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A revolução da conveniência: como o self-service redefine o varejo no Brasil

A revolução da conveniência: como o self-service redefine o varejo no Brasil
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

26/08/2025 12:30pm

Foto: Rute Arcari

O varejo mundial passa por uma transformação sem precedentes, impulsionada pela automação e pelo novo perfil do consumidor, que busca experiências de compra rápidas, autônomas e personalizadas. Segundo projeções da consultoria Fortune Business Insights, o mercado global de automação no varejo deve ultrapassar US$ 64 bilhões até 2030, com taxa média de crescimento anual de 12,9%. A tendência é sustentada pelo avanço de tecnologias como inteligência artificial, sensores e visão computacional, que já permitem o funcionamento de pontos de venda 24 horas por dia, sem atendentes e com gestão totalmente digital.

No Brasil, diferentes modelos têm se consolidado nesse movimento, mostrando que a conveniência pode ser também um negócio altamente escalável. Para Lucien Newton, vice-presidente de Consultoria do Ecossistema 300 Franchising, trata-se de uma mudança estrutural no consumo. “Quando colocamos o cliente no centro e lhe damos autonomia, não estamos apenas simplificando processos, mas redefinindo a experiência. O self-service não é modismo, é resposta ao ritmo acelerado da vida moderna e ao consumidor cada vez mais independente”, afirma.

Entre os protagonistas desse mercado está o market4u, maior rede de mercados autônomos da América Latina, com mais de 2.200 unidades em 155 cidades. Voltado para condomínios residenciais e comerciais, o modelo combina conveniência para o consumidor e eficiência para o operador. A gestão é feita a distância, com sistemas que monitoram estoques em tempo real, ajustam o mix de produtos conforme o perfil local e otimizam rotas de abastecimento. Além disso, a empresa transformou suas lojas em canais de mídia com o market4u Ads, capaz de exibir campanhas segmentadas por geolocalização e perfil de consumo, em sintonia com a tendência global do retail media.

Outro exemplo de inovação é a Airlocker, primeira franquia brasileira de armários inteligentes totalmente autogerenciáveis. Voltada principalmente para a logística de entregas, a rede já conta com 130 franquias e pretende chegar a 220 unidades até o fim do ano, com faturamento estimado de R$ 8 milhões. O serviço resolve uma das principais dores do comércio eletrônico: a insegurança de não estar em casa no momento da entrega. Com preços a partir de R$ 2 por dia, os consumidores podem escolher armários em locais estratégicos, acessar o compartimento via aplicativo ou WhatsApp e retirar os produtos de forma segura, a qualquer hora.

No segmento de serviços, a Lavô se consolidou como referência em lavanderias self-service. A rede opera 24 horas por dia sem equipe fixa, com pagamento direto nas máquinas e manutenção mínima, o que garante baixo custo operacional e alta escalabilidade. Presente em todo o país, já soma mais de mil unidades comercializadas, sendo 180 operadas por multifranqueados. Com uma nova loja inaugurada a cada 30 horas, a Lavô faturou R$ 20 milhões em 2024 e projeta crescimento de 20% em 2025.

De supermercados de condomínio a lavanderias e armários inteligentes, o self-service no Brasil prova ser mais do que uma tendência: é um modelo de negócio que une conveniência, eficiência e escalabilidade, antecipando o futuro do varejo.