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Juíza Federal Rosangela Martins defende empoderamento feminino sem abrir mão da feminilidade

Magistrada analisa avanços históricos, desafios no Judiciário e destaca a importância do equilíbrio entre forças masculinas e femininas na sociedade

Juíza Federal Rosangela Martins defende empoderamento feminino sem abrir mão da feminilidade
João Costa

João Costa

06/09/2025 6:03pm

Foto: Acervo Pessoal

A Juíza Federal Rosangela Martins, formada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e atualmente em atuação no Rio de Janeiro, traz uma reflexão sobre o lugar da mulher no Judiciário e na sociedade contemporânea. Professora de Processo Civil, a magistrada aponta que o movimento feminino conquistou marcos históricos, mas ainda enfrenta barreiras culturais e estruturais.

“Se olharmos pela janela do tempo e voltarmos 90 anos atrás, veremos que avançamos muito no rompimento de uma cultura machista e patriarcal. O direito ao voto em 1932, o Estatuto da Mulher Casada em 1962 e a Lei do Divórcio em 1977 foram marcos fundamentais”, afirma.

Apesar dos avanços, Rosangela chama atenção para dilemas vividos pelas mulheres ao ingressarem no mercado de trabalho. Muitas, segundo ela, acabam adotando posturas masculinas como estratégia de sobrevivência em ambientes hostis. “Milhares de nós passamos a detestar nosso ciclo menstrual, a relegar nossa intuição, a enfraquecer nossa criatividade e nossa capacidade de acolhimento. É como se a conquista de espaço exigisse negar a própria essência”, reflete.

A magistrada defende que o verdadeiro empoderamento precisa caminhar lado a lado com a valorização do feminino. “Não preciso deixar de ser feminina para não chamar atenção, ou me masculinizar para me igualar aos homens. É tempo de mulheres e homens aprendermos a dançar entre as forças do masculino e do feminino”, destaca.

O desafio se reflete também dentro do Judiciário. Dados do relatório Justiça em Números 2024, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostram que apenas 36,8% da magistratura brasileira é composta por mulheres, contra 59,8% de homens. Além da sub-representação, Rosangela relata situações de preconceito que ainda persistem nos espaços de poder: “Ouvi de um colega, no início da carreira, que mulheres não poderiam ser boas profissionais, mães e esposas ao mesmo tempo. Nunca vi esse questionamento dirigido a homens”.

Inspirada em Ruth Bader Ginsburg, ícone da Suprema Corte dos EUA, Rosangela acredita que o futuro só será mais justo e equilibrado com a parceria real entre homens e mulheres. “Acredito que teremos um futuro melhor se mulheres e homens forem parceiros de verdade, andando juntos e de mãos dadas”, conclui.

A juíza compartilha suas reflexões e experiências em seu perfil no Instagram..