclusive para garotos da mesma idade. Formou-se em Direito e em Letras. Com o passar do tempo, lecionou em Vitória da Conquista.
Em Salvador, veio a consagração como professor de disputados cursinhos pré-vestibular entre os anos 1980 e 2010. Foi mestre de várias gerações de estudantes. Quem passou pelo Nobel, Sartre ou Mendel jamais se esquece dessa figura ímpar, que abraçou como missão de vida transmitir conhecimento. "Sou apaixonado por educação! Foram quase 60 anos lecionando, quase morro quando parei. Uma sala de aula é a coisa mais gostosa que existe", declara, com grande emoção e brilho no olhar de um senhor que nunca perdeu o entusiasmo da juventude.
Eleodoro afirma que seu diferencial é ter sido sempre muito objetivo. E, com um ar sapeca, lembra ter feito algumas 'revolucões'. A principal delas: "Eu não reprovava meus alunos, o que eu queria era que eles lessem. Quem lê não precisa de professor", ensina, na autoridade de seu notório saber.
“Os Colares de Vó Docéu”: Uma fuga do caos digital
A obra-prima de Fernando Eleodoro é um convite para escapar do tumulto digital e adentrar um universo com cheiro de mato e personagens inesquecíveis. Nesta trama, personagens como os avôs Zito e Alexandre, juntamente com outros, desempenham papéis cruciais, entrelaçando temas universais como amor, ética e conflitos familiares, em uma tapeçaria narrativa rica e complexa.
A jornada da família no livro culmina na criação da Aldeia dos Loucos, uma comunidade que representa uma visão alternativa de sociedade, fundada nos pilares de amor, verdade e sonhos. Este microcosmo familiar serve como um espelho para reflexões mais amplas sobre educação, saúde e trabalho, desafiando-nos a questionar nossas próprias utopias.
Eleodoro utiliza uma linguagem que transborda arte e liberação, rompendo deliberadamente com a norma padrão para dar voz e energia a cada personagem. Esta abordagem é destacada por uma das frases-chave da obra, “Tudo é uma questão de pura energia!”, ressaltando a essência viva e vibrante da narrativa.
O leitor, certamente, não se chocará com os palavrões escritos, ao longo das mais de 300 páginas, por um senhor octogenário e professor de língua portuguesa. Nenhum palavrão é gratuito ou soa agressivo, porque ele defende que esse vocabulário está na linguagem cotidiana do povo e não tem nada de pornográfico.
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