Foto: Acervo Pessoal
O fim de ano costuma ser sinônimo de lojas cheias, alta no consumo e expectativa de faturamento maior. Mas, nos bastidores, a realidade é mais complexa: a mesma sazonalidade que impulsiona as vendas também aumenta as despesas e pressiona o fluxo de caixa, especialmente para micro e pequenas empresas.
Segundo dados do Sebrae, 79% das PMEs brasileiras enfrentam problemas de fluxo de caixa ao longo do ano, e o período entre novembro e janeiro é considerado o mais crítico devido ao acúmulo de custos operacionais, pagamento de 13º salário, estoques maiores e aumento de inadimplência. Já um estudo da CNC aponta que as vendas do varejo crescem até 5% no Natal, mas a liquidez imediata não acompanha o ritmo, já que boa parte do consumo é parcelado.
Diante desse cenário, o CEO da Shield Bank, Robson Gimenes, explica que o segredo não está apenas em vender mais, mas em converter vendas em previsibilidade financeira.
Para ele, o maior equívoco de uma PME é acreditar que a alta nas vendas automaticamente significa um fechamento de ano positivo. “No Brasil, o consumidor parcela tudo. O empresário vende em dezembro, mas recebe em fevereiro, março, e até lá precisa honrar folha, fornecedores, impostos e operação. É aí que muitos quebram. Vender muito não significa ter caixa”, destaca o CEO.
Robson ainda reforça que o verdadeiro diferencial competitivo está na capacidade de antecipar receitas e organizar despesas para transformar o movimento de fim de ano em vantagem estratégica.
Liquidez como vantagem competitiva
Gimenes explica que a sazonalidade pode ser uma aliada quando o empreendedor entende como usar a liquidez para fortalecer a empresa.
“Quando a PME tem liquidez imediata, ela planeja melhor, compra melhor e se protege dos imprevistos que surgem no fim do ano. É a liquidez que garante previsibilidade e mantém o negócio no azul”, afirma.
Segundo ele, antecipar recebíveis, uma prática crescente no segmento financeiro, corrige distorções do parcelamento e cria margem de segurança.
Hoje, dados do Banco Central mostram que mais de 40% do varejo depende da antecipação de recebíveis para fechar o ano com saldo positivo, número que segue em crescimento com o avanço da digitalização das PMEs.
Controle de entradas e saídas evita desequilíbrios
Outro ponto central citado pelo CEO da Shield Bank é o domínio sobre o fluxo de caixa. Robson explica que PMEs que monitoram diariamente entradas e saídas tomam decisões mais assertivas.
“Quando o empreendedor sabe exatamente o comportamento do caixa, ele reduz surpresas. A previsibilidade permite negociar prazos, planejar compras e evitar gastos desnecessários. É gestão de caixa que separa quem fecha o ano no positivo de quem entra 2026 endividado.”
Estudos corroboram essa visão. Segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral, empresas com gestão financeira estruturada têm 3 vezes mais chances de crescer de forma sustentável.
Fim de ano traz oportunidades e não só desafios
Embora muitos empresários vejam este período como turbulento, o empresário reforça que o movimento deve ser encarado com outro olhar: oportunidade.
“A sazonalidade é previsível. Isso significa que pode e deve ser planejada. Quando a PME se antecipa, ela transforma o aumento de demandas em crescimento, não em pressão.” Entre os principais imprevistos que surgem nesta época, ele cita:
- Aumento das despesas operacionais;
- Maior demanda por reposição de estoque;
- Alta na inadimplência pós-Natal;
- Custos trabalhistas acumulados.
Todos eles, segundo o CEO, tornam urgente a necessidade de ferramentas que ampliem liquidez e reforcem a estrutura de caixa.
Como se preparar para entrar 2026 “no azul”
Gimenes lista algumas práticas que se tornaram essenciais para as PMEs:
1. Antecipação estratégica de recebíveis: Garante liquidez imediata e corrige distorções do parcelamento.
2. Planejamento de despesas por categoria: Organizar obrigações evita desequilíbrios durante o pico do movimento.
3. Monitoramento diário do caixa: Permite reações rápidas e decisões mais eficientes.
4. Renegociação de prazos e compras: Com mais liquidez, a PME negocia melhor e protege sua margem.
5. Previsibilidade financeira como prioridade: Sem previsibilidade, o crescimento se torna instável.
Robson Gimenes conclui que 2026 deve ser um ano de estabilização para muitas PMEs, mas reforça que tudo depende de como o empresário enxerga o período de maior movimento do varejo.
“Fechar o ano no azul é ter clareza. É saber usar o movimento a seu favor. Quando o empreendedor tem estrutura, previsibilidade e parceiros que fortalecem seu caixa, ele começa o ano mais preparado, competitivo e seguro.”