Gastronomia

Do “Pane di Toni” à ceia brasileira: a história do panetone nas festas de Natal

Do “Pane di Toni” à ceia brasileira: a história do panetone nas festas de Natal
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

15/12/2025 12:37pm

Fotos: Freepik

Presença quase obrigatória nas mesas de Natal, o panetone carrega uma história que vai muito além do sabor adocicado e das frutas cristalizadas. Sua origem remonta à cidade de Milão, na Itália, e mistura fatos históricos, lendas populares e transformações industriais que ajudaram a consolidar o doce como símbolo de celebração, partilha e prosperidade.

Uma das versões mais difundidas sobre o surgimento do panetone data do século XV e envolve a corte do duque Ludovico Sforza. Durante um banquete natalino, o cozinheiro teria queimado a sobremesa principal. Para evitar o constrangimento, um jovem ajudante chamado Toni sugeriu servir um pão preparado com ingredientes simples, como farinha, ovos, manteiga, açúcar e frutas secas. O sucesso foi imediato, e o doce passou a ser conhecido como Pane di Toni, expressão que teria dado origem ao nome panetone.

Há também registros históricos que indicam que, na Milão medieval, era tradição preparar no Natal um pão especial, maior e mais rico em ingredientes do que o consumido no restante do ano, conhecido como pane grande. O alimento simbolizava fartura e era dividido entre os membros da família como um gesto de união e bons desejos para o ano seguinte.

O panetone moderno começou a ganhar forma no início do século XX, quando o padeiro italiano Angelo Motta aperfeiçoou a receita ao introduzir um processo de fermentação mais longo, responsável pela massa alta e macia. Ele também inovou ao embalar o produto em papel, o que permitiu sua comercialização em larga escala e consolidou sua associação definitiva com o período natalino.

Com a imigração italiana, o panetone chegou ao Brasil no fim do século XIX e início do século XX, sendo rapidamente incorporado às tradições locais. Ao longo das décadas, o doce ganhou adaptações ao paladar brasileiro, com versões recheadas de chocolate, creme, doce de leite e frutas variadas, sem perder o caráter simbólico ligado às festas de fim de ano.

Hoje, mais do que um item gastronômico, o panetone representa memória afetiva, celebração e continuidade de uma tradição que atravessou gerações. Entre lendas e história, o pão doce segue marcando o Natal como um convite à partilha e ao encontro à mesa.