Finanças

Queda da Ibovespa nesta quarta-feira (18) preocupa o mercado financeiro

Queda da Ibovespa nesta quarta-feira (18) preocupa o mercado financeiro
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

19/12/2024 12:10pm

O Ibovespa registrou uma queda de 3,15% nesta quarta-feira, encerrando o pregão aos 120.771,88 pontos, no pior desempenho desde novembro de 2022. O índice foi impactado pela combinação de incertezas fiscais no Brasil e a reação negativa do mercado internacional à sinalização do Federal Reserve de que o ritmo de cortes na taxa de juros nos Estados Unidos será mais lento do que o esperado. Durante o dia, o índice chegou à mínima intradiária de 120.457,48 pontos, o menor patamar desde junho, com um volume financeiro expressivo de R$ 83 bilhões, impulsionado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa e contratos futuros.

No cenário doméstico, as preocupações fiscais dominaram o mercado, com investidores atentos à tramitação de medidas no Congresso Nacional. O texto-base do pacote fiscal aprovado na Câmara prevê travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários em caso de déficit primário, além de permitir o uso do superávit de fundos públicos para pagamento de dívidas entre 2025 e 2030. Apesar do avanço na Câmara, incertezas sobre a votação no Senado e possíveis alterações no texto geraram desconfiança. Um exemplo foi a sinalização de líderes partidários para rejeitar o endurecimento de regras no Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Outro fator que contribuiu para o pessimismo foi o fracasso no leilão extraordinário de títulos do Tesouro Nacional, realizado para oferecer suporte ao mercado. Sem vender nenhum título e recomprando apenas 10% do total proposto, o episódio evidenciou a falta de apetite dos investidores, aumentando a tensão sobre a sustentabilidade fiscal do país.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, mas indicou que novas reduções podem ser pausadas a partir de janeiro, frustrando expectativas. Isso levou as bolsas norte-americanas a caírem de forma expressiva, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram.

Setores específicos foram fortemente penalizados. A CVC Brasil ON despencou 17,11%, impactada pela valorização do dólar e altas nas taxas de juros futuros, que prejudicam empresas com endividamento elevado. Magazine Luiza ON caiu 10,04%, enquanto Azul PN recuou 11,58%, pressionada por um corte no preço-alvo de suas ações e preocupações com a reestruturação de sua dívida. Papéis de grandes empresas como Vale ON (-2,32%) e Petrobras PN (-2,58%) também fecharam em baixa. Bancos tiveram um dia negativo, com Bradesco PN (-4,17%) e Santander Brasil Unit (-4,27%) entre os destaques de queda.

O pregão ainda trouxe uma correção significativa para a Automob ON, que afundou 30% após forte valorização nos dois primeiros dias após sua estreia na bolsa. A fusão de empresas controladas pela Simpar gerou volatilidade nos papéis, listados inicialmente a R$ 0,17 e que atingiram R$ 0,91 na máxima da véspera.

Analistas apontam que a perda dos 123 mil pontos no Ibovespa representa um rompimento técnico importante, sinalizando novas quedas, com suporte na região dos 120 mil pontos. O clima de aversão ao risco, tanto no Brasil quanto no exterior, deve continuar pesando sobre os mercados nos próximos dias.