Fotos: Acervo Pessoal / Chico Mazzoni
O artista plástico, arquiteto e professor Chico Mazzoni apresenta sua mais nova exposição individual, “Excelsos Excessos – Reciclagem do Barroco”, que será aberta ao público no dia 1º de agosto, às 18h, no Museu da Misericórdia da Bahia, em Salvador. A mostra reúne 28 telas em tinta acrílica, relevo e técnicas mistas, e propõe um diálogo sensível e provocador entre o barroco tradicional e a arte contemporânea, celebrando o sagrado, o profano e a herança afro-brasileira com originalidade.
Com mais de quatro décadas dedicadas às artes plásticas, Chico Mazzoni reafirma sua relação profunda com o barroco, estilo que o acompanha desde o início de sua trajetória. Em sua nova exposição, o artista oferece ao público uma experiência que une pintura, releitura e memória. As obras estarão integradas ao acervo original do museu, estabelecendo, segundo ele, “um necessário contraponto entre o barroco legítimo e as minhas interpretações contemporâneas dele, esperando que isso traga ao público revelações inesperadas”.
Mestre em Restauro dos Monumentos pela Universidade de Nápoles, Mazzoni aposta em elementos não convencionais para construir sua linguagem visual. Lâminas aluminizadas recicladas de embalagens e invólucros de medicamentos são incorporadas às obras e se projetam para fora das telas, ampliando o impacto visual e criando uma estética tridimensional que remete diretamente ao excesso ornamental do barroco. “Esses materiais falam também dos excessos contemporâneos e da necessidade de reciclagem não apenas de objetos, mas de ideias”, reflete o artista.
A exposição, que marca sua 21ª individual, é resultado de oito anos de trabalho e de uma epifania criativa vivida em 2017, durante uma visita à Igreja de São Roque, em Lisboa. Foi ali que Chico Mazzoni compreendeu a matriz luso-brasileira do barroco que tanto o inspira. Dessa vivência nasceu o impulso para reinterpretar o estilo com os códigos da arte atual.
Distribuídas em três núcleos temáticos — o Sagrado, o Profano e o Afro-brasileiro — as obras ocupam o espaço do museu em dimensões que variam de 30x30cm a 1x1m. A seção dedicada à cultura afro-brasileira ganha ainda mais força com a participação da artista visual Goya Lopes, que apresenta duas peças inéditas da sua nova série, também ancorada nas matrizes culturais africanas.
“Excelsos Excessos” é, acima de tudo, uma homenagem à riqueza simbólica da tradição barroca, reimaginada sob uma ótica contemporânea, crítica e sensorial. Uma exposição que convida o visitante a revisitar a história com outros olhos — e a reconhecer nela os traços da diversidade, da religiosidade e das identidades que moldam o Brasil de ontem e de hoje.